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Protestos na Síria

23 de abril de 2011

Secretário-geral das Nações Unidas e presidente norte-americano condenam repressão contra população síria. Violência das forças de segurança radicalizou os manifestantes, que agora exigem a renúncia do presidente Assad.

Protestos contra Assad na cidade de BaniasFoto: AP

A crítica internacional à brutal repressão do movimento oposicionista na Síria, pelo regime do presidente Bashar al-Assad é cada vez mais dura. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exigiu o fim imediato das agressões e uma investigação independente, transparente e eficiente das mortes. O porta-voz da ONU Martin Nesirky reforçou que o governo sírio deve urgentemente passar a respeitar os direitos humanos.

Segundo relatos de ativistas dos direitos humanos e membros da oposição em Damasco, atiradores camuflados do aparato de segurança estatal mataram 112 manifestantes durante os protestos desta sexta-feira (22/04). Na véspera, Assad suspendera o estado de emergência que vigorou no país por quase 50 anos, além de introduzir outras reformas, como a eliminação dos tribunais de segurança estatal e a legalização de manifestações políticas.

Entretanto, para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a atuação brutal das autoridades anula essas conquistas recentes. Obama condenou a repressão contra a população síria. A violência tem que acabar e Assad precisa considerar as exigências de liberdade de opinião e de reunião feitas pela população, acrescentou.

Protestos em BaniasFoto: AP

Revolta em todo o país

Mais de 100 mil pessoas foram às ruas da Síria nesta sexta-feira, exigindo o fim da ditadura. Nunca tantos cidadãos haviam se manifestado em prol do cumprimento dos direitos humanos no país, mesmo correndo perigo de vida. Nas palavras de seu secretário-geral, Amre Mussa, a Liga Árabe apoia o "clamor dos povos árabes por uma mudança".

Segundo o portal árabe de negócios e notícias zawya.com, um grupo da rede social Facebook foi o motor dos protestos sem precedentes que integraram muçulmanos e cristãos na Sexta-Feira Santa. Na fé islâmica, a sexta-feira é tradicionalmente dia de descanso, e as manifestações se iniciaram após as preces semanais nas mesquitas.

Somente na cidade de Asraa, no sul da Síria, foram mortos pelo menos 18 manifestantes. Nos subúrbios da capital, Damasco, houve sete vítimas fatais, em Homs, no norte sírio, 16, no mínimo. Centenas de pessoas ficaram feridas.

Partindo dos subúrbios, manifestantes tentaram chegar até o centro da capital, no que foram impedidos com violência pelos agentes do Estado. Segundo testemunhas oculares, policiais empregaram gás lacrimogêneo contra os manifestantes em Damasco.

Tiros de tocaia

Testemunhas oculares do "massacre da sexta-feira", como está sendo chamado por alguns grupos oposicionistas, também afirmam que os tiros fatais não foram disparados por policiais uniformizados, mas sim por atiradores à paisana, escondidos nos telhados e atirando a esmo na multidão, com o fim de causar pânico.

A mídia fiel ao Estado os descreveu como "armados não identificados". Segundo a agência estatal Sana, vários deles foram capturados pelas forças de segurança.

Os oposicionistas, contudo, afirmam tratar-se de funcionários do serviço secreto de Assad. Pois seria difícil acreditar que atiradores tivessem se organizado e conseguido se postar nos telhados dos grandes centros urbanos sem serem percebidos pelo poderoso aparato estatal de polícia e serviço secreto.

Lei quase marcial

Na quinta-feira, a oposição síria recebera com reservas as reformas anunciadas pelo regime. "Trata-se de um passo positivo, mas cuja aplicação deve ser observada com cuidado", comentou Rami Abdul Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres.

Ao suspender o estado de exceção, o presidente sírio atendeu a uma exigência central dos manifestantes. A legislação quase marcial permitia a Bashar al-Assad – e, antes, a seu pai Hafiz – prender cidadãos arbitrariamente e perseguir toda oposição política por meios burocráticos e com o serviço secreto.

Também a extinção dos tribunais de segurança estatal é mais um passo em direção à reforma do regime. Diante dessas cortes, era quase nula a possibilidade de os réus se defenderem, e muitas vezes as confissões eram arrancadas através de tortura.

Militares do regime Assad em HomsFoto: AP

Entretanto, a atual escalada de violência pode ser um indicador de que as concessões estatais chegaram tarde demais. A violência das forças de segurança – que já custou mais de 300 vidas desde o início dos protestos – radicalizou os manifestantes. Na sexta-feira, dominava o clamor pela renúncia de Assad e por uma mudança de regime, embora, até então, as exigências fossem por reformas reais e maior liberdade.

Símbolos da ditadura também sofreram ataques dirigidos: em Damasco, uma estátua de Hafiz al-Assad foi derrubada e pisoteada. O pai do atual presidente fundou a dinastia familiar em 1963, através de um golpe de Estado. Após sua morte, em 2000, Bashar assumiu o poder.

AV/dw/dpa/rtr/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer

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