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Criança fica ferida em protestos contra medidas anticovid

27 de dezembro de 2021

Polícia alemã afirma que vai indiciar mãe por levar criança para protesto não autorizado que terminou em confronto. Presidente de sindicato de policiais diz que alguns pais estão usando filhos como "escudos" em protestos

Foto à noite mostra close das luzes de um carro de polícia.
Foto: Wedel/Kirchner-Media/picture alliance

Uma criança de quatro anos ficou ferida na noite deste domingo (26/12) na Alemanha em uma manifestação contra medidas do governo para controlar a disseminação do coronavírus.

De acordo com a polícia, cerca de 3 mil pessoas protestaram na cidade de Schweinfurt, no estado da Baviera, algumas delas de forma violenta.

Os policiais teriam tentado acalmar o clima de tensão entre alguns manifestantes. No entanto, os agentes acabaram sendo feridos com "socos e chutes, em alguns casos moderadamente fortes", segundo a polícia.

Além disso, os agentes foram "insultados e alvos de cuspidas" por algumas pessoas presentes no protesto. Houve confronto entre a polícia e um grupo, e os agentes precisaram conter alguns manifestantes com o uso de cassetetes e spray de pimenta.

Uma nuvem de gás atingiu a criança, que, de acordo com a polícia, foi levada imediatamente pelas equipes de segurança para atendimento médico. Ela foi tratada para irritação ocular e passa bem.  

A polícia informou também que foi feita uma queixa contra a mãe e apelou a todos os pais com filhos que "fiquem longe de agressores violentos". 

"Pedimos a todos os participantes que exerçam pacificamente seus direitos básicos e cumpram as regras", acrescentou a polícia da Baixa Francônia pelo Twitter, reforçando para que manifestante pacíficos ficassem afastados dos desordeiros.

A mãe foi também criticada pelo presidente do sindicato das polícias da Alemanha, Oliver Malchow, que acusou alguns pais de usarem seus filhos "como escudos" nos protestos de Covid.

"Esses pais e mães aceitam que seus filhos participem de confrontos violentos", disse Malchow ao jornal Rheinische Post.

Neonazista entre os participantes

Oito pessoas que tentaram romper as barreiras policiais à força foram presas – quatro com audiências marcadas já para esta segunda-feira pela manhã devido a agressões aos policiais.

Os agentes também identificaram quatro pessoas que teriam organizado a manifestação, que não foi informada previamente às autoridades. Eles serão julgados em uma data posterior.

De acordo com informações da rede BR, um neonazista que faz parte do partido extremista de direita "Terceira Via" esteve no protesto, assim como outros extremistas de direita. Posteriormente, a pequena sigla usou os incidentes da manifestação com fins políticos.

"A tropa do cassetete do sistema está atacando seus próprios cidadãos", postaram em seus canais na internet.

Após a manifestação, a polícia da Baixa Francônia apelou aos participantes, em um comunicado à imprensa, que "não deixe que extremistas de direita, cidadãos do Reich ou antissemitas se apoderem de vocês".

Ataques a polícia e ao governo

Grupos do movimento Querdenker (pensamento lateral) vêm usando os incidentes de domingo para incitar os integrantes contra a polícia e o governo.

Em grupos de bate-papo, por exemplo, os policiais são chamados de "mercenários de Södolf" (uma mistura do nome do governador da Baviera, Markus Söder, com Adolf Hitler) e "capangas". As mensagens, amplamente compartilhadas, também se referem a "terrorismo de Estado" e a "ditadura da covid".

A criança com irritação nos olhos por causa do spray de pimenta está sendo usada para fins de propaganda política.

Não é incomum crianças estarem na linha de frente em manifestação Querdenker. É uma tática  usada para que as as forças policiais relutem em agir diante de protesto.

"É um fenômeno frequente que os pais levem seus filhos a manifestações antivacinas, muitas vezes em carrinhos de bebê, para usá-los como escudo contra medidas policiais", disse Oliver Malchow, presidente do Sindicato ddos Policiais ao jornal Rheinische Post. 

Regras mais rígidas

A partir desta terça-feira, passam a valer na Alemanha restrições mais rígidascontra o coronavírus, inclusive para vacinados e recuperados da covid-19. 

Reuniões, tanto em ambientes fechados quanto abertos, estarão limitadas a um máximo de 10 pessoas para vacinadas e recuperadas. Crianças com 14 anos ou menos estão isentas das regras. 

Caso uma pessoa não vacinada participe de um encontro, as restrições se tornam mais rígidas, com membros de uma família limitados a se reunir com no máximo duas pessoas de uma outra casa. 

Clubes e casas noturnas devem fechar temporariamente e grandes eventos culturais e esportivos devem ocorrer sem púbico. Possivelmente, os primeiros jogos da Bundesliga devem ser afetados pela decisão.

A entrada em locais públicos, como restaurantes e cinemas, permanecerá limitada àqueles que forem vacinados ou recuperados, conhecida na Alemanha como regra "2G" (geimpf oder genesen, ou seja, vacinado ou recuperado).

Há semanas, pessoas contra as regras anticovid e contra vacinas vem protestando na Alemanha. Algumas cidades onde houve atos foram Nuremberguee Hamburgo

le (ots)

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