Covid deixa sequela em 65% dos infectados, aponta pesquisa
19 de agosto de 2022
Sintoma mais comum foi a perda de olfato ou paladar, que atingiu 30%. Em seguida vem perda de massa muscular, relatada por 25% dos que contraíram a doença. Levantamento por telefone ouviu 9 mil brasileiros.
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Pelo menos 65% dos infectados pela covid-19 no Brasil ficaram com alguma sequela, segundo uma pesquisa telefônica feita no primeiro trimestre do ano.
O problema mais frequente relatado foi a perda de olfato ou paladar, que atingiu 30% dos infectados. Em seguida está a perda de massa muscular, relatada por 25% dos que contraíram a doença.
Os dados estão no Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), que entrevistou 9 mill pessoas. A pesquisa foi realizada pela organização de saúde Vital Strategies e pela Universidade Federal de Pelotas, em parceria com outras entidades, e os dados foram divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo.
O resultado indica que os efeitos da pandemia podem seguir impactando os pacientes e o sistema de saúde brasileiro no futuro, mesmo que a disseminação da doença no presente possa estar sob maior controle.
Os respondentes da pesquisa podiam indicar mais de uma complicação após terem contraído a covid-19. O questionário não especificou um prazo mínimo dos sintomas após a infecção para que eles fossem considerados como sequela.
Depois da perda de olfato e/ou paladar e da perda de massa muscular, foram mencionados fadiga (24%), perda de memória (21%), perda de cabelo (19%), falta de ar (19%), problemas para dormir (14%) e problemas psicológicos (14%).
Luciana Sardinha, assessora técnica em epidemiologia e saúde pública da Vital Strategies, afirmou que o resultado de 65% dos pacientes com sequelas foi uma surpresa, e que ainda há muita incerteza para definir por quanto tempo esses efeitos de longo prazo podem durar.
Os organizadores do levantamento também ressaltaram a importância da manutenção de cuidados para evitar novas infecções pela covid-19, como usar máscaras e higienizar as mãos.
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Outros estudos
As alterações no olfato e no paladar são uma das consequências mais comuns da covid-19, mesmo que os estudos cheguem a conclusões diferentes quanto ao percentual dos afetados.
Uma pesquisa publicada em 28 de julho na revista médica BMJ, por exemplo, apontou que cerca de 5% das pessoas que contraem covid-19 enfrentam perda ou alteração de olfato ou paladar por pelo menos seis meses após a infecção.
Os pesquisadores analisaram os resultados de 18 estudos anteriores, que envolveram 3.699 pacientes. A partir de um modelo matemático, eles estimaram que 5,6% dos pacientes tinham problemas no olfato e 4,4%, alterações no paladar, por pelo menos seis meses após a infecção.
Um estudo brasileiro coordenado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pela Universidade de São Paulo (USP) e publicado neste mês apontou que os problemas neurológicos afetam mais de 30% dos pacientes de covid-19. Os sintomas costumam ser associados sobretudo a quadros graves, mas atingem também quem teve quadros moderados ou leves da doença, aponta a publicação.
Os pesquisadores usaram ressonância magnética para comparar a estrutura cerebral de 81 pessoas saudáveis com a de 81 que tinham se infectado provavelmente com a cepa original do coronavírus Sars-Cov-2 e estavam se recuperando de quadros leves ou moderados de covid-19 há cerca de dois meses.
bl/ek (ots)
Os 10 vírus mais perigosos do mundo
Embora a covid-19 seja muito contagiosa, sua taxa de mortalidade é relativamente baixa em comparação com esses dez vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Vírus de Marburg
O vírus mais perigoso do mundo é o Marburg. Ele leva o nome de uma pequena cidade alemã às margens do rio Lahn, onde o vírus foi documentado pela primeira vez. O Marburg provoca febre hemorrágica e, assim como o ebola, causa convulsões e sangramentos das mucosas, da pele e dos órgãos. A taxa de mortalidade do vírus chega a 88%.
Foto: Bernhard-Nocht-Institut
Ebola
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores belgas. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Ele pode ocorrer em cinco cepas distintas, denominadas de acordo com países e regiões na África: Zaire, Sudão, Bundibugyo, Reston, Floresta de Tai. A cepa Zaire é a mais fatal.
Foto: Reuters
Hantavírus
O hantavírus descreve uma ampla variedade de vírus. Assim como o ebola, ele também leva o nome de um rio – neste caso, onde soldados americanos foram os primeiros a se infectarem com a doença durante a Guerra da Coreia, em 1950. Os sinais são doenças pulmonares, febre e insuficiência renal.
Foto: REUTERS
Gripe aviária
Com uma taxa de mortalidade de 70%, o agente causador da gripe aviária espalhou medo durante meses. Mas o risco real de alguém se infectar com o vírus H5NI é muito baixo. Os seres humanos podem ser contaminados somente através do contato muito próximo com as aves. Por esse motivo, a maioria dos casos ocorre na Ásia, onde pessoas e galinhas às vezes vivem juntas em espaço pequeno.
Foto: AP
Febre de Lassa
Uma enfermeira na Nigéria foi a primeira pessoa a se infectar com o vírus Lassa. A doença é transmitida aos humanos através do contato com excrementos de roedores. A febre de Lassa ocorre de forma endêmica na África Ocidental, como é o caso, atualmente, mais uma vez na Nigéria. Pesquisadores acreditam que 15% dos roedores dali sejam portadores do vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Junin
O vírus Junin é associado à febre hemorrágica argentina. As pessoas infectadas apresentam inflamações nos tecidos, hemorragia e sépsis, uma inflamação geral do organismo. O problema é que os sintomas parecem ser tão comuns que a doença raramente é detectada ou identificada à primeira vista.
Crimeia-Congo
O vírus da febre hemorrágica Crimeia-Congo é transmitido por carrapatos. Ele é semelhante ao ebola e ao Marburg na forma como se desenvolve. Durante os primeiros dias de infecção, os doentes apresentam sangramentos na face, na boca e na faringe.
Foto: picture-alliance/dpa
Machupo
O vírus Machupo está associado à febre hemorrágica boliviana. A infecção causa febre alta, acompanhada de fortes sangramentos. Ele desenvolve-se de maneira semelhante ao vírus Junin. O Machupo pode ser transmitido de humano para humano, e é encontrado com frequência em roedores.
Foto: picture-alliance/dpa/Marks
Doença da floresta de Kyasanur
Cientistas descobriram o vírus da floresta de Kyasanur na costa sudoeste da Índia em 1955. Ele é transmitido por carrapatos, mas supõe-se que ratos, aves e suínos também possam ser hospedeiros. As pessoas infectadas apresentam febre alta, fortes dores de cabeça e musculares, que podem causar hemorragias.
Dengue
A dengue é uma ameaça constante. Transmitida pelo mosquito aedes aegypti, a doença afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. O vírus representa um problema para os dois bilhões de habitantes que vivem nas áreas ameaçadas, como Tailândia, Índia e Brasil.