Craque se torna centro do debate sobre vacinação na Alemanha
26 de outubro de 2021
Kimmich, do Bayern e da seleção alemã, admitiu que não se vacinou contra covid-19 por temer “efeitos de longo prazo” dos imunizantes. Declaração gera enorme repercussão e é contestada por especialistas.
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Joshua Kimmich, uma das maiores de estrelas da equipe do Bayern de Munique e da seleção de futebol alemã, se viu inesperadamente no centro do debate em torno da vacinação contra a covid-19.
O atleta de 26 anos, cotado para ser o capitão de sua equipe por suas qualidades de liderança, confirmo que ainda não se vacinou contra a covid-19. Ele disse que se preocupa com a falta de um estudo sobre os "efeitos de longo prazo” dos imunizantes. Ainda está considerando no caso, mas é "bem possível” que se vacine.
O partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), que se opõe publicamente às medidas para conter a doença na Alemanha, saudou a fala de Kimmich. Já os que apoiam a vacinação como um caminho para o retorno à normalidade expressaram consternação, num momento em que os números da covid-19 voltam a subir na Alemanha.
A especialista médica Alena Buyx, presidente do Conselho de Ética da Alemanha, disse que Kimmich foi "pego pela desinformação”. "Ele está muito mal orientado. Isso é algo que agora se espalha, e seria ótimo se ele utilizasse essa plataforma para receber melhores conselhos sobre como ser um exemplo nessa questão. É importante esclarecer que esse tipo de efeitos de longo prazo não existe.”
"Quanto mais gente estiver vacinada, menos perigoso se torna o vírus”, afirmou o técnico do RB Leipzig, o americano Jesse Marsch.
O porta-voz do governo alemão Steffen Seibert disse nesta segunda-feira (25/10) que existem "respostas claras e convincentes” aos questionamentos feitos por Kimmich por parte de especialistas nacionais e internacionais, e que espera que o jogador "deixe essa informação chegar até ele, e assim, talvez se decida a favor da vacinação”.
Segundo as autoridades de saúde alemãs, pouco mais de 55 milhões – 66,2% da população alemã – completaram o esquema vacinal. As crianças com menos de 12 anos ainda não estão sendo imunizadas.
Craque lamenta "polarização" do debate
A relutância do atleta em se vacinar surpreendeu a muitos, devido ao seu envolvimento na criação da campanha de arrecadação de fundos We Kick Corona ("Nós chutamos o corona”), que iniciou juntamente em março de 2020 com o Bayern de Munique e com seu companheiro de equipe Leon Goretzka.
A iniciativa conseguiu arrecadar milhões de euros para que organizações de caridade pudessem continuar trabalhando durante a pandemia. Uma parte do dinheiro também foi para organizações médicas.
"Também doamos ao Unicef, que disponibilizou vacinas. A questão era que há países sem acesso a vacinas”, disse Kimmich no último sábado, após a vitória do Bayern sobre o Hoffenheim pelo campeonato alemão.
"Acho que cada um deve tomar essa decisão por si próprio, e não pode ocorrer de alguém não ter acesso. Mas, se você tomar a decisão de fazê-lo, então devemos fazer todo o possível para assegurar que consiga a vacina”, explicou o jogador.
Kimmich negou ser contra a vacinação. "Acho lamentável nesse debate, que seja apenas sobre se você é vacinado ou não é vacinado, e caso não seja, é automaticamente um negacionista da covid ou opositor da vacina”.
"Mas, há outros, em suas casas, que, acho eu, estão simplesmente pensando a respeito, qualquer que seja o motivo. Acho que eles devem ser respeitados, especialmente se obedecem as diretrizes.” Ele acrescentou que é testado regularmente, e que os testes são pagos pelo Bayern.
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Acesso limitado aos estádios
A liga alemã de futebol, assim como as equipes, não divulgam quais jogadores estão ou não vacinados. Desde o início da pandemia, vários contraíram o coronavírus.
Kimmich, certamente, não é o único jogador não vacinado, mas sua posição como líder no Bayern e na seleção – recentemente, foi o capitão da seleção, na ausência do goleiro Manuel Neuer – significa que suas declarações têm um certo peso.
"Como exemplo, mas também por razões práticas, seria melhor se ele se vacinasse” afirmou o ex-jogador e ex-CEO do Bayern Karl-Heinz Rummenigge. Seu sucessor, o ex-goleiro Oliver Kahn, disse que a posição do clube é somente "recomendar que todos se vacinem”, mas que também deve-se respeitar quem tem "uma ou outra opinião”.
O técnico do Bayern, Julian Nagelsmann, está atualmente em isolamento após ser diagnosticado com covid-19. Com o ciclo vacinal completo, ele se recupera bem da doença. Nos últimos dois jogos, comunicou-se com o auxiliar técnico através de mensagens.
Na maior parte da temporada passada, as partidas ocorreram sem público. Recentemente os torcedores puderam voltar aos estádios, ainda que sob condições rígidas. A maioria das equipes exige que os espectadores estejam vacinados, recuperados ou que apresentem testes recentes com resultado negativo, para poder assistir as partidas ao vivo.
Entretanto, alguns clubes passaram a permitir o acesso somente de vacinados ou recuperados. Se essa regra se aplicasse também aos jogadores, Kimmich não poderia comparecer a essas partidas, assim como outros jogadores não vacinados.
Especialistas contradizem jogador
O presidente da Comissão Permanente de Vacinação (Stiko) da Alemanha, Thomas Mertens, avalia a discussão em torno do episódio Joshua Kimmich como um "absurdo sem limites”. Ele avalia que o debate sobre o caso de um jogador de futebol é "excessivo”.
Mertens diz que a decisão de Kimmich é pessoal, e assim deveria permanecer. Porém lembrou que os efeitos de longo prazo das vacinas "ou não ocorrem, ou são extremamente raros”. "O fato de que hoje serei vacinado e que haverá efeitos colaterais no ano que vem não existe, nunca ocorreu e não ocorrerá.”
Ingo Fröbose, cientista esportivo e professor de prevenção e reabilitação no esporte na Universidade Esportiva de Colônia, alerta para os efeitos de longo prazo da covid-19. O risco que Kimmich corre seria bastante grande, já que "os maiores problemas com atletas não vacinados são associados à covid longa”. O especialista ressalta que as sequelas de uma infecção com o novo coronavírus podem resultar no fim de carreiras esportivas.
rc/av (AP, ots)
Celebridades e políticos que testaram positivo para covid-19
Várias estrelas de cinema contraíram o coronavírus. A doença varreu a elite política global e afetou também os melhores atletas.
Foto: Joshua Roberts/Reuters
Emmanuel Macron
O presidente da França foi diagnosticado com o coronavírus dias depois de uma cúpula dos líderes da União Europeia, o que levou várias autoridades do bloco a adotarem o isolamento. Nos dias que antecederam o resultado, ele se reuniu também com lideranças políticas da França e membros de seu gabinete. Seus assessores disseram que ele mantém estilo de vida saudável e se exercita regularmente.
Foto: Lewis Joly/AP Photo/picture alliance
Donald Trump
Após menosprezar a doença durante meses, o presidente dos Estados Unidos confirmou que ele e a primeira-dama, Melania Trump, estavam infectados com o coronavírus em plena reta final de sua campanha à reeleição. Trump raramente aparecia em público usando máscaras de proteção e ignorou em diversas ocasiões os alertas das autoridades de saúde.
Foto: picture-alliance/CNP/A. Drago
Andrzej Duda
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, testou positivo para o coronavírus, anunciou um porta-voz no dia 24 de outubro. Dias antes, ele esteve em um fórum de investimento na Estônia, onde se encontrou com o presidente búlgaro, Rumen Radev, que entrou em isolamento profilático depois de ter contato com alguém infectado em seu país de origem. No entanto, não foi confirmado como Duda se contaminou.
Foto: Photoshot/picture-alliance
Andrea Bocelli
O tenor italiano Andrea Bocelli testou positivo para o novo coronavírus em março. Ele relatou que teve apenas febre leve, e no mês seguinte, já fez uma apresentação na Catedral de Milão, vazia devido às regras de restrição.
Foto: Getty Images/S.Legato
Robert Pattinson
O ator, de 34 anos, mais conhecido por estrelar como o vampiro Edward Cullen na saga cinematográfica "Twilight", testou positivo para covid-19, obrigando a produção de "The Batman" a uma pausa apenas três dias depois de ter retomado trabalhos. Pattinson, que também foi Cedric Diggory na adaptação cinematográfica de "Harry Potter e o cálice de fogo", sucede Ben Affleck como o Homem Morcego.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/E. Chesnokova
Dwayne 'The Rock' Johnson
O lutador que virou estrela de cinema se tornou uma das mais recentes celebridades a contraírem covid-19. Em um vídeo no Instagram, Johnson revelou que ele, sua esposa e duas filhas testaram positivo — acrescentando que ele teve "uma experiência difícil" com os sintomas. Ele também pediu às pessoas que parem de "politizar" a pandemia e "usem máscara".
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Shotwell
Neymar
O craque brasileiro é um dos três jogadores do PSG a contraírem o vírus, informou a agência de notícias AFP em 2 de setembro. Acredita-se que o surto no clube esteja relacionado a uma viagem de férias que o time fez à ilha espanhola de Ibiza. Posteriormente, Neymar postou uma foto no Instagram com seu filho, que também supostamente testou positivo: "Obrigado pelas mensagens. Estamos todos bem".
Foto: Getty Images/AFP/D. Ramos
Silvio Berlusconi
O ex-premiê italiano de 83 anos testou positivo para o vírus e estaria assintomático, segundo anúncio de seu médico em 2 de setembro. Dois dos filhos de Berlusconi e sua namorada de 30 anos também testaram positivo. O ex-premiê testou positivo depois de passar férias na costa da Sardenha, onde os ricos e famosos da Itália costumam desdenhar das políticas de restrição.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Vojinovic
Usain Bolt
A lenda do atletismo Usain Bolt testou positivo poucos dias depois de realizar uma festa para comemorar seu 34º aniversário no final de agosto. O detentor do recorde para os 100 e 200 metros rasos disse que entrou em quarentena, mas que não estava exibindo sintomas. Vídeos da festa de aniversário ao ar livre de Bolt mostraram convidados sem máscaras durante a celebração.
Foto: Reuters/M. Childs
Antonio Banderas
O ator espanhol teve uma surpresa indesejável em seu 60º aniversário em meados de agosto, depois de um teste positivo para o coronavírus. Banderas disse que passou seu aniversário isolado e que estava "mais cansado do que de costume", mas "esperando se recuperar o mais rápido possível".
Foto: picture-alliance/Captital Pictures
Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro, que repetidamente minimizou a gravidade da pandemia, contraiu o vírus em julho. Ele foi criticado por ignorar as medidas de segurança recomendadas por especialistas em saúde antes e depois de seu diagnóstico, incluindo apertar as mãos e abraçar apoiadores na multidão. Sua mulher, Michelle, e os filhos Jair Renan e Flávio também testaram positivo.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Peres
Tom Hanks
O ator Tom Hanks e sua mulher, a atriz e cantora Rita Wilson, foram algumas das primeiras celebridades a anunciar que contraíram o vírus. O casal testou positivo para a covid-19 em meados de março, quando estava na Austrália. Depois de se recuperar e retornar aos Estados Unidos, Hanks defendeu que as pessoas façam sua parte para retardar a propagação da doença.
Foto: picture-alliance/AP/Invision/J. Strauss
Sophie Gregoire Trudeau
Sophie Gregoire Trudeau, mulher do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, testou positivo para coronavírus depois de retornar do Reino Unido em meados de março. O marido dela anunciou ter se isolado na residência oficial, mesmo sem apresentar sintomas da enfermidade.
Foto: Reuters/P. Doyle
Boris Johnson
No final de março, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, contraiu o coronavírus que o levou ao hospital por vários dias. Johnson passou uma semana em um hospital em Londres e três noites na UTI, onde recebeu oxigênio e foi observado 24 horas por dia. Ele teve alta em meados de abril, e os funcionários do hospital receberam o crédito de ter salvado sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Dawson
Ambrose Dlamini
O primeiro-ministro de Essuatíni (antiga Suazilândia), Ambrose Dlamini, contraiu o coronavírus e morreu em decorrência da covid-19, em dezembro de 2020. Ele tinha 52 anos e chegou a ser internado em um hospital da África do Sul, mas não resistiu.
Foto: RODGER BOSCH/AFP
Hamilton Mourão
O vice-presidente, Hamilton Mourão, anunciou no final de dezembro de 2020 que havia testado positivo para a covid-19. Ele ficou 12 dias em isolamento no Palácio do Jaburu, em Brasília. Antes de receber o diagnóstico, o vice-presidente teve dor no corpo, dor de cabeça e febre que não passou de 38 graus. Em março de 2021, ele recebeu a primeira dose da Coronavac.
Foto: Sergio Lima/AFP
Larry King
O lendário apresentador de TV americano Larry King morreu em janeiro de 2021, em decorrência da covid-19. Ele tinha 87 anos e comandava um tradicional programa de entrevistas na CNN há mais de duas décadas.
Foto: Radovan Stoklasa/REUTERS
Alberto Fernández
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, de 62 anos, anunciou no começo de abril de 2021 que contraiu o coronavírus. Segundo a Unidade Médica Presidencial, ele não teve sintomas, graças à imunização pela vacina russa Sputnik V, recebida dois meses antes.