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Covid-19 eleva risco de doenças mentais e neurológicas

7 de abril de 2021

Análise de dados de 230 mil pacientes nos EUA mostra que um terço deles desenvolveu doenças mentais ou neurológicas seis meses depois de curados. Entre elas estão ansiedade, depressão e também demência.

Enfermeiras cuidam de paciente com covid-19 em hospital
Entre aqueles que estiveram internados em estado grave, há uma prevalência de acidente vascular cerebral e de casos de demênciaFoto: Pascal Rossignol/REUTERS

Uma em cada três pessoas que foram infectadas com o novo coronavírus desenvolveu problemas neurológicos ou mentais, como ansiedade e depressão, em até seis meses após a cura, revelou nesta terça-feira (07/04) o maior estudo já realizado sobre sequelas mentais causadas pela covid-19.

Os pesquisadores afirmaram que ainda não está claro como o vírus estaria relacionado a doenças psicológicas, sendo ansiedade e depressão as mais comuns entre as 14 enfermidades analisadas. Já casos de demência e outros distúrbios neurológicos são mais raros, mas mesmo assim significativos entre pacientes que tiveram um quadro grave de covid-19.

Publicado na revista especializada Lancet Psychyatry e realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, o estudo analisou dados de 236.379 pacientes americanos que tiveram covid-19 e revelou que 34% deles desenvolveram algum distúrbio neurológico até seis meses depois de terem se recuperado da doença.

Entre os distúrbios mais comuns estão ansiedade (17%) e transtornos de humor (14%). Segundo o estudo, esses tipos de sequela não aparentam ter relação com o quão leve ou grave foi a infecção. Já entre aqueles que estiveram internados em estado grave, há uma prevalência de acidente vascular cerebral (7%) e de casos de demência (2%).

"Estes são dados reais de um grande número de pacientes. Confirmam a alta taxa de diagnósticos psiquiátricos após a covid-19 e mostram que também ocorrem problemas sérios no sistema nervoso", afirmou o principal autor do estudo, Paul Harrison, professor de psiquiatria na Universidade de Oxford.

Mais estudos são necessários

Os pesquisadores afirmam que os resultados são preocupantes. "Embora os riscos individuais para a maioria desses distúrbios sejam baixos, o efeito na população pode ser substancial e sentido nos sistemas de saúde e social", acrescentou Harrison.

Outros diagnósticos entre os que tiveram covid-19 foram o abuso de álcool ou outras substâncias (7%) e insônia (5%). Os riscos de problemas neurológicos são maiores em pacientes que tiveram formas graves de covid-19, por exemplo, em 62% do que sofreram de encefalopatia durante a infecção.

O estudo mostrou ainda que estes diagnósticos são mais comuns em pacientes com covid-19 do que em outros que tiveram gripe ou outras infecções respiratórias durante o mesmo período, sugerindo um impacto direto da doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2.

"Agora, precisamos ver o que acontece para além dos seis meses. O estudo não consegue revelar os mecanismos envolvidos, mas evidencia a necessidade de investigar urgentemente para identificar, prevenir ou tratar esses casos", acrescentou um dos coautores do estudo, Max Taquet.

Mais estudos sobre esse tipo de sequela da covid-19, no entanto, são necessários, pois muitos dos infectados não desenvolvem sintomas ou não entram em registros de sistema de saúde. Os pesquisadores também destacam que a análise de dados não identificou o grau de gravidade das sequelas registradas.

cn/as (Reuters, Lusa, APF)

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