Dois jornalistas alemães saem da Turquia depois que suas credenciais de imprensa não foram renovadas. Um deles já vivia há mais de 20 anos no país. Berlim condena decisão como inaceitável.
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Os correspondentes alemães Thomas Seibert e Jörg Brase deixaram neste domingo (10/03) a Turquia depois que as autoridades do país lhes negaram as credenciais de imprensa para 2019.
Seibert vivia há mais de 20 anos em Istambul como correspondente do jornal Tagesspiegel de Berlim, enquanto Brase trabalhava desde janeiro de 2018 para a emissora pública alemã ZDF.
Ambos receberam há poucos dias uma confirmação verbal das autoridades turcas de que suas credenciais, indispensáveis para trabalhar como correspondentes estrangeiros na Turquia, não seriam renovadas neste ano, embora não tenham indicado um motivo.
"Não nos foi dada nenhuma razão pela qual meu pedido de extensão de minhas credenciais de imprensa tenha sido negado", disse Brase à DW. "A Turquia também tem uma lei de imprensa que eu não violei – pelo que eu saiba."
Siebert disse que a decisão de forçá-los a sair do país pode nem ter sido devido a algo que eles tenham escrito.
"Eu não acho que é sobre qualquer coisa que eu tenha escrito", disse Siebert à DW. "Eu acho que é um recado para a imprensa ocidental. Eles precisam de um bode expiatório ou dois ou três, e eu fui um dos que não tiveram sorte."
Em encontro com a imprensa em Istambul, horas antes de se dirigir ao aeroporto, ambos denunciaram a decisão como "infundada e incompreensível" e disseram que esta faz parte da pressão geral que o governo turco exerce contra os veículos de imprensa.
(O governo turco) "Já conseguiu silenciar em grande parte a imprensa nacional e está tentando agora com a internacional. Não deveríamos permitir isso", disse Brase.
Já Seibert destacou que as autoridades turcas entraram em contato com Tagesspiegel e com ZDF para sugerir que enviassem outros correspondentes, algo que ambos os veículos de imprensa rejeitaram.
"Seguiremos informando sobre a Turquia, embora seja desde o estrangeiro", anteciparam tanto Seibert quanto Brase.
A maior parte dos pelo menos 200 correspondentes estrangeiros credenciados na Turquia recebeu no início de janeiro a credencial anual, como é habitual, mas há várias dezenas de jornalistas, talvez meia centena, que ainda estão aguardando.
Após revelar estas demoras, no final de fevereiro vários jornalistas receberam mensagens do governo com a confirmação de que a credencial tinha sido aprovada e só restaria esperar o envio do documento correspondente.
Seibert e Brase, por outro lado, receberam uma comunicação oficial de rejeição à solicitação.
"Esta decisão prejudica a Turquia mais do que prejudica a ZDF ou a mim pessoalmente", lamentou Brase em sua despedida.
O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse no sábado que é "inaceitável" que os correspondentes alemães não possam fazer "seu trabalho livremente" na Turquia.
Em declarações ao jornal Tagespiegel, o ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, criticou na sexta-feira a recusa das autoridades turcas a emitir credenciais de imprensa aos correspondentes.
"Se os jornalistas encontram obstáculos para exercer seu trabalho, isso não corresponde ao nosso conceito de liberdade de imprensa", disse Maas, acrescentando que falou sobre isso com seu colega turco, Mevlüt Cavusoglu.
CA/efe/afp/dw
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No país em que Gutemberg aperfeiçoou a imprensa, os jornais têm forte tradição. O mercado alemão de jornais é o maior da Europa e o quinto maior do mundo, segundo a Federação Alemã das Editoras de Jornais.
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Bild Zeitung
O jornal de maior circulação na Alemanha é o popular Bild, da editora Axel Springer, editado desde 24 de junho de 1952. Segundo a agência alemã que avalia a circulação de mídia IVW, são vendidos em média 597 mil exemplares por mês, incluindo a versão e-paper.
