Crédito do FMI para o Brasil anima bolsas da Europa
8 de agosto de 2002O crédito de 30 bilhões de dólares, concedido ao Brasil pelo FMI, deu novo alento às bolsas européias. Após semanas de tormento, o DAX, de Frankfurt, fechou esta quinta-feira (08) com alta de 4,1%, chegando a 3606 pontos. O recorde do dia coube à prestadora de serviços financeiros MLP: 42% a mais, alcançando 15,30 euros.
Contudo, a recuperação do índice das principais ações alemãs deveu-se sobretudo ao forte desempenho dos bancos: o índice do setor – que desde maio perdera mais de um terço de seu valor – conseguiu subir quase 5%, após o anúncio do empréstimo ao Brasil. O mesmo fenômeno se observou em toda a Europa.
Dentre os maiores bancos do país, o HypoVereinsbank recuperou mais de 9%. Até mesmo as ações do Commerzbank galgaram quase 7%, embora o balancete da empresa do primeiro semestre de 2002 haja acusado lucros aquém dos prognósticos. Já as ações do Deutsche Bank chegaram a quase 60 euros, com um acréscimo de 5,43%. Tanto este último como o Dresdner Bank estão entre os credores do Brasil, embora seus representantes não quisessem mencionar quantias.
Psicologia ou técnica
A maioria dos analistas da Bolsa de Frankfurt não hesita em atribuir o bom dia ao efeito psicológico do anúncio do crédito do Fundo Monetário Internacional. A iminência de um sério colapso econômico no Brasil vinha preocupando os investidores europeus, que agora vislumbram a perspectiva de uma distensão da situação latino-americana. O montante do crédito destinado a evitar uma crise na maior economia da América Latina surpreendeu: trata-se da maior soma já concedida pelo FMI, em seus 60 anos de existência.
Já outros observadores vêem antes a presente alta do DAX como uma "reação técnica" às perdas de cotação das últimas semanas. O forte desempenho da Bolsa de Wall Street nesta quinta-feira, os bons prognósticos para o setor bancário e o dólar estável estão entre os demais fatores citados. As outras principais bolsas da Europa fecharam com altas entre 3% (Milão) e 4,97% (Amsterdã). Impossível deixar de notar o vento favorável para as empresas com interesses no Brasil, como HSBC Holdings (+3,76% em Londres), ou o conglomerado químico BASF (+6,3% em Frankfurt).