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Corte permite divulgação de dados financeiros de Trump

23 de maio de 2019

Presidente dos EUA sofre novo revés nos tribunais, e Deutsche Bank sinaliza que deve cumprir as intimações parlamentares.

Presidente dos EUA, Donald Trump
Trump afirma que os democratas usam as intimações para "tropeçar em algo" que possa ser usado como arma políticaFoto: Reuters/L. Millis

O presidente dos EUA, Donald Trump, deve perder a batalha legal para impedir o Congresso americano de expor seus registros financeiros. Em resposta, Trump ameaçou não trabalhar com a Câmara dos Representantes caso não parassem de investigar ele ou suas finanças.

O juiz distrital de Nova York Edgardo Ramos determinou na quarta-feira (22/05) que será "altamente improvável" que Trump, sua família e sua empresa tenham sucesso na ação judicial em que alegam que as intimações de parlamentares democratas são inconstitucionais. Ramos afirmou que os pedidos têm "um propósito legislativo legítimo".

A medida pode significar que os bancos Deutsche Bank e Capital One, onde Trump pegou dezenas de milhões de dólares emprestado, sejam forçados a divulgar seus documentos sobre o presidente.

Uma divulgação formulada em 2017 revelou que Trump tinha ao menos 130 milhões de dólares de passivos apenas com o Deutsche Bank. A nova intimação busca mais registros de contas, transações e investimentos ligados a Trump, sua família próxima e seus vários negócios.

O diário americano New York Times relatou que Trump devia ao Deutsche Bank cerca de 300 milhões de dólares quando foi empossado no início de 2017. Ainda de acordo com o New York Times, Trump emprestou do Deutsche Bank mais de 2 bilhões de dólares ao longo de quase duas décadas. 

O Deutsche Bank informou que pretende cumprir as intimações.

Os advogados dos comitês de Inteligência e Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes disseram que precisam de acesso a documentos dos bancos para investigar "possíveis influências estrangeiras no processo político dos EUA" e possível lavagem de dinheiro no exterior.

Em resposta, o advogado de Trump, Patrick Strawbridge, disse ao juiz distrital ser "provavelmente uma aposta segura" da qual o presidente apelará. Uma queixa apresentada em abril pelos advogados de Trump argumentava que as intimações eram "excessivas" e que os democratas as usavam apenas para "tropeçar em algo" que poderia ser usado como arma política.

Trump perdeu um caso semelhante num tribunal federal em Washington esta semana, quando um juiz determinou que o presidente não pode bloquear uma intimação do Congresso por informações de seu contador Mazars LLP. Trump classificou a decisão como "totalmente errada" e destacou que o juiz fora nomeado por seu antecessor democrata Barack Obama e, portanto, seria tendencioso.

Antes da audiência desta quarta-feira, advogados de dois comitês parlamentares escreveram em uma submissão que as tentativas de Trump de bloquear intimações eram "categoricamente inconsistentes com quase um século de precedentes na Suprema Corte".

Legisladores democratas saudaram a decisão judicial. "Acho que o presidente seria sensato se chegasse à conclusão de que nossas áreas legítimas de investigação serão apoiadas pelos tribunais", disse o deputado democrata Dan Kildee.

As relações de Trump com o Legislativo ficaram ainda piores depois que ele interrompeu uma reunião bipartidária sobre planos de melhorar a infraestrutura nos EUA, realizada na Casa Branca na quarta-feira. Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, tinha irritado o presidente ao dizer que ele estava "envolvido em um encobrimento".

Em uma coletiva de imprensa organizada às pressas, Trump afirmou ser "provavelmente o presidente mais transparente na história deste país", antes de acrescentar que não poderia realizar discussões sobre infraestrutura "nessas circunstâncias".

Depois da reunião bipartidária, a democrata Pelosi enviou uma carta aos colegas na qual afirmou que Trump demonstrou "um destempero birrento para todos nós vermos" devido às investigações.

PV/afp/rtr/dpa/ap

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