1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Cresce tendência de casa própria na Alemanha

Diana Fong (bt)12 de setembro de 2006

Atualmente mais da metade dos alemães vivem de aluguel, um dos mais altos índices da União Européia. Analistas de mercado dizem, no entanto, que esse perfil já começa a mudar.

Cerca de 10 mil moradias serão colocadas à venda nos próximos 10 anos no paísFoto: PA/dpa

Está mais fácil comprar um imóvel residencial na Alemanha. De acordo com especialistas em mercado imobiliário, as instituições bancárias já começam a oferecer pacotes de financiamento mais flexíveis e as novas gerações, ao contrário das anteriores, incluem a compra de uma casa ou apartamento entre as prioridades da família.

Segundo Tobias Just, economista sênior do Deutsche Bank, os bancos alemães estão atentos às novas demandas e têm facilitado condições de crédito. "Na Alemanha, muitos jovens simplesmente não conseguem pagar uma entrada de 30% sobre o preço de um imóvel. No Reino Unido e especialmente na Holanda, os bancos têm oferecido financiamento de até 100% do valor da moradia. Os bancos alemães ainda não chegaram a esse ponto, mas estão competindo para oferecer pacotes de financiamento cada vez mais flexíveis", disse.

Atualmente apenas 43% dos alemães moram em casa própria. O percentual, para os padrões da União Européia, é baixo. Na Espanha, por exemplo, 82% da população vive em imóvel próprio. Os números são da Eurostat, agência oficial de estatísticas da UE. Porém, na Alemanha, já há sinais de mudança deste quadro. De acordo com recente pesquisa do instituto Infratest, 80% dos entrevistados gostariam de adquirir um imóvel para morar.

Geração pós-guerra

Os bombardeios da Segunda Guerra causaram um déficit habitacionalFoto: Staatsbibliothek zu Berlin - Preußischer Kulturbesitz

O executivo do Deutsche Bank destaca que historicamente, no período após a Segunda Guerra Mundial, morar de aluguel na Alemanha era bem mais vantajoso, já que muitas cidades foram severamente bombardeadas e as pessoas não tinham dinheiro para construir casas. Como resposta ao déficit habitacional, o poder público adotou uma política sólida de construção, fazendo conjuntos de prédios residenciais e casas geminadas a serem alugados à população.

De acordo com Just, a diminuta oferta de habitações durou até os anos 1970. "Apesar da alta demanda, os aluguéis permaneceram estáveis e baratos. O fato de que o proprietário dos imóveis era freqüentemente o município ou alguma entidade pública fazia com que os aluguéis fossem subsidiados e, conseqüentemente, abaixo dos valores de mercado", avalia.

Porém, os subsídios para os inquilinos sofreram significativos cortes nos últimos anos, especialmente depois das reformas trabalhistas e do sistema de previdência levadas a cabo durante o governo de Gerhard Schröder. Uma estimativa do Dresdner Bank dá conta de que nos próximos dez anos cerca de dez mil moradias, atualmente alugadas, serão colocadas à venda, abrindo uma chance de compra para os respectivos inquilinos.

Segundo Thomas Beyerle, especialista de mercado imobiliário do Dresdner Bank, será uma grande chance para muitos alemães saírem do aluguel. "Os inquilinos deveriam considerar seriamente a possibilidade de adquirir o próprio teto, especialmente para buscar uma segurança para a velhice. Até porque, se eles não o fizerem, correrão o risco de que outra pessoa compre e queira ocupar o imóvel", disse.

Bons preços em Berlim

Os preços de imóveis em Berlim estão entre os mais baixos entre as capitais européiasFoto: dpa

O preço médio de um apartamento de dois quartos construído no início do século passado e inteiramente renovado, no setor leste de Berlim, chega a 224.000 euros. Apesar de elevado para padrões brasileiros, o preço é baixo se comparado com outras capitais européias, segundo Beyerle. Ainda assim, apenas 11% dos moradores de Berlim possuem casa própria.

Em cidades como Frankfurt, Munique, Hamburgo, Stuttgart, Colônia e Leipzig a realidade não é muito diferente: o número de pessoas que vivem de aluguel é cinco vezes maior que o dos que são donos do imóvel em que moram. Além disso, o mercado imobiliário alemão sofreu uma estagnação nos últimos dez anos, ao contrário da maioria dos demais países do continente.

De acordo com Bernd Katzenstein, porta-voz do Instituto Alemão de Pensões (DIA), os imóveis na Alemanha não são baratos, mesmo custando geralmente menos que em outros países da Europa Ocidental.

"Nos Estados Unidos, por exemplo, o valor de uma casa ou apartamento de padrão médio corresponde, geralmente, a duas ou três vezes a renda anual da família compradora. Mas na Alemanha, em virtude dos altos custos dos terrenos, o preço é cerca de seis vezes a renda anual", compara Katzenstein.

Imóvel para a vida toda

O mercado imobiliário nos EUA é mais dinâmico que na EuropaFoto: AP

Além disso, segundo ele, o aspecto cultural também desempenha um papel importante nesse quadro, já que o alemão e o norte-americano têm concepções diferentes a respeito da moradia.

"Nos Estados Unidos, uma casa é vista como commodity. O cidadão compra ainda solteiro o primeiro apartamento, depois de casar-se o vende e compra um maior. Quando chegam os filhos, normalmente opta-se por uma casa e quando os filhos deixam o lar, o casal vai para um condomínio. Na Alemanha um imóvel é para a vida toda", declara o porta-voz do DIA.

Mas, segundo o especialista em mercado imobiliário do Dresdner Bank, esse comportamento deve começar a mudar entre as novas gerações alemãs. Ele observa que o conceito de Lebensabschnittsimmobilien – em outras palavras, residir em um imóvel diferente a cada fase da vida – está aos poucos aumentando no país. "O percentual de moradores com casa própria deve crescer", prevê Beyerle.

Pular a seção Mais sobre este assunto