Coronavac oferece alta proteção contra casos graves da delta
18 de agosto de 2021
Estudo chinês com quase 11 mil pessoas apontou que vacinas de vírus inativado protegem contra casos graves de covid-19 e mortes após infecção com a variante delta. Efetividade contra pneumonia foi de até 77,7%.
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Quatro vacinas de vírus inativado – entre elas a Coronavac – tiveram comprovada sua efetividade (eficácia no mundo real) contra casos graves de covid-19 causados pela variante delta, segundo um estudo preliminar conduzida pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da China e pela Escola de Saúde Pública da província de chinesa de Guangdong.
O estudo foi enviado para publicação na revista científica The Lancet e divulgado na página oficial de artigos científicos que ainda não passaram por revisão de outros cientistas (pré-prints).
Além da Coronavac, foram avaliadas também duas vacinas contra a covid-19 da estatal chinesa Sinopharm e uma da empresa Biokangtai.
As vacinas de vírus inativado apresentaram proteção de 69,5% a 77,7% contra pneumonia causada pela covid-19 oriunda da variante delta, e de 100% contra o desenvolvimento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e mortes.
Vacinas de vírus inativado são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Esses fragmentos de vírus são incapazes de adoecer um corpo humano, mas são suficientes para gerar uma reação do sistema imunológico e desenvolver no organismo uma memória de como se defender contra a doença.
Para o estudo de efetividade, os pesquisadores avaliaram entre maio e junho deste ano os dados de 10.813 pessoas residentes na região de Guangdong – trata-se de pessoas que testaram positivo ou de contatos próximos de pessoas infectadas pelo coronavírus. Entre os avaliados, cerca de 1.700 pacientes tinham recebido as duas doses das vacinas, pouco mais de 5 mil não tinham sido vacinados, e cerca de 4 mil haviam recebido apenas a primeira dose.
Os pesquisadores registraram 102 casos de pneumonia decorrentes da covid-19, dos quais 85 casos foram em pessoas não vacinadas, 12 em pessoas que tomaram ao menos uma das doses da vacina e apenas cinco casos em pessoas com a imunização completa. Em relação a quadros graves de covid-19, os pesquisadores registraram 19 casos – todos no grupo das pessoas não vacinadas.
No entanto, os pesquisadores destacaram que as amostras ainda são pequenas e que mais estudos precisam ser feitos para determinar a efetividade real das vacinas de vírus inativado contra a variante delta.
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Outro estudo aponta efeito adverso
Um outro estudo, também publicado na revista científica The Lancet, apontou para um risco maior de paralisia de Bell após a primeira dose da Coronavac. Paralisia de Bell é uma paralisia do nervo facial que resulta na inabilidade de controlar os músculos faciais do lado afetado.
O estudo conduzido em mais de 451 mil indivíduos em Hong Kong compilou 28 casos clinicamente confirmados de paralisia de Bell após aplicação da Coronavac, em comparação com 16 casos após uso da vacina da Pfizer-BioNTech. O estudo avaliou o risco de efeitos colaterais no prazo de 42 dias após a inoculação. A farmacêutica Sinovac não comentou esse estudo.
pv/ek (Reuters, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
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A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine