Crianças são hospitalizadas na França após comer maconha
Alistair Walsh cn
29 de agosto de 2017
Cinco casos de intoxicação de menores de 2 anos são registrados em Nice em menos de 15 dias. Em quatro, pais afirmam que filhos encontraram droga durante passeio pelo parque.
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Ao menos cinco crianças foram hospitalizadas em Nice, no sul da França, nos últimos 15 dias após terem ingerido maconha. O diretor do departamento pediátrico de um hospital da cidade afirmou nesta terça-feira (29/08) estar alarmado com a série de intoxicações.
"É importante alertar pais, ainda mais se eles forem consumidores, que deixar porções de maconha em qualquer lugar pode ter consequências graves, incluindo a hospitalização", afirmou Herve Haas, diretor do Hospital Lenval.
Os casos foram divulgados pelo jornal Nice-Matin. As cinco crianças hospitalizadas tinham menos de 2 anos. As internações ocorreram a partir de meados de agosto. Todas as crianças se recuperaram.
Segundo Haas, uma delas chegou ao hospital em coma profundo e foi internada no centro de terapia intensiva. "Os casos de intoxicação por maconha são infelizmente muito comuns, mas não é normal termos cinco em menos de 15 dias", acrescentou.
Em quatro dos casos, os pais afirmam que os filhos encontraram a droga num parque. De acordo com o Nice-Matin, uma das mães disse que o filho ficou completamente imóvel em sua cama depois de eles terem voltado de um passeio pelo local.
Haas afirmou que, ao ser ingerida, a droga vai direto para o cérebro, aumentando seus efeitos. "Em bebês, esse impacto é cem vezes maior do que em adultos", acrescentou. O médico afirmou ainda que pouco pode ser feito nesses casos de intoxicação, além de colocar o paciente no soro e esperar.
As cinco crianças apresentaram sintomas de embriaguez e sonolência profunda. A presença da substância em seus corpos foi confirmada em testes de urina e sangue.
Exército italiano cultiva maconha para fins medicinais
A Itália tem um projeto piloto para a produção de canábis para terapias e assim tornar-se independente de importações da Holanda, mais caras. Desde janeiro, o produto está sendo distribuído em farmácias e hospitais.
Foto: Getty images/AFP/F. Monteforte
Canábis terapêutica
O Exército italiano produz a canábis terapêutica no Instituto Químico Farmacêutico Militar, em Florença. A erva, fornecida a hospitais e farmácias italianas, custa cerca da metade do preço da maconha importada.
Foto: Getty images/AFP/F. Monteforte
Projeto militar
A produção é apenas uma das atividades do instituto químico e farmacêutico militar, que existe há 164 anos. A instituição se orgulha de ter registrado a maconha como produto farmacêutico em setembro de 2015 pela agência de medicamentos da Itália. O produto final é muito diferente da maior parte da canábis consumida no mundo.
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Menos THC, mais CBD
O tetra-hidrocarbinol (THC), componente da planta da maconha responsável pelos efeitos alucinógenos, não é tão útil para a medicina quanto o ingrediente ativo canabidiol (CBD), usado como anti-inflamatório. Estima-se que entre 2 e 3 mil italianos se tratem com canábis medicinal para aliviar dores causados pela esclerose múltipla e espasticidade, ou combater náuseas após a quimioterapia.
Foto: Getty images/AFP/F. Monteforte
"Jamais experimentei!"
"Não, eu nunca experimentei, e também nem tenho a intenção de fazê-lo", diz Antonio Medica, o coronel encarregado do laboratório de canábis no instituto militar italiano em Florença. Ele ri ao dizer que outro dia um colega seu brincou, dizendo que passou 40 anos tentando fazer as tropas parar de fumar nos quartéis: "E agora estamos produzindo nós mesmos!"
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Garantia de qualidade
A produção em um ambiente estéril é muito importante. "Essa é a única maneira de você garantir um produto bom, livre de materiais tóxicos, em especial de metais pesados como o mercúrio, que as plantas absorvem facilmente quando crescem nos campos", explica Medica.
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Apenas na "forma natural"
A maconha produzida pelos militares em Florença é distribuída a farmácias e hospitais italianos. A lei prevê que, além da necessidade de prescrição médica, o conteúdo da embalagem deve ser sempre canábis em sua forma natural (ou seja, em forma de planta: flores ou brotos de maconha), para ser usada em chás ou inalada através de vaporizador.