Crise atinge mercado editorial
7 de outubro de 2002O consumidor alemão está contando seus euros. Isso pode ser sentido por todo o setor de vendas e, um pouco mais tarde, também pelo mercado editorial: o volume de negócios diminui cada vez mais, já podendo se falar em uma queda em torno dos 4%. A área mais atingida é a de livros de não ficcionais, cujo mercado de guias desmoronou completamente. Situação difícil para um setor acostumado a pequenos, porém constantes, crescimentos.
Concentrando no essencial –
A crise do mercado editorial tem, no entanto, uma longa história. Por muitos anos, seguiu-se o ditado: cada vez mais livros e todos produzindo tudo. Com isso, várias editoras tiveram que fechar sua portas em função da forte concorrência, enquanto outras acabaram sendo incorporadas aos gigantes do setor. Sigrid Löffler, crítica literária e editora da revista Literaturen, aponta, no contexto da redução do mercado, um processo necessário: "São editados livros em excesso, entre eles muitos dispensáveis e inúteis".Poucos, mas melhores? –
Diversas editoras alemãs já assumiram a situação de crise. A S.Fischer, por exemplo, diminuiu seus lançamentos em 25% nos últimos dois anos. Com sucesso, pelo que parece. Voltar à "competência essencial" é a nova palavra mágica do setor: grupos como o Bertelsmann hesitam em lançar livros no mercado, enquanto editoras de jornais cogitam se devem ou não manter suas subsidiárias voltadas ao livro.Feira também sofre –
Também a Feira do Livro de Frankfurt não passa ilesa pela crise. O evento registra, este ano, uma queda de 15% no número de editores e livrarias alemãs que participam do evento. Os altos custos de estandes e hotéis não podem mais ser pagos por muitos.O presidente da Feira, Volker Neumann, teme até mesmo uma redução do número de visitantes. No último ano, já houve uma queda de 15%, considerando-se, no entanto, os efeitos imediatos do 11 de setembro. Neumann tem às mãos novos planos: "Penso que temos que procurar parceiros e alianças estratégicas, como já fazemos, por exemplo, há anos, com a rede ferroviária alemã (Deutsche Bahn AG) no Dia Mundial do Livro.
Perfil através de países –
A tão almejada competência essencial está diretamente ligada a um perfil definido da Feira, que deverá ser acentuado com a continuidade da linha temática que privilegia a cada ano a produção literária de um determinado país. Neumann defende a concepção do "perfil através dos países", idéia rejeitada por seu sucessor na direção da Feira.A Lituânia, um país consideravelmente pequeno, é o tema da Feira este ano. Em 2003 será a vez da Rússia, país de dimensão gigantesca que poderá atrair um número maior de visitantes. No futuro, outro ponto de atração do evento deverá ser o congresso "Futura Mundi", que deverá tratar dos efeitos da globalização. Aí, pretende-se construir pontes interculturais, que deverão contribuir para um maior entendimento entre os povos.
Em poucas palavras, a principal regra do mercado editorial no momento dita uma flexibilidade maior em relação às novas condições, o que é saudado por vários profissionais da área. Pois agora o setor necessita de uma boa dose de fantasia. Procura-se entusiastas: editores, livreiros e leitores, para os quais o livro é antes um valor cultural que uma simples mercadoria.