Crianças mais pobres envelhecem mais rápido, diz estudo
10 de junho de 2025
Pesquisa baseada no comprimento dos telômeros alerta para impactos de longo prazo do estresse e do ambiente associados a uma renda menor.
Estudo do Imperial College de Londres analisou dados de 1.160 crianças de seis a onze anos de toda a EuropaFoto: Artem Priakhin/SOPA Images/Sipa USA/picture alliance
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Um estudo realizado por cientistas do Imperial College de Londres, que analisou dados de 1.160 crianças de seis a onze anos de toda a Europa, sugere que as crianças de famílias de baixa renda podem envelhecer com maior rapidez.
A pesquisa, publicada na revista científica The Lancet, utilizou uma escala internacional de riqueza familiar com base em vários fatores, incluindo se a criança tinha seu próprio quarto e o número de veículos por domicílio.
O estudo dividiu as crianças em grupos de alta, média e baixa renda. Amostras de sangue foram usadas para medir o comprimento médio dos telômeros nos glóbulos brancos, enquanto o hormônio do estresse cortisol foi medido na urina.
Os telômeros são estruturas encontradas nos cromossomos, que desempenham um papel importante no envelhecimento celular e atuam na proteção do DNA. A degradação dos telômeros está ligada ao envelhecimento, uma vez que essas estruturas encurtam à medida que os humanos envelhecem.
Estudos anteriores já sugeriam uma relação entre o comprimento dos telômeros e doenças crônicas, e que o estresse agudo e crônico pode reduzir o comprimento dessas estruturas.
Ambiente pode acelerar envelhecimento
O estudo revelou que crianças do grupo de alta renda tinham telômeros, em média, 5% mais longos em comparação às crianças do grupo de baixa renda.
Foi constatado também que as meninas tinham telômeros em média 5,6% mais longos do que os meninos, enquanto crianças com índice de massa corporal (IMC) mais alto tinham telômeros 0,18% mais curtos para cada aumento percentual na massa de gordura.
Crianças dos grupos de média e alta renda apresentaram níveis de cortisol 15,2% a 22,8% menores do que as crianças do grupo de baixa renda.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, os autores reconheceram que o estudo tinha algumas limitações, já que as crianças analisadas não vinham de famílias em situação de pobreza. O estudo, segundo os próprios pesquisadores, tampouco deveria ser interpretado como uma demonstração da relação entre riqueza e a "qualidade" dos genes, mas sim como uma amostra do impacto indireto do ambiente em um conhecido marcador do envelhecimento e da saúde a longo prazo.
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"Desgaste biológico adicional" no grupo de baixa renda
"Nossas descobertas mostram uma relação clara entre a riqueza familiar e um marcador conhecido do envelhecimento celular, com padrões potencialmente permanentes se formado na primeira década de vida da criança", explicou Oliver Robinson, o autor principal do estudo, da Faculdade de Saúde Pública do Imperial College.
"Nosso trabalho sugere que vir de um ambiente de baixa renda causa desgaste biológico adicional. Para crianças de baixa renda, isso pode equivaler a aproximadamente dez anos de envelhecimento em nível celular, em comparação com crianças de famílias de alta renda", afirmou.
Kendal Marston, da Faculdade de Saúde Pública do Imperial College, acrescentou: "Sabemos que a exposição crônica ao estresse causa desgaste biológico no corpo. Isso foi demonstrado em estudos com animais em nível celular, nos quais animais estressados têm telômeros mais curtos."
Embora o estudo não tenha conseguido comprovar que o cortisol tivesse sido o mecanismo para o envelhecimento mais rápido, ele demonstra uma relação entre a riqueza e o comprimento dos telômeros, que se sabe estar ligado à expectativa de vida e à saúde na idade adulta. Os pesquisadores, portanto concluíram que as crianças de famílias menos abastadas podem sofrer maior estresse psicossocial.
rc/bl (DW, ots)
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