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Süddeutsche Zeitung
Entre os jornais de circulação nacional mais influentes do país está o diário Süddeutsche Zeitung, de Munique. O Süddeutsche Zeitung é impresso pela editora Süddeutscher Verlag e é publicado de segunda a sábado. São vendidos, em média, 116,7 mil exemplares por mês, incluindo a versão e-paper. Ele foi publicado pela primeira vez em 6 de outubro de 1945.
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Frankfurter Allgemeine Zeitung
O Frankfurter Allgemeine Zeitung é um dos jornais alemães de circulação nacional mais respeitados no exterior. Ele é impresso em Frankfurt e existe desde 1º de novembro de 1949. Segundo o IVW, que apura a circulação de jornais e revistas na Alemanha, são vendidos no país, em média, 81,6 mil exemplares por mês. Além disso, ele é distribuído em outras 120 nações.
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Die Welt
O jornal Die Welt foi criado em Hamburgo em 2 de abril de 1946 pelas potências vencedoras da 2ª Guerra. Em 1953 foi comprado pela editora Axel Springer, passando a ser editado em Berlim. Segundo o IVW, de segunda a sábado, são vendidos em média 56,8 mil exemplares por mês do formato convencional e da versão tabloide Welt Kompakt. O jornal também é distribuído em outros 130 países.
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Handelsblatt
O diário Handelsblatt é o maior jornal sobre economia e finanças em língua alemã, com 40,5 mil exemplares vendidos ao mês em 2017. Publicado desde 1946, o jornal é impresso em Düsseldorf pelo grupo editorial Handelsblatt.
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Die Tageszeitung
O jornal Tageszeitung, ou apenas taz, foi criado em 1978 em Berlim Ocidental como um projeto de jornal alternativo, autogestionado e ligado ao espectro político de esquerda. Sua editora é a TAZ Verlag. Segundo o IVW, são vendidos cerca de 17 mil exemplares por mês, incluindo a versão e-paper.
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Neues Deutschland
Este diário impresso em Berlim se considera um "jornal socialista" e tem como público-alvo ao leste da Alemanha. De 1946 a 1989, pertenceu ao partido único da Alemanha de regime comunista. De 1989 a 2007, foi do Partido do Socialismo Democrático. É impresso pela editora Neues Deutschland e mantem laços políticos e financeiros com o partido A Esquerda. Vende, em média, 8,5 mil exemplares ao mês.
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Jornais regionais
O principal jornal de circulação regional é o Westdeutsche Allgemeine Zeitung (WAZ), com 28 edições locais em cidades da região do Ruhr. Ele foi fundado em 3 de abril de 1948 e é publicado em Essen pela editora Funke Medien NRW. Outros importantes jornais de circulação regional são Stuttgarter Zeitung, Münchner Merkur, Hamburger Abendblatt e Kölner Stadtanzeiger.
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Die Zeit
O semanário Die Zeit é publicado às quintas-feiras, com uma tiragem de 506 mil exemplares em 2016. Ele surgiu em 21 de fevereiro de 1946 e pertence ao Grupo Editorial Holtzbrinck, de Hamburgo.
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Dominicais
As edições dominicais de jornais de circulação nacional têm forte tradição na Alemanha. Para diferenciá-los das edições de segunda a sexta, eles levam a palavra "Sonntag" (domingo) no nome, como Bild am Sonntag, Welt am Sonntag e Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung.
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As principais revistas
A principal revista alemã é Der Spiegel, que surgiu em 04/01/1947, é da editora Rudolf Augstein, de Hamburgo, e tem uma média mensal de vendas de 256 mil exemplares. A Stern (1º/08/1948), da Gruner+Jahr, de Hamburgo, tem 196 mil exemplares vendidos ao mês. A redação da Focus fica em Berlim, embora sua editora, a Hubert Burda, seja de Munique. Lançada em 18/01/1993, vende 140 mil revistas ao mês.
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As principais editoras
Berlim é a sede da Axel Springer, a maior editora de jornais da Alemanha e um dos maiores conglomerados de mídia da Europa, com atuação em vários países. A empresa foi fundada em 1946 pelo jornalista Axel Springer. Seu principal título é o diário popular Bild. A maior editora alemã de revistas é o Grupo Bauer Media, de Hamburgo.