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Liberdade de imprensaBelarus

Correspondente da DW em Belarus é libertado

16 de agosto de 2020

Alexander Burakov foi preso há dez dias, pouco antes da contestada eleição presidencial. Ele diz que prisão foi uma farsa e fez parte dos esforços do governo para impedir que jornalistas independentes cobrissem o pleito.

Alexander Burakov, correspondente da DW em Belarus
Burakov escreve como jornalista freelancer para a redação russa da DWFoto: Privat

O jornalista Alexander Burakov, correspondente da DW em Belarus, foi libertado da prisão na noite deste sábado (15/08), depois de dez dias detido no país europeu. Em breve conversa com a DW após sua libertação, ele afirmou que passava bem.

Preso desde 5 de agosto – portanto antes das eleições presidenciais bielorrussas do domingo passado, 9 de agosto –, Burakov contou que não tinha ideia do turbilhão pelo qual passa o país, já que ele não tinha acesso a nenhuma informação no cárcere. Belarus é cenário de uma onda de intensos protestos antigoverno que contestam o resultado do pleito.

"O rádio na minha cela estava desligado, então eu estava em um vácuo total de informações. Acabei de saber que pessoas morreram durante os protestos. Estou chocado", afirmou ele.

Enquanto manifestantes detidos relatam cenas de brutalidade e violência nas prisões bielorrussas, o jornalista disse não ter nenhuma reclamação sobre o tratamento que recebeu dos policiais no cárcere. Por outro lado, afirma que sua prisão foi "uma farsa", parte dos esforços das autoridades para impedir que jornalistas independentes cobrissem as eleições presidenciais.

A onda de manifestações eclodiu no país europeu após o pleito de 9 de agosto, que oficialmente garantiu um sexto mandato consecutivo para o autoritário presidente Alexander Lukashenko, há 26 anos no poder. O resultado – divulgado pela comissão eleitoral do país, controlada por seu governo – é contestado pela oposição, que alega que a eleição foi fraudada.

Apesar de uma dura repressão policial, que já deixou vários feridos, ao menos dois mortos e quase 7 mil detidos, as manifestações têm crescido e se tornaram o maior movimento antigoverno desde que Lukashenko assumiu o poder, em 1994.

A prisão de Burakov

Burakov, que há anos escreve direto do país como jornalista freelancer para a redação russa da DW, foi detido pela polícia em 5 de agosto em sua cidade natal, Mahilou, a cerca de 200 quilômetros da capital bielorrussa, Minsk.

O jornalista foi primeiro acusado de "transportar álcool falsificado" em seu veículo, segundo ele afirmou à DW. Depois de as autoridades não encontrarem nada ilegal no carro, ele foi acusado de dirigir um veículo roubado, apesar de o automóvel estar no nome dele desde 2013. Os policiais alegaram que o número de identificação do veículo era falso e, como resultado, ele foi levado à delegacia de polícia local.

Burakov foi liberado poucas horas depois, mas, logo em seguida, ainda em frente à delegacia, foi novamente detido. O jornalista contou que uma mulher desconhecida o abordou na saída da delegacia. "Eu nem mesmo vi o rosto dela e não sabia o que estava acontecendo", disse, acrescentando que os policiais apareceram e o levaram de volta à delegacia. Segundo Burakov, a mulher disse mais tarde à polícia que o jornalista a amaldiçoou e a empurrou.

Em 7 de agosto, um tribunal de Belarus condenou Burakov a dez dias de prisão sob a acusação de vandalismo de baixa gravidade. Ele negou as acusações.

O diretor-geral da DW, Peter Limbourg, protestou com veemência contra "essa medida evidentemente arbitrária" em correspondência enviada à embaixada de Belarus em Berlim. "Ela desrespeita abertamente a liberdade de imprensa garantida internacionalmente."

Limbourg disse ainda que "os motivos alegados para a detenção bem como para a condenação podem apenas ser interpretados como evidente pretexto para impedir o jornalismo crítico e independente a poucos dias da eleição presidencial". Ele também exigiu que o governo bielorrusso investigue imediatamente o ocorrido.

No início deste ano, em 8 de maio, Burakov foi preso por participar de uma manifestação não autorizada. O jornalista, por sua vez, disse que não participou do protesto e estava lá apenas como jornalista e ativista dos direitos humanos.

Repressão a jornalistas independentes

Burakov é apenas um dos vários jornalistas visados pela autoridades bielorrussas nas últimas semanas. Dezenas de jornalistas locais e estrangeiros foram presos durante os protestos em massa que eclodiram após as eleições. Segundo a Associação de Jornalistas de Belarus, cerca de 70 profissionais foram detidos durante as manifestações antigoverno.

Há relatos de que muito jornalistas bielorrussos deixaram seus empregos nos meios de comunicação estatais nos últimos dias, com muitos condenando nas redes sociais a violência policial contra manifestantes.

A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) denunciou repetidamente que a imprensa está sendo silenciada no país europeu, e se disse "altamente alarmada com as numerosas prisões de jornalistas em Belarus depois da eleição presidencial".

Segundo comunicado divulgado pela ONG na última sexta-feira, profissionais de comunicação têm sido arbitrariamente detidos, espancados e presos por longos períodos.

"Tal ataque à imprensa livre, particularmente em um país europeu, é absolutamente inaceitável", afirmou Michael Rediske, porta-voz do conselho da RSF. "Se os ataques não cessarem imediatamente, a União Europeia deve pensar em novas medidas e, por exemplo, impor sanções contra os responsáveis políticos em Belarus."

Na mesma sexta-feira, a União Europeia deu luz verde à imposição de sanções contra autoridades bielorrussas responsáveis pela violência nos protestos. O bloco condenou a repressão policial contra manifestantes, que descreveu como "desproporcional e inaceitável", e afirmou que a eleição do domingo passado não foi "livre nem justa".

A Belarus de Lukashenko, conhecido como o "último ditador da Europa", ocupa a 153ª posição no ranking de liberdade de imprensa da Repórteres sem Fronteiras.

EK/dw

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