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ConflitosIsrael

Haia: Alemanha não precisa suspender ajuda militar a Israel

30 de abril de 2024

Principal tribunal da ONU rejeita pedido da Nicarágua para que Alemanha interrompa exportações de armas para Israel. Caso, porém, continua sendo analisado.

Juízes da Corte Internacional de Justiça, em Haia, com o presidente Nawaf Salam ao centro
Juízes da CIJ não viram motivos para medidas cautelares e caso prossegueFoto: Peter Dejong/AP/picture alliance

A Corte Internacional de Justiça (CIJ), o principal tribunal da ONU, rejeitou nesta terça-feira (30/04) um recurso da Nicarágua para que a Alemanha interrompesse as exportações de armas para Israel sob o argumento de que o país europeu estaria violando a convenção sobre genocídio de 1948.

A Corte Internacional de Justiça argumentou que as circunstâncias apresentadas pela Nicarágua não justificam a imposição de medidas cautelares e decidiu contra o pedido numa votação de 15 votos a 1.

No entanto, a corte de 16 juízes também rejeitou o pedido da Alemanha para descartar o caso por completo. O tribunal ainda ouvirá argumentos de ambos os lados sobre os méritos da questão. Isso provavelmente levará meses ou até anos.

Acusação de "cumplicidade em genocídio"

O presidente da corte, Nawaf Salam, disse que o órgão "continua profundamente preocupado com as condições de vida catastróficas dos palestinos na Faixa de Gaza, em particular em vista da privação prolongada e generalizada de alimentos e outras necessidades básicas a que foram submetidos".

Ele acrescentou que o tribunal "considera particularmente importante lembrar a todos os Estados de suas obrigações internacionais relacionadas à transferência de armas para as partes de um conflito armado, a fim de evitar o risco de que essas armas possam ser usadas" para violar o direito internacional.

A Nicarágua acusou a Alemanha de "cumplicidade em genocídio" na Faixa de Gaza perante o mais alto tribunal da ONU, argumentando com as vendas de armas da Alemanha para Israel e a suspensão temporária dos pagamentos alemães à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).

Os advogados da Nicarágua invocaram a Convenção da Nações Unidas sobre Genocídio, de 1948, segundo a qual os Estados signatários se comprometem a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para evitar um genocídio.

Perante o tribunal, a advogada da Alemanha rejeitou firmemente as acusações da Nicarágua, afirmando que elas não têm base em fatos ou na lei. Segundo ela, antes de exportar armas, a Alemanha faz um " escrutínio rigoroso, que excede em muito os requisitos do direito internacional".

Armamentos gerais

A Nicarágua argumentou que a Alemanha havia autorizado o fornecimento de armas a Israel no valor de 326,5 milhões de euros em 2023, dez vezes mais do que no ano anterior. No entanto, de acordo com os juízes, a Alemanha explicou de forma plausível que 98% desse valor se refere a armamentos gerais, como capacetes ou coletes de proteção, e não a armas de guerra.

A Alemanha também argumentou nas audiências do caso que praticamente não exportou armas para Israel desde o início da ofensiva em Gaza, iniciada após o ataque terrorista do grupo Hamas em 7 de outubro.

O tribunal também rejeitou a acusação de que a Alemanha havia suspendido a ajuda à UNRWA na Faixa de Gaza, violando assim o direito humanitário.

A Alemanha suspendeu seus pagamentos em janeiro porque funcionários da UNRWA foram acusados de estarem envolvidos no ataque terrrorista do Hamas a Israel, em 7 de outubro. Entretanto, após a publicação de um relatório investigativo sobre a organização de ajuda da ONU, o governo alemão anunciou a retomada dos pagamentos na semana passada.

O Ministério do Exterior em Berlim saudou a decisão do tribunal. "A Alemanha não é parte no conflito no Oriente Médio – pelo contrário: estamos trabalhando dia e noite em favor de uma solução de dois Estados", afirmou o ministério, acrescentando que a Alemanha é a "maior doadora de ajuda humanitária para os palestinos" e está trabalhando de forma "imprescindível" para garantir que a ajuda chegue à população da Faixa de Gaza.

O caso da Nicarágua não é a única tentativa legal de um país com laços históricos com os palestinos de impedir a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza. No final do ano passado, a África do Sul acusou Israel de genocídio no mesmo tribunal.

A Nicarágua é considerada uma aliada do Irã, o arqui-inimigo de Israel no Oriente Médio.

as (AP, DPA, AFP, Reuters, Lusa)

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