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De todos os lados

11 de novembro de 2010

Merkel diz que proposta dos EUA de limitar superávits comerciais não é compatível com a ideia de um mercado global livre. Dilma afirma que americanos querem ajustar sua economia às custas dos outros países.

Merkel e Obama em Seul: reunião em clima frio e tensoFoto: AP

Os Estados Unidos ficaram isolados no primeiro dia da reunião de cúpula do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), nesta quinta-feira (11/11), em Seul, capital da Coreia do Sul. Tanto do lado europeu como das maiores nações emergentes vieram críticas à política cambial e às propostas do governo de Barack Obama.

A programada injeção de dinheiro pelo Fed (Banco Central dos EUA) e a proposta americana de limitar superávits na balança comercial de nações exportadoras – como a Alemanha e a China – foram dura e amplamente criticadas pelos líderes das demais nações participantes. No final do dia, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, anunciou vitoriosa: "Dessa proposta nós nos afastamos."

"O que não podemos fazer é reduzir a competitividade de uma nação a um número", declarou Merkel. "Estabelecer politicamente um limite para superávits ou déficits não é economicamente justificável nem politicamente adequado", afirmou a premiê logo após chegar a Seul. "Isso seria incompatível com o objetivo de um comércio mundial livre."

Dilma: críticas à "política do dólar fraco"

Dilma ao lado de Lula e do presidente sul-coreano, Lee Myung-bakFoto: AP

Críticas à programada injeção de dinheiro pelo Fed não faltaram. A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, que participa como convidada dos debates, afirmou que a desvalorização do dólar causa um grave problema para o mundo inteiro. "Acho que gera um protecionismo camuflado, como forma de se proteger", disse ela depois de um rápido passeio por Seul.

"Acho que é grave para o mundo inteiro a política do dólar fraco. Essa é uma questão que sempre causou problemas. A política do dólar fraco faz com que o ajuste americano fique por conta das outras economias", afirmou Dilma, segundo a Agência Brasil.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, pediu ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que explique aos demais líderes as polêmicas políticas monetárias de "estímulo quantitativo" adotadas pelo Banco Central dos EUA. "É muito importante ouvir o que Obama tem a dizer sobre esta intervenção, para que possamos entender melhor a decisão", declarou.

Obama defendeu a ação do Fed, salientando que "a coisa mais importante que os Estados Unidos podem fazer para a economia mundial é crescer. Países exportadores como a Alemanha beneficiam-se fortemente de nossos mercados abertos e do fato de comprarmos seus produtos."

Obama e Merkel: reunião tensa

Merkel anunciou vitoriosa que proposta dos EUA foi posta de ladoFoto: AP

Obama reuniu-se em separado com Merkel e com o presidente da China, Hu Jintao. Deste, ouviu que Pequim tem uma vontade "inabalável" de reformar a taxa de câmbio da sua moeda, mas necessita de um ambiente estável na economia global, segundo um porta-voz do governo chinês.

O encontro de Obama com Merkel foi frio e tenso, segundo relata a imprensa alemã. "Quando o par posou para as câmeras, parecia muito que estavam tentando reverter impressões anteriores de tensão – e com pouco sucesso", relatou um correspondente da agência de notícias DPA.

O encontro durou meia hora e foi precedido de críticas de ambos os lados às políticas econômicas dos dois países. Ainda antes de embarcar para Seul, Merkel criticou a injeção de dinheiro pelo Fed e se mostrou desde o início contra a ideia de Obama de fixar limites para o superávit da balança comercial alemã.

As divergências não são de agora. Há alguns meses, membros do governo dos Estados Unidos criticaram a Alemanha por não impulsionar o seu mercado externo e focar seu crescimento econômico nas exportações.

AS/rtr/dpa/afp/abr/lusa
Revisão: Carlos Albuquerque

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