Crise derruba vendas de vinho nacional na Alemanha
13 de março de 2023
Consumo por residência no país caiu 10% em 2022. Segundo Instituto Alemão do Vinho, alta do custo de vida elevou o preço médio do produto doméstico, favorecendo marcas mais baratas da Itália, França e Espanha.
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Os consumidores alemães vêm comprando cada vez menos vinho fabricano no país, devido ao aumento do custo de vida, informou nesta segunda-feira (13/03) o Instituto Alemão do Vinho (DWI).
Em 2022, a média do consumo por residência caiu 10% em relação ao ano anterior. Isso gerou uma queda de 6,5% nas vendas, segundo a empresa de pesquisas de consumo Nielsen IQ. Os dados não incluem o consumo da bebida em restaurantes e eventos.
O preço médio dos vinhos alemães no varejo aumentou para 4,18 euros por litro (R$ 23,50) em 2022, um acréscimo de 6,6% (0,26 euro) em relação a 2021. A indústria atribui o encarecimento ao maior custo com vidros, embalagens e pessoal, entre outros fatores.
Vinhos importados em alta
Para o DWI, os vinhos importados de baixo custo acabaram se beneficiando da vulnerabilidade no bolso dos consumidores alemães. "Devido à perda de poder aquisitivo pelo aumento do custo de vida, as compras por residência se concentraram nos produtos absolutamente essenciais", explica a diretora do instituto, Monika Reule.
A média dos preços dos importados no mercado alemão subiu menos em 2022 do que a do produto doméstico, apenas 0,07 euro por litro (2%), ficando em 3,64 euros.
A relutância dos consumidores alemães em relação aos vinhos produzidos no próprio país resultou em uma queda de 14% na quantidade disponível no mercado e de 8% nas vendas. Já no caso dos vinhos estrangeiros, a queda foi de 7% na quantidade e de 5% na comercialização.
As vendas do vinho orgânico não registraram queda no consumo em 2022, mantendo sua fatia de 3% do mercado alemão em termos de volume e 4% nas vendas, em comparação com o ano anterior.
Vinho branco à frente dos demais
Em termos gerais, a fatia de mercado do vinho alemão é de 44%. Entre os importados, o vinho italiano se mantém à frente com 16% – 1% menos do que o registrado no ano anterior. Em seguida aparecem os vinhos produzidos na Espanha, com 14% (alta de 2%), e na França (11%).
O vinho branco se mantém o favorito dos consumidores alemães, com estáveis 47% da preferência. A fatia de mercado do vinho tinto caiu de 41% para 40%, e a do rosê aumentou de 12% para 13%.
rc/av (DPA)
As regiões vinícolas da Alemanha
O outono é tempo de vinho. Nas 13 regiões vitivinícolas alemãs, chegou a hora da colheita, extração do mosto, vinificação, engarrafamento. Um passeio pelo mundo do riesling, spätburgunder, silvaner e companhia.
Foto: picture-alliance/dpa/F.v. Erichsen
Rheinhessen
Maior região vinícola alemã, Rheinhessen fica no oeste do país e se estende por 26 mil hectares, no triângulo entre as cidades de Mainz, Bingen e Worms. A tradição se iniciou no século 8º, e atualmente apenas cinco dos 136 municípios da região não produzem vinho. Rheinhessen é, por exemplo, a terra dos brancos riesling e rivaner, e do tinto dornfelder.
Foto: picture-alliance/dpa/F.v. Fredrik von Erichsen
Rheingau
Há seis diferentes regiões vitivinícolas ao longo do Rio Reno, entre elas Rheingau, conhecida pelo riesling, que ocupa quase 80% de suas terras, e o spätburgunder (ou pinot noir). Tudo começou no mosteiro de Eberbach, fundado por monges cistercienses da Borgonha, que trouxeram a arte da vitivinicultura para a região compreendida entre Hochheim e Lorch.
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Mittelrhein
A partir da cidade de Bingen, onde o Reno desenha uma curva mais pronunciada, começa o Vale do Médio Reno (Mittelrhein). Aí o leito do rio fica mais estreito e penetra no espetacular Maciço Renano. A viticultura define a paisagem, com vinhedos em terraço que se estendem até as portas de Bonn. Em 2002, a região foi declarada Patrimônio Mundial pela Unesco.
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Pfalz
Uma região vinícola dos superlativos. O maior festival de vinho e o maior barril do mundo se encontram em Bad Dürkheim. E a primeira rota vinícola da Alemanha, a Deutsche Weinstrasse, atravessa o Palatinado (Pfalz). Seus 85 quilômetros interligam 130 vinícolas entre Bockenheim e Schweigen, na fronteira com a França. Todos os anos, a Rainha do Vinho alemã é eleita aqui, