Covid-19: Alemanha adota cautela no alívio de restrições
6 de fevereiro de 2022
Ministro da Saúde diz que estratégia vem funcionando, e que relaxamento das medidas poderia pôr tudo a perder. População está dividida, segundo pesquisa. Países nórdicos removem limites impostos na pandemia.
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O ministro da Saúde da Alemanha, Karl Lauterbach, alertou neste domingo (06/02) contra o alívio premeditado das restrições contra a covid-19, enquanto outras nações da União Europeia (UE) já antecipam o fim dos limites impostos na pandemia.
"Nossa estratégia tem funcionado bem até agora. Mas, se relaxarmos cedo demais, arriscamos perder o que conquistamos e criar novas e perigosas infecções, e ainda prolongar a onda [atual da covid-19]. Tudo o que construímos durante semanas poderá ser perdido em questão de dias", disse o ministro, em entrevista ao jornal Bild am Sonntag.
O ministro do Clima e da Economia, Robert Habeck, concorda com Lauterbach. "É claro que precisamos de um plano para a reabertura, mas o alívio deve vir no momento certo", afirmou aos jornais do grupo de mídia Funke.
Para Habeck, a onda da variante ômicron ainda não foi superada. Para ele, um dos fatores que mais preocupa é a baixa adesão à vacinação na Alemanha, considerada abaixo do ideal em comparação com outros países europeus.
Até o momento, 74,4% dos alemães tomaram as duas doses dos imunizantes, e 54,2% receberam a dose de reforço. Neste domingo, o país registrou 133,173 novos casos da doença e 41 mortes.
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População dividida
Uma pesquisa realizada pelo instituto Insa revela que a população alemã está dividida sobre o alívio das restrições. Segundo o levantamento, 49% dos alemães são a favor do relaxamento, enquanto 44% são contra.
Sobre as exigências da apresentação de comprovantes de vacinação ou de cura da doença para que se possa ter acesso ao comércio, 53% afirmam que essas medidas não fazem sentido, enquanto 47% dizem que sim.
No caso de bares e restaurantes, 47% acreditam que essa comprovação é necessária, enquanto 49% avaliam que não.
A obrigatoriedade do uso de máscaras é amplamente apoiada principalmente nos transportes públicos (77%), no comércio (65%) e nas escolas (58%).
Para 66%, as restrições de contato para pessoas vacinadas devem ser eliminadas, enquanto para 27% devem ser mantidas. Já para os não vacinados, 64% entendem que essa regra faz sentido.
Alívio das restrições na Europa
Vários países europeus, como Suécia, Dinamarca e Noruega, já removeram quase todas as restrições contra o coronavírus.
A partir desta segunda-feira, Portugal vai deixar de exigir comprovantes de vacinação e testes de covid-19 para pessoas de outras nações da Europa que chegarem ao país.
A medida vem após a Comissão Europeia recomendar a harmonização das regras de viagem entre os países do bloco para evitar obstáculos às pessoas completamente vacinadas nos Estados-membros.
O passaporte de vacinação da UE comprova se uma pessoa está imunizada, testou negativo recentemente ou se recuperou da doença nos últimos seis meses.
(AFP, AP, dpa, Reuters)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine