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Covid não dá trégua e ataca a Bundesliga

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
4 de janeiro de 2022

Infecções pelo coronavírus atingem 13 dos 18 clubes da primeira divisão alemã. E ninguém sabe ao certo qual o tamanho do estrago que a variante ômicron vai causar no futebol profissional.

Manuel Neuer é um dos jogadores do Bayern infectados e em quarentenaFoto: Wolfgang Rattay/REUTERS

O ano de 2022 mal começou direito, e as primeiras más notícias já tomaram de assalto o futebol profissional. Na Bundesliga, faltando apenas alguns dias para começar o segundo turno do campeonato, com o clássico Bayern de Munique vs. Borussia Mönchengladbach, foram registrados até esta segunda-feira (03/01) 29 casos de novas infecções pelo coronavírus, atingindo 13 dos 18 clubes da primeira divisão.

Os dois clubes mais atingidos até agora por novos casos são justamente aqueles que farão a partida inaugural do returno.

No Bayern, foram infectados Manuel Neuer, Kingsley Coman, Corentin Tolisso, Lucas Hernandez, Tanguy Nianzou e Omar Richards, além do técnico assistente Dino Toppmöller. Todos já estão em quarentena em casa e nem se apresentaram para a primeira sessão de treinos nesta segunda-feira. Neuer e Hernandez continuam nas Ilhas Maldivas no Oceano Índico e estão em isolamento num hotel de luxo. Coman, por sua vez, está em Dubai, e Tolisso ainda se encontra na França.

Até agora não está claro se os jogadores foram infectados pela nova variante ômicron. Nesse caso, teriam que ficar em quarentena por 14 dias.

E para piorar mais um pouco, Dayot Upamecano, Josip Stanisic e Leroy Sané também não se apresentaram ao clube. Os respectivos diagnósticos ainda estão sendo aguardados.

Enquanto isso, o Borussia Mönchengladbach também lamenta quatro novos casos: o teste deu positivo para Denis Zakaria, Joe Scally, Mamadou Doucoré e Keanan Bennetts. Todos estão cumprindo quarentena caseira.

"Futebol agora se parece com uma loteria"

As notícias são alarmantes não só na Alemanha.

Jürgen Klopp, técnico do Liverpool, se recolheu à quarentena com sintomas leves. Vale lembrar que nas últimas três semanas 17 jogos da Premier League tiveram que ser adiados. Motivo: muitos jogadores infectados pelo coronavírus.

Para Klopp "futebol agora se parece com uma loteria". "Sempre me pergunto: com quem poderei contar para o próximo jogo? Quem entra em quarentena agora?", disse.

O treinador Markus Weinzierl, do Augsburg, afirma: "Futebol algumas vezes é uma loteria em que a sorte prevalece. Mas agora tem mais essa nova variante do coronavírus. Todos seremos atingidos."

No PSG, Leonel Messi, Juan Bernat, Sergio Rico e Nathan Bitumazala testaram positivo, assim como Giorgio Chiellini da Juventus. O AS Mônaco registrou sete novos casos de jogadores infectados.

Xavi Hernández, técnico do Barcelona, se queixou de "concorrência desleal": na sua equipe dez profissionais foram infectados pelo coronavírus e não puderam atuar contra o RCD Mallorca.  

É justo isso?

Vale salientar que muitos astros do futebol internacional aproveitaram as férias de inverno para viajar mundo afora, provavelmente cansados das restrições sociais que imperam em muitos países da União Europeia. É até compreensível. Todos nós estamos cansados e frustrados por não poder fazer a viagem dos nossos sonhos.

De outro lado, porém, esses jogadores têm responsabilidades com seus clubes e deveriam, numa época crítica como esta pela qual o mundo passa, subordinar os seus interesses pessoais ao bem maior, que é, em última análise, a saúde pública. Para o cidadão comum, fica a impressão de que jogadores milionários agiram de forma imprudente e arrogante.       

Os clubes, em estreita cooperação com as autoridades sanitárias, fazem o que podem nas atuais circunstâncias. Para começo de conversa, os jogos-fantasma (partidas sem público) voltam à ordem do dia já a partir da próxima rodada neste fim de semana. A torcida vai ficar em casa vendo os jogos pela TV, de novo. Os procedimentos higiênicos e sanitários nas dependências dos clubes serão ainda mais severos. O contato entre jogadores ficará restrito ao mínimo absolutamente necessário – juntos apenas entre as quatro linhas do gramado. De resto, deverão ficar o mais longe possível um do outro. 

A Bundesliga, apesar dos muitos casos de jogadores acometidos por covid-19 já registrados, ainda não cogita  adiar algumas partidas da primeira rodada do returno. Prevalece a norma de que, enquanto o clube tiver pelo menos 16 jogadores à disposição para entrar em campo, não haverá o adiamento de uma partida.

Fato é que na situação atual ninguém sabe ao certo qual o impacto e o tamanho do estrago que a ômicron vai causar no futebol profissional com suas incontáveis normas.

Basta imaginar, por exemplo, um clube desfalcado dos seus titulares ser obrigado pela norma acima citada a entrar em campo com seu "mistão" contra seu arquirrival, que, por coincidência ou não, joga completo. É justo isso? 

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit é publicada às terças-feiras. 

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.

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