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Cortes no orçamento desafiam novo governo alemão

(gh)30 de outubro de 2005

Redução de 35 bilhões de euros em gastos públicos vira prova de fogo para partidos que querem compor futuro governo da Alemanha. Cortes na área social e aumento de impostos são cada vez mais prováveis.

Steinbrück diz que situação das contas públicas é dramáticaFoto: dpa

"A situação do orçamento federal é altamente problemática, pode-se até dizer dramática." A avaliação é do ex-governador da Renânia do Norte-Vestfália, Peer Steinbrück (SPD), designado para assumir o Ministério das Finanças num governo de grande coalizão em Berlim. Em entrevista à revista Focus, ele disse que medidas impopulares serão inevitáveis para sanear as contas públicas.

Uma estratégia para equilibrar as finanças e reativar a economia alemã será discutida nesta segunda-feira (31/10), em reunião de cúpula das lideranças dos partidos que devem compor o novo governo alemão (CDU/CSU e SPD).

Merkel e Müntefering: medidas impopularesFoto: dpa

Na semana passada, a provável sucessora de Gerhard Schröder na Chancelaria Federal, Angela Merkel (CDU), anunciou que o governo alemão precisa economizar 35 bilhões de euros nos próximos 14 meses.

"Estado falido"

Com a redução de 15% das despesas federais, a coalizão em formação quer fazer com que a Alemanha cumpra o Pacto de Estabilidade do euro, que permite um déficit público de, no máximo, 3% do PIB. O país tem ultrapassado esse limite nos últimos anos.

O governador da Saxônia, Georg Milbradt (CDU), calcula que, a médio prazo, será necessário economizar 50 bilhões de euros do orçamento, incluindo cortes na área social. "O Estado está falido", afirmou.

"Os cortes que vêm aí são de fazer arrepiar o país", advertiu o governador de Hessen, Roland Koch (CDU), encarregado de Merkel para negociar o pacote econômico com Steinbrück. Atualmente, um batalhão de 190 "negociadores" dos três partidos, divididos em 19 grupos de trabalho, elabora o programa de governo da grande coalizão.

Divergências

Há consenso absoluto quanto à necessidade de tapar o furo de caixa, mas os partidos ainda divergem quanto ao melhor meio para fazê-lo. Para o próximo ano, o SPD aposta em receitas adicionais de cerca 15 bilhões de euros, principalmente através de privatizações.

Enquanto isso, Rolando Koch calcula que a redução de subsídios poderia representar uma economia de até dois bilhões de euros por ano. Steinbrück disse não acreditar que o corte de subsídios e benefícios fiscais seja suficiente para economizar os 35 bilhões de euros.

Ele não descartou a hipótese de um aumento de impostos, conforme a CDU havia proposto na campanha eleitoral. Segundo informações divulgadas pelo jornal Bild, está em discussão um aumento gradativo do imposto sobre valor agregado de 16% para 18%, numa primeira etapa, e depois para 20%.

O presidente do SPD, Franz Müntefering, designado para ser vice-chanceler e ministro do Trabalho, disse ao jornal Bild am Sonntag que "todo aumento de imposto põe em risco a recuperação da economia. No dia 11 de novembro, ao final das negociações sobre a grande coalizão, veremos se é possível evitar um aumento de impostos". Ele também rejeitou categoricamente um corte nas aposentadorias.

"Economizar, reformar e investir"

Stoiber acha que o modelo bávaro serve para a AlemanhaFoto: AP

Segundo informações da revista Der Spiegel, o presidente da CSU e futuro ministro da Economia e Novas Tecnologias, Edmund Stoiber, defende uma alternativa para equilibrar as finanças sem cortes radicais.

O governador da Baviera disse que "a Alemanha encontra-se diante do maior saneamento financeiro de sua história". Ele sugere à futura equipe de governo o modelo que vem adotando em seu Estado, com base no tripé "economizar, reformar e investir". A receita de Stoiber inclui um programa de fomento a jovens empresários, combate à burocracia, melhores condições de investimentos na indústria e redução da carga tributária das empresas.

O presidente da Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB), Michael Sommer, advertiu a CDU/CSU e o SPD contra medidas precipitadas na política tributária. "Os partidos deveriam se preocupar, primeiro, em reativar a economia, e não apelar logo para o aumento de impostos. Na atual situação da economia alemã, isso é extremamente contraproducente", disse à rádio Deutschlandfunk.

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