Covid foi causa de 89% das mortes ligadas à doença na Itália
17 de julho de 2020
Estudo aponta ainda que mais de um quarto das vítimas do coronavírus não tinha outros problemas de saúde. Itália soma 35 mil óbitos, mas autoridades alegavam que muitas das mortes teriam sido causadas por outras doenças.
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O novo coronavírus foi diretamente responsável pela morte de nove entre dez das vítimas italianas de covid-19, segundo apontou um estudo divulgado nesta quinta-feira (16/07), lançando nova luz sobre a epidemia que atingiu principalmente as regiões do norte do país europeu.
Desde a descoberta das primeiras infecções pelo novo coronavírus em seu território em fevereiro, a Itália registrou pouco mais de 35 mil mortes relacionadas ao vírus Sars-Cov-2.
No entanto, autoridades de saúde alertaram que muitos dos que morreram com covid-19 poderiam ter sido também afetados por outras doenças, e isso provocou um acirrado debate sobre se o vírus foi a causa real das mortes.
Agora, o estudo publicado pelo Instituto Superior de Saúde e o Instituto Nacional de Estatística (Istat) mostrou que o novo coronavírus foi causa direta da morte de 89% das 4.942 vítimas da amostragem.
Os 11% restantes tinham covid-19, mas morreram como resultado direto de outras condições médicas, incluindo doenças cardíacas, câncer e demência. O estudo alerta, porém, que o vírus pode ter agravado a condição desses pacientes, acelerando a morte deles.
A pesquisa foi baseada nas mortes registradas no final de maio, quando a Itália já havia afrouxado suas rígidas regras de distanciamento social, após uma queda nas taxas de contágio.
Pneumonia foi observada em 79% das pessoas cujas mortes foram diretamente ligadas ao coronavírus e foi a complicação mais comum em pacientes com covid-19, seguida por outras doenças respiratórias.
O levantamento mostrou ainda que a covid-19 também foi fatal para algumas pessoas que não tinham nenhum problema de saúde subjacente. "Em 28,2% dos casos analisados, não há outras causas de morte", afirma o estudo.
A Itália foi um dos primeiros países duramente afetados pela pandemia na Europa, registrando atualmente mais de 243 mil casos confirmados e 35.017 mortes. Hoje, figura em 13º no mundo em número de infecções, e em quinto em número de óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos, Brasil, Reino Unido e México.
Vírus por toda parte! Talvez no tomate, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o Sars-Cov-2.
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Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Como todas as infecções por gotículas, o Sars-Cov-2 se propaga por mãos e superfícies tocadas com frequência. Embora seja ainda relativamente desconhecido, os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus.
Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho – se ainda estiver funcionando. Em princípio, coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-Cov-2 por esse meio de transmissão".
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Medo de importados?
Ainda segundo o BfR, os pais não precisam temer um contágio através de brinquedos importados. Até o momento não pôde ser comprovado nenhum caso desses. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta umidade atmosférica.
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Vírus pelo correio?
Em geral, coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e umidade, o BfR considera "antes improvável" um contágio por pacotes de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-Cov-2.
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Pingue-pongue entre cão e dono?
Meu cachorro pode me contagiar e eu a ele? Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excreções.
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Verduras assassinas?
Igualmente improvável é a transmissão do Sars-Cov-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR, não sendo conhecidos casos comprovados. Lavar cuidadosamente as mãos antes do preparar da refeição continua sendo mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
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Longa vida no gelo
Embora os coronavírus Sars e Mers conhecidos até o presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-Cov-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
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Animais silvestres são tabu
Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens. Há fortes indícios de o novo coronavírus ter sido transmitido aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria, certamente contra a própria vontade. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"...