Mais da metade das crianças entre 6 e 13 anos leem livros, revistas infantis e quadrinhos todas as semanas, afirma pesquisa, e só um terço diz assistir a vídeos no YouTube.
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Na Alemanha, onde nasceu a imprensa, o futuro de livros e revistas parece estar garantido. De acordo com um estudo publicado nesta terça-feira (08/08), 61% das crianças alemãs entre 6 e 13 anos afirmaram ler livros mais de uma vez por semana, e mais da metade delas (55%) disse ler revistas infantis e histórias em quadrinhos várias vezes por semana.
O estudo foi encomendado por um grupo de seis editoras, incluindo Panini, Gruner + Jahr, Egmont Ehapa Media, Spiegel e Zeit. Para a pesquisa foram realizadas por volta de 2 mil entrevistas com crianças e seus responsáveis.
Enquanto 62% das crianças entre 6 e 13 anos afirmaram usar internet e aplicativos, somente 34% dos entrevistados disseram assistir regularmente a vídeos no YouTube. Uma parcela ainda menor (28%) respondeu que jogava videogames.
Somente a TV bate a mídia impressa quando se trata de chamar a atenção dos pequenos: 93% das crianças entre 4 e 5 anos disseram que assistiam à televisão várias vezes por semana, enquanto 97% de meninos e meninas entre 10 e 13 anos responderam que se sentavam regularmente diante da tela.
Não foi surpreendente, no entanto, a constatação de que DVDs e Blu-rays não desempenham um papel importante na vida de crianças alemãs: somente 15% dos guris e gurias de 6 a 13 anos disseram que os usavam com frequência.
Celulares são comuns
Só porque muitos gostam da leitura não significa que as crianças do país não estejam por dentro das novas tecnologias. Na faixa etária entre 6 a 9 anos, 37% delas disseram possuir celular ou smartphone próprio. Entre aquelas de 10 a 13 anos, essa cifra pulou para 84%.
Nessa última faixa etária, o serviço de mensagens WhatsApp ultrapassou as mensagens de texto à moda antiga – 68% disseram utilizar WhatsApp e 61%, mensagens de SMS. E somente pouco mais de um quarto (25%) afirmou usar o Facebook.
Mais de 80% dos entrevistados entre 6 e 13 anos afirmaram, no entanto, que a sua principal forma de comunicação é telefonar.
CA/afp/epd/dw
Dez clássicos da literatura infanto-juvenil alemã
Emocionantes, reflexivos, engraçados ou didáticos: as crianças e adolescentes da Alemanha têm naturalmente seus livros preferidos. Quem quer entender a alma nacional precisa conhecer pelo menos estes dez.
Foto: Karikaturmuseum Wilhelm Busch
Simpáticos seres fantásticos
Os livros de Michael Ende foram traduzidos em dezenas de idiomas, lidos por milhões e premiados. E não podem faltar em nenhuma estante da Alemanha, onde toda criança conhece "Jim Knopf e Lucas, o maquinista". E as aventuras do jovem Bastian no país Phantásien, que ganharam projeção internacional desde que "A história sem fim" chegou aos cinemas, em 1984.
Foto: picture-alliance/dpa
De bruxas, bandidos e feiticeiros
"Era uma vez uma bruxinha...": ela tem 127 anos e gostaria de praticar boas ações. Assim começa um dos apreciados livros de Otfried Preussler. Já a trama de "O ladrão Catabrum" gira em torno do roubo da moedora de café da avó de Gasparzinho e do malvado feiticeiro Petrosilius Zwackelmann. Depois de encantar gerações, ao completar 50 anos, em 2012, a obra entrou na era digital, ganhando um app.
Foto: Thienemann Verlag
Vamos para o Panamá!
O Urso e o Tigre vivem juntos numa casa, felizes e satisfeitos. Até que, um dia, encontram uma caixa em que está escrito "Panamá". Ela cheira a banana. Ambos põem o pé na estrada para encontrar essa sua terra dos sonhos. Faz sentido? Não, mas as crianças adoram essa lógica de fantasia. E ela é o charme que distingue os livros do autor alemão de origem polonesa Janosch, de 85 anos.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Weihrauch
Monstrinhos de língua presa
Os livros de Max Kruse fervilham de criaturas estranhas: Wutz, Seele-Fant, Wawa, Pinguin Ping e Professor Habakuk Tibatong encontram um ovo gigante. De dentro dele sai... o Urmel. A série de fantoches apresentada na TV também é uma favorita das crianças da Alemanha. Tornando-as ainda mais simpáticas, quase todas as personagens têm alguma falha de dicção: o Urmel, por exemplo, cicia como um dragão.
Foto: picture alliance/dpa/S. Puchner
Hitler e o coelhinho cor-de-rosa
Em "Quando Hitler roubou o coelhinho rosa", Judith Kerr conta a fuga da menina judia Anna, de 9 anos, e de sua família dos nazistas, em 1933. O sensível romance da escritora inglesa nascida dez anos antes, em Berlim, recebeu o Prêmio Alemão de Literatura Juvenil em 1974.
Foto: Ravensburger
Bondade humana
Sem "Emil e os detetives", "Cachos e tranças" e "A sala de aula voadora", nenhuma lista dos clássicos infanto-juvenis alemães estaria completa. Bem humoradas e perspicazes, as obras de Erich Kästner foram traduzidas em mais de cem línguas, e algumas foram também filmadas. Uma frase famosa do autor é: "Não existe nada de bom, a não ser que a pessoa o faça."
Publicadas em 1865, as histórias dos moleques Max e Moritz (Juca e Chico, na tradução de Olavo Bilac) também são um clássico. Seu autor e desenhista Wilhelm Busch é uma espécie de tataravô das histórias em quadrinhos. Porém hoje seus métodos pedagógicos estão um tanto ultrapassados. Como, por exemplo, punir a dupla de travessos moendo-os e dando-os como ração para as galinhas...
Foto: Karikaturmuseum Wilhelm Busch
Os perigos de ser criança
Batizado "João Felpudo" no Brasil, "Struwwelpeter", do médico e psiquiatra Heinrich Hoffmann, é ainda mais antigo, de 1845. E pedagogicamente ainda menos correto: delitos infantis, como falta de higiene, chupar o dedo, hiperatividade ou inapetência são "corrigidos" com humilhações, ferimentos e até mutilações e a morte. Em 1970 foi lançada sua contraparte antiautoritária, o "Anti-Struwwelpeter".
Foto: gemeinfrei
Realidade e ficção se confundem
Em plena "Harry Potter-mania" na Alemanha, Cornelia Funke lançou "Coração de tinta", primeiro volume de sua trilogia do Mundo de Tinta – com milhões vendidos e numerosas distinções. O romance conta as aventuras de Meggie, de 12 anos, que possui o dom de trazer o mundo dos livros para a realidade, ao lê-los em voz alta. A versão filmada foi sucesso de bilheteria.
Humor intraduzível
Cabelos vermelhos, nariz de porquinho, barriga estufada, pintas no rosto: assim é o travesso Sams, figura principal dos livros infantis de Paul Maar. Cheia de jogos de palavras, a série é de difícil tradução, mas várias partes já foram filmadas. O pequeno Sams vive com o senhor Taschenbier, come de tudo e se entende bem com as crianças.