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EconomiaDinamarca

Covid-19 põe em xeque indústria de peles na Europa

Mirjam Benecke
10 de novembro de 2020

Milhões de visons estão sendo abatidos na Dinamarca após descoberta de mutação do coronavírus em fazendas. Assim, a pandemia acelera a tendência europeia de extinção do setor de peles. Mas o negócio continua lucrativo.

Visons brancos mortos
Visons mortos em fazenda de pele na DinamarcaFoto: Mads Claus Rasmussen/Ritzau Scanpix/dpa/picture alliance

O número provocou surpresa e indignação: 17 milhões. Essa é a quantidade de visons que são criados para a produção de peles na Dinamarca – país onde vivem cerca de 5,8 milhões de pessoas. Todos os animais deverão ser abatidos nos próximos dias e semanas porque, de acordo com a autoridade sanitária dinamarquesa, desde junho, pelo menos 214 pessoas foram infectadas por uma mutação do novo coronavírus que apareceu entre os visons.

A Dinamarca não é um caso isolado. Na Holanda e na Espanha, também foram registradas no meio desde ano infecções por coronavírus em mais de 40 fazendas de visons. Todos os animais tiveram que ser sacrificados.

As imagens de visons mortos empilhados causaram grande indignação nas redes sociais. No Twitter, os usuários perguntaram: quem ainda compra pele hoje em dia?

Peles ainda são negócio rentável, apesar de décadas de protestosFoto: picture-alliance/dpa/H. Ballhausen

De acordo com a organização para proteção dos animais Vier Pfoten, mais de 95 milhões de visons, raposas, cãos-guaxinins, coelhos e outros animais de pele são criados e mortos para serem transformados em jaquetas, casacos, golas, adornos de capuzes ou pompons. O faturamento anual da indústria de peles foi estimado pela Federação Internacional de Comércio de Pele em 2012 em 15,1 bilhões de dólares (R$ 80 bilhões) – dos quais, 4,5 bilhões (R$ 24 bilhões) são originados em países da UE.

Europa é o maior exportador de peles

A Europa ainda é considerada o maior exportador mundial de peles. É verdade que a importação e o comércio de peles de foca, de cachorro e de gato são proibidos, mas a proibição geral da manutenção em cativeiro de animais para a indústria de peles não teve sucesso até agora devido aos escandinavos – especialmente Finlândia e Dinamarca. Nesses países, o cultivo desses animais ainda é uma indústria importante.

"A criação de animais para a indústria de peles tem que acabar, na Europa e no mundo", exige Henriette Mackensen, especialista em proteção de espécies da Federação Alemã de Proteção aos Animais (Deutsche Tierschutzbund). "Empilhados em gaiolas, os animais estão condenados à imobilidade. Vegetam e desenvolvem distúrbios comportamentais que podem levar à automutilação e ao canibalismo."

Visons costumam ser mantidos em gaiolas pouco maiores que uma caixa de sapatosFoto: Mads Claus Rasmussen/Ritzau Scanpix/dpa/picture alliance

Cada vez mais países europeus estão protegendo animais usados na indústria de peles por meio de regras nacionais mais rígidas. As fazendas de peles são proibidas na Áustria, Reino Unido, Croácia, Eslovênia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia e Macedônia. A França também anunciou o fim de seus criadouros. Outros países, como Alemanha ou Suíça, aprovaram regulamentos rígidos que tornam a criação de visons, raposas ou cães-guaxinins economicamente pouco viáveis. Na Alemanha, a última granja de visons fechou suas portas em 2019.

Menos fazendas de peles na Europa

Após o surto de covid-19, a Holanda também decidiu fechar as fazendas de peles. Todos os criadores de visons devem cessar as operações até 1º de março de 2021. Em muitos outros países europeus, as proibições estão em fase de discussão política.

Sapatos de couro de fungos

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Em outubro, a organização internacional para proteção animal Vier Pfoten realizou uma sondagem sobre como a população alemã se sente em relação à venda de roupas feitas com peles de animais. O resultado do estudo, com cerca de mil entrevistados, mostra uma imagem clara: 84% dos alemães se recusam a manter e matar animais para a produção de peles para a indústria da moda, e 76% consideram a venda de peles verdadeiras algo que pertence ao passado.

De símbolo de status a acessório

O casaco de pele não é mais considerado um símbolo de status na Europa Central. Isso também se deve ao trabalho de uma série de iniciativas de proteção aos animais que vêm chamando a atenção para os abusos em fazendas de peles desde a década de 1980.

Mas a pele ainda está longe de desaparecer das vitrines. Principalmente no inverno, casacos com golas de pele ou chapéus com pompom de pele verdadeira estão na moda. O problema é que os consumidores muitas vezes nem sabem que estão vestindo animais mortos. Por causa dos preços baixos, os clientes presumem rapidamente que a peça de vestuário contenha pele artificial. Mas, por trás de uma suposta pele falsa, muitas vezes está pele verdadeira, geralmente de cão-guaxinim, cuja pele é particularmente barata no mercado.

Protesto contra comércio de peles em Barcelona em 2019Foto: Getty Images/AFP/P. Barrena

A China é o país que mais cria cães-guaxinins no mundo – embora em condições precárias. No país asiático não existem nem uma lei de proteção animal com especificações gerais nem requisitos obrigatórios para a criação de animais em fazendas de peles. Ao contrário da Europa, a demanda por peles está aumentando por lá. De acordo com a Federação Internacional de Comércio de Pele, as peles também estão em alta na Coreia, Ucrânia e América do Sul.

O principal argumento da indústria do setor é que a pele é sustentabilidade pura. "Pele é inerentemente durável e biodegradável – ao contrário da maioria dos tecidos sintéticos", diz Juozas Olekas, político europeu e presidente do Sustainable Fur Forum (SFF).

Material natural ou destruidor do clima?

Organizações para o bem-estar animal apontam, no entanto, que altos níveis de produtos químicos são usados para tornar as peles sejam mais duráveis. Além disso, a tendência está mudando, havendo mais procura por golas, pompons ou outros acessórios, que têm pouco efeito sobre a durabilidade de uma roupa.

"A criação de animais está entre os maiores inimigos do clima de nosso tempo”, diz a organização para bem-estar animal Peta. "Os problemas vão desde a produção de ração até os excrementos ricos em nitrato dos animais de fazendas de peles."

 

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