Críticos colocam lobby de armas nos EUA sob fogo cruzado
22 de dezembro de 2012A coletiva de imprensa da Associação Nacional de Rifles dos EUA (NRA), que aconteceu nesta sexta-feira (21/12) em Washington, foi a primeira concedida pelo poderoso lobby da indústria de armas de fogo norte-americana. O pronunciamento, bastante criticado, aconteceu uma semana após o massacre em Newtown, que deixou um saldo de 28 mortos – entre eles, 20 crianças.
"Eles mostraram uma visão paranoica e atrapalhada de uma América ainda mais perigosa e violenta, onde todos estão armados e nenhum lugar é mais seguro", disse o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, após o discurso do executivo-chefe da NRA, Wane LaPierre, dizendo que "a única coisa que consegue parar um cara mal com uma arma é um cara bom com uma arma."
O prefeito de Nova York, que não pertence nem à ala republicana nem à democrata, luta há anos por leis mais rígidas de controle de armas. A vice-diretora do grupo pacifista Code Pink, Medea Benjamin, acusou a NRA de negar a realidade. "Eles colocaram a culpa pela violência em tudo, menos nas próprias armas."
Neste sábado (22/12), o jornal New York Times classificou as considerações do vice-presidente da NRA como "mentirosas, enlouquecidas" e "injúrias confusas de ódio."
Discurso controverso
Em seu discurso, LaPierre disse que videogames violentos, Hollywood e a mídia também compartilhavam a culpa pelo massacre em Newtown. Ele exigiu dos políticos que colocassem policiais armados em todas as escolas do país, quando as crianças voltarem das férias do fim de ano.
"A NRA empregará todo o seu conhecimento, toda sua dedicação e todos os seus recursos no desenvolvimento de um modelo de escudo escolar nacional, um programa emergencial de resposta para qualquer escola nos EUA que o desejar", disse LaPierre, que não aceitou nenhuma pergunta dos jornalistas.
O discurso de LaPierre foi interrompido duas vezes por manifestantes que gritavam e seguravam cartazes com os dizeres "A NRA está matando nossas crianças" e "A NRA tem sangue em suas mãos".
Leis mais rígidas
Uma semana após o massacre de Newtown, muitos norte-americanos lembraram as vítimas da chacina nesta sexta-feira com um minuto de silêncio. Os sinos dobraram em muitas localidades da costa leste do país.
Ainda na sexta-feira, diversas estrelas de Hollywood, entre elas as atrizes Gwyneth Paltrow, Julianne Moore e Jamie Foxx, divulgaram um vídeo em que defendem a proibição de armas de fogo automáticas. Os artistas também pedem uma avaliação mais criteriosa dos comerciantes de armas. O último tiroteio e os ocorridos em anos passados foram enumerados pelos atores no vídeo: "Columbine. Virgina Tech. Tucson. Aurora. Fort Hood. Oak Creek. Newtown." "E quantos mais?", questionam.
O presidente norte-americano, Barack Obama, declarou apoiar a aprovação de leis mais rígidas de controle de armas. Uma comissão chefiada pelo vice-presidente dos EUA, Joe Biden, deverá fazer sugestões nas próximas semanas de como tais atos de violência poderão ser evitados no futuro.
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Revisão: Mariana Santos