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Covid: Alemanha registra recorde de 250 mil novas infecções

4 de fevereiro de 2022

Em meio a debate sobre relaxamento ou não das medidas restritivas no país, Instituto Robert Koch também registra novo pico da incidência de sete dias, com 1.349,5 casos para cada 100 mil habitantes.

A imagem mostra uma mulher loira e de cabelos curtos com casaco de inverno preto em um centro de testes na Alemanha, tendo amostra de teste de coronavírus colhida do nariz por uma técnica da área da saúde, com outra mulher, de máscara, ao fundo, esperando a sua vez.
Em meio aos quase 250 mil novos casos registrados nas últimas 24 horas, Alemanha debate o relaxamento de restriçõesFoto: Abdulhamid Hosbas/AA/picture alliance

A Alemanha bateu um novo recorde de infecções pelo novo coronavírus nesta sexta-feira (04/02). Segundo o Instituto Robert Koch (RKI), agência estatal alemã para prevenção e  controle de doenças, foram registrados 248.838 novos casos de covid-19 apenas nas últimas 24 horas. Em comparação à sexta-feira anterior, quando o RKI reportou 190.148 casos, foram 58.690 infecções a mais.

A incidência média semanal de covid-19 por 100 mil habitantes também atingiu um novo recorde nesta sexta-feira: 1.349,5. Os altos números de contágio pela doença coincidem com um momento em que a Alemanha discute o relaxamento das medidas restritivas para contenção do vírus, impostas pelos governos federal e estaduais.

Alguns estados, como a Saxônia, no leste, Schleswig-Holstein, no norte, e Hessen, no centro, pretendem suspender algumas restrições já nos próximos dias. Em alguns deles, empresários principalmente do setor de varejo, estão processando os governos locais por subordinarem o ingresso em estabelecimentos comerciais à apresentação de comprovante de vacinação ou de recuperação da covid-19.

O mesmo é discutido em outros países europeus. A França, Irlanda e Reino Unido, por exemplo, anunciaram que devem diminuir as restrições contra o coronavírus, apesar do aumento do número de infecções.

Na Dinamarca, uso de máscaras deixou de ser obrigatório mesmo em lugares fechados, como cafés e restaurantesFoto: Francis Joseph Dean/Dean Pictures/imago images

O caso mais emblemático é o da Dinamarca, a qual, segundo sua primeira-ministra, Mette Frederiksen, deu "'adeus' às restrições e 'olá' à vida que conhecíamos antes do coronavírus".

Desde a última terça-feira, o uso de máscaras em locais fechados – com exceção de hospitais e outras instalações de saúde – deixou de ser obrigatório, e não é preciso mais apresentar comprovante de vacinação, nem fazer testes.

Não há mais limitação de público em grandes eventos; nos estádios de futebol, todos os assentos podem ser ocupados, e o funcionamento de discotecas e bares também voltou a ser permitido. A Noruega também relaxou algumas medidas, mas manteve o uso de máscara como obrigatório em lugares fechados.

Nesta quinta-feira, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, Hans Kluge, declarou que o continente pode estar entrando no que chamou de "fase final" da pandemia.

Isso se deveria a três fatores: o alto índice de vacinação contra o novo coronavírus e de recuperados de infecções no continente; os efeitos mais amenos da variante ômicron; e o fim do inverno, que cai oficialmente em 20 de março. Em geral, os vírus tendem a provocar menos infecções durante os meses de temperatura mais amena.

Centros de testes e vacinação, como este de Hamburgo, seguem abertos e com atendimento constante na AlemanhaFoto: Christian Charisius/dpa/picture alliance

Relaxamento de medidas divide opiniões

Depois de quase dois anos de pandemia, o debate sobre o relaxamento ou não das medidas restritivas para tentar conter o coronavírus, como o distanciamento social e o uso de máscara, está mais vivo do que nunca na Alemanha.

Para o presidente da Associação de Médicos Estatutários de Seguros de Saúde (KBV, na sigla em alemão), Andreas Gassen, o país deveria traçar planos políticos concretos para aliviar as restrições: Precisamos agora de um plano de liberdade, baseado em parâmetros de como podemos gradualmente afrouxar as restrições", declarou em entrevista ao jornal Rheinische Post.

Ele acredita que os estádios de futebol, por exemplo, devem começar a receber um público cada vez maior, e que em breve não será mais necessário exigir comprovante de vacinação ou recuperação. Segundo Gassen, a Alemanha precisa aprender a conviver com o vírus, e seria um "equívoco" pensar que o fim da pandemia seria marcado pelo fato de ninguém mais morrer de covid-19.

Para o especialista, a doença permanecerá na vida cotidiana, tal qual o vírus da gripe, que todos os anos apresenta novas variantes e mata milhares na Alemanha. "Temos que aceitar isso e, ao mesmo tempo, continuar a oferecer vacinas para grupos de alto risco", concluiu Gassen.

Cartaz na cidade de Gelsenkirchen avisa: entrada permitida apenas para vacinados ou recuperados de covidFoto: Martin Meissner/AP Photo/picture alliance

O perigo da montanha-russa

Por outro lado, o presidente da Associação Alemã Interdisciplinar de Medicina Intensiva e de Emergência (Divi), Gernot Marx, advertiu que a Alemanha pode entrar num processo de "montanha-russa", com os números subindo e descendo, caso as medidas sejam abruptamente suspensas.

"Um relaxamento das medidas para conter o coronavírus, como anunciaram alguns estados alemães, vem cedo demais", disse a jornais do grupo de mídia Funke.

Ele afirmou que, em comparação a outros países, as medidas restritivas ajudaram a desacelerar a quarta onda da pandemia na Alemanha, protagonizada pela variante ômicron; e esse bom resultado não deveria ser colocado em risco.

 "Os governos federal e estaduais deveriam esperar até que os números diminuam e se mantenham estáveis durante vários dias, antes de retirar as medidas. Seria fatal se, ao relaxarmos muito cedo, entrássemos numa montanha-russa, com os números de infecção aumentando novamente."

gb/av (EPD, Reuters)

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