1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Credores privados decidem sobre corte da dívida grega

8 de março de 2012

Se 90% dos credores da Grécia colaborarem, corte terá sido "voluntário". Comissário de Finanças da UE aponta vantagens para investidores privados. Especialistas mostram-se céticos.

Foto: picture-alliance/dpa

Nesta quinta-feira (08/03), às 22h (hora local) será fechado em Atenas o assim chamado "livro dos dispostos", em que bancos, seguradoras e outras instituições financeiras podem se registrar para participar do corte de dívida. No dia seguinte, por conferência telefônica, os ministros das Finanças da zona do euro já farão um primeiro balanço do planejado corte.

Nos últimos dias, o Ministério grego das Finanças escreveu a todos os investidores que possuem antigos títulos de dívida pública, propondo uma troca por novos. Os papéis que, até agora, tinham valor de 100 euros, serão substituídos por vários outros, num total de 46,50 euros. Ao mesmo tempo, sua duração será prorrogada para até 30 anos, e a taxa de juros, reduzida.

Teoricamente, a perda do valor para o investidor pode ultrapassar os 70%. Para tornar a troca mais atraente, quem garante 15% dos novos títulos de dívida pública não é mais o Estado grego, mas sim o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF). Por isso, é necessária a aprovação dos ministros de Finanças da União Monetária Europeia.

Marca mágica dos 60%

Na noite da quinta feira, o chefe da pasta de Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, fará um balanço total para constatar as chances de se atingir a participação necessária dos credores no corte da dívida. Se cerca de 60% de todos os investidores privados acederem, então, segundo a lei nacional, os demais poderão ser forçados a igualmente participar.

Venizelos ameaça esses "não dispostos" com condições posteriores menos favoráveis, ou seja, maiores prejuízos. Porém ele acredita não ser preciso chegar a tal ponto, e se esforça por uma quota superior a 90%, de forma que o perdão da dívida possa ser declarado "voluntário". Caso a participação fique entre 60% e 90%, provavelmente teriam que ser acionados os assim chamados credit default swaps – ou seguros cruzados contra inadimplência – que os bancos fecharam entre si para o caso de uma falência da Grécia.

Ministro Venizelos (esq.) e premiê grego Papademos, em BruxelasFoto: AP

Porém caso menos de 60% de todos os portadores de títulos concordem em participar, então terá fracassado o maior corte de dívida da história. Segundo cálculos do Instituto Internacional de Finanças (IIF), a possível bancarrota nacional desordenada que se seguiria, acarretaria custos de 1 trilhão de euros. A informação foi divulgada pelo jornal grego Athens News, citando um documento confidencial.

"Interessante para o setor privado"

Um relatório interno revela que os inspetores da Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu partem do princípio que não se alcançará o perdão "voluntário" da dívida – isto é, com a participação de 90% dos credores. Em contrapartida, o comissário da União Europeia para Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, afirma-se otimista, "pois a situação continua sendo financeiramente interessante para o setor privado".

Os bancos privados alemães colaborarão para o perdão da dívida, assim como o banco KfW, do governo federal em Berlim. A maior parte dos títulos públicos gregos está em mãos dos bancos, fundos de aposentadoria e planos de saúde da Grécia. Após conferência no Ministério grego das Finanças, os bancos maiores se declararam dispostos a participar; outros investidores ainda não haviam se decidido de forma definitiva.

Chances para Grécia são apertadasFoto: AP

O governo grego pretende anunciar através da internet na manhã desta sexta-feira quantos investidores privados pretendem participar do corte da dívida.

Se na sexta-feira ficar constatado que os pré-requisitos para o corte estão preenchidos, a troca efetiva dos títulos já transcorre durante o fim de semana, e o perdão da dívida estará consumado para a abertura das bolsas de valores, na segunda-feira. A meta é a redução nominal da dívida grega em 107 bilhões de euros: no momento ela monta a 350 bilhões de euros.

Autoria: Bernd Riegert (av)
Revisão: Carlos Albuquerque

Pular a seção Mais sobre este assunto

Mais sobre este assunto

Mostrar mais conteúdo