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Crianças

3 de outubro de 2007

As crianças na Alemanha dizem que a vida é trabalho e não brinquedo, de acordo com estudo sobre infância no país.

'Pequenos estudantes' visitam a Universidade de PotsdamFoto: dpa Zentralbild

Estresse, ansiedade e dores de cabeça freqüentes – problemas tão familiares para executivos de meia idade, mas geralmente não associados aos menores de 14 anos. Um estudo envolvendo crianças na faixa etária de 9 a 14 anos na Alemanha, revela, porém, que as crianças alemãs estão sobregarregadas com os mesmos medos de fracassar e doenças psicossomáticas que mantêm Donald Trump acordado à noite.

Estudo detalhado

O relatório interrogou mais de seis mil crianças em sete estados alemães, que foram questionadas a respeito de família, escola, política e atualidades, além de abordadas acerca de sua imagem pessoal, esperanças e medos, dinheiro, internet, televisão e hábitos alimentares.

O que mais ocupa as mentes infantis é a escola. Mais de 30% dos entrevistados disseram que se assustam não só com más notas, mas também se sentem acuados ao serem motivo de risada para seus colegas e professores.

Mais de 50% dos envolvidos no estudo admitiram que se sentem estressados com a escola, dizendo terem sido insultados, atormentados ou humilhados publicamente na semana em que a pesquisa foi realizada. E 20% revelaram que o agressor era um professor.

Em termos de aprendizado, as crianças se sentem particularmente sob pressão na Baviera e na Saxônia, dois estados que aparecem regularmente no topo dos rankings nacionais de avaliação estudantil.

Cansados e emotivos

Como resultado, muitas crianças internalizam suas preocupações. Mais de 30% delas diz sofrer de freqüentes dores de cabeça e estômago. "Esses são sintomas clássicos de estresse e pressão," observa a ministra alemã da Família, Ursula von der Leyen, que apresentou a pesquisa em Berlim na última semana.

Muita TV não faz bem às criançasFoto: Bilderbox

A má alimentação aparece somada aos problemas da saúde física. Uma em cada três crianças admitiu não tomar sempre café da manhã e o mesmo número admite comer doces regularmente. Aproximadamente 20% confessaram que nunca ou raramente comem vegetais, enquanto mais de 30% do grupo questionado não tocaria em pães integrais.

Também 20% das crianças se sentem acima do peso. A mesma percentagem diz raramente comer com seus pais (exatamente essas crianças são mais propensas a se sentirem mal freqüentemente, apontam pesquisas posteriores).

Os filhos de pais desempregados são mais adeptos de fast food, e, por conseqüência, mais propensos a enfermidades e estresse. E embora mais de 60% das crianças entre 9 e 14 anos sejam sócios de clubes esportivos, a maioria faz exercícios apenas uma vez por semana.

"Quando chegamos ao ponto em que TV e fast food têm substituído a hora de comer e o exercício, então precisamos agir," diz Von der Leyen. "Exercício uma vez por semana não é suficiente", completa.

Respeitando limites

É certamente uma tarefa difícil fazer com que as crianças se sentem e jantem junto com seus pais, quando a maioria dos questionados diz querer mais privacidade. Neste sentido, o conselho da ministra é de que as mães evitem ficar xeretando nos diários das crianças e os pais batam à porta do quarto antes de entrar.

Comer em família ajuda a manter os pequeninos saudáveisFoto: dpa

Mais liberdade de opinião e mais tempo de lazer também deveriam ser delegados às crianças, uma vez que 20% dos entrevistados desejam mais brincadeiras e relaxamento.

"Nós adultos freqüentemente cometemos o erro de subestimar nossas crianças," afirma Von der Leyen. "Eles podem fazer mais do que pensamos, são mais alertas do que percebemos e se interessam por mais questões do que podemos imaginar." (jp/ak)

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