Onda de ataques contra requerentes de asilo em região de acampamento de refugiados preocupa autoridades francesas, mas moradores também relatam violência policial. Prefeitura anuncia novas remoções.
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O número de ataques contra migrantes na região de Calais, no norte da França, e em outras partes de país tem aumentado, de acordo com voluntários e moradores.
Na quinta-feira, a polícia prendeu sete suspeitos armados com bastões de ferro que pretendiam atacar curdos iraquianos próximo ao acampamento onde vivem quase 4 mil migrantes que tentam alcançar o Reino Unido pelo Eurotúnel. O grupo teria ligação com a extrema-direita francesa.
"A ideia que eles vendem é que há muitos migrantes na França", afirmou o promotor Eric Fouard.
De acordo com um centro de atendimento judiciário a refugiados em Calais, os migrantes também são vítimas de violência policial.
"Tem um menino de 13 anos que teve um pé quebrado. E dez dias antes de ser atacado pela polícia, teve o nariz quebrado por racistas", conta Marianne Humbersot, que recebe as denúncias.
A quantidade de ataques nos últimos meses sugere que as ações têm sido coordenadas por grupos xenófobos. Na semana passada, apoiadores do movimento Pegida marcharam em Calais em protesto contra a presença de migrantes.
Remoções
Mais de mil moradores do acampamento terão de deixar o local, anunciaram autoridades locais nesta sexta-feira (12/02).
Segundo a prefeita de Pas-de-Calais, Fabienne Buccio, o plano de remover pessoas que vivem em barracas na região afeta metade da área conhecida como "selva". Buccio já sugeriu que pretende esvaziar o campo.
A operação terá início na segunda-feira. Buccio disse que os agentes vão orientar os migrantes a se mudar para containeres, com capacidade para 1,5 mil pessoas, instalados ao redor do acampamento ou concordar em serem enviados a outros centros de acolhida na França.
Em meio a lixo e lama, voluntários e requerentes de asilo da Síria, Iraque, Afeganistão e países do norte da África construíram lojas, igrejas, mesquitas e escolas.
A prefeitura estima que cerca de 3,5 mil migrantes estejam vivendo no acampamento. Meses atrás, eram mais de 6 mil. A prefeitura quer que apenas 2 mil migrantes fiquem no local.
KG/ap/rtr
O poder das cercas
Muro que dividia a Alemanha caiu há 26 anos. Contudo, diante da onda de refugiados, o apelo por instalações fronteiriças é cada vez maior em diversos locais da Europa. Aqui, uma visão geral dessas barreiras pelo mundo.
Foto: picture-alliance/dpa
Hungria fecha portas
O governo do primeiro-ministro Viktor Orbán levantou uma cerca na fronteira com a Sérvia e também fortificou a com a Croácia, país-membro da União Europeia. A Hungria faz parte do Espaço Schengen, onde os controles fronteiriços foram basicamente abolidos. A maioria dos refugiados que chega da Grécia através da chamada rota dos Bálcãs, quer vir para a Áustria ou a Alemanha.
Foto: DW/V. Tesija
Posto avançado europeu
As instalações de fronteira em Melilla, enclave espanhol no norte do Marrocos, contam entre as mais modernas do mundo. Assim como em Ceuta, uma cerca de seis metros de altura e dez quilômetros de extensão circunda a cidade. Equipada com "arame farpado da Otan", câmeras infravermelhas e sensores de ruído e movimento, a fortificação visa desencorajar os refugiados africanos.
Foto: Getty Images
Ilha dividida
A chamada Linha Verde no Chipre consiste de cercas de arame farpado, escombros, torres de vigilância e seções de muro. Ao longo de 180 quilômetros, ela divide a ilha em uma parte turca no norte e uma grega, no sul. Vigiada por milhares de soldados em ambos os lados, desde a queda do Muro de Berlim Nicósia passou a ser a maior capital dividida do mundo.
Foto: picture-alliance/dpa/R.Hackenberg
Muro entre EUA e México
Cerca de 20 mil policiais controlam ininterruptamente a fronteira entre EUA e México. Apelidada "Tortilla Wall", a barreira se estende por 1.126 quilômetros. A construção é assegurada por câmeras de vídeo e infravermelhas, dispositivos de visão noturna, detectores de movimento, sensores térmicos e drones. Sua função é evitar a imigração ilegal e o contrabando de drogas.
Foto: dpa
Terra Santa entre dois povos
Somente em poucos pontos de controle é possível atravessar a fronteira entre os territórios palestinos e Israel, como aqui em Jerusalém. O objetivo das instalações fronteiriças é a defesa contra ataques terroristas palestinos. Apesar das fortificações e da vigilância, os palestinos conseguem contrabandear regularmente armas e outros bens, através de um sistema de túneis na Faixa de Gaza.
Foto: picture-alliance/Landov
"Zona desmilitarizada" na Coreia
Ela é considerada a fronteira mais fortificada e controlada do mundo. Um milhão de minas, arame farpado e torres de controle separam a Coreia do Sul da parte comunista da península. Em ambos os lados dos 248 quilômetros da linha demarcatória, encontra-se uma "zona desmilitarizada" de dois quilômetros de largura, onde é proibido entrar. Ela foi criada após o fim da Guerra da Coreia (1950-1953).
Foto: picture alliance/AP Photo
Linha de paz na Irlanda do Norte
Um total de 48 "linhas de paz" separa católicos e protestantes na Irlanda do Norte. Na capital Belfast, o sistema fronteiriço consiste de um muro de sete metros de altura, composto por tijolos, cerca de arame farpado, concreto e grades. O muro possui passagens para pedestres e portões para o tráfego, que são fechados à noite.
Foto: Peter Geoghegan
"Cerca de proteção" indiana
Trata-se da maior instalação de fronteira do mundo: a Índia decidiu construir 4 mil quilômetros de "cerca de proteção" na fronteira com Bangladesh, país considerado pelos indianos como reduto de terroristas. A "linha zero" é uma cerca elétrica de até dois metros de altura, guarnecida de arame farpado. Aprximadamente 50 mil soldados controlam o sistema fronteiriço.
Foto: S. Rahman/Getty Images
Muro de Berlim
Ele fez parte da recente história mundial e foi condenado durante décadas de "faixa da morte". A queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 marcou o início do processo de Reunificação das duas Alemanhas e o fim da Guerra Fria. Contudo, o apelo desse evento histórico não pôde impedir que até hoje barreiras e demarcações dominem a política mundial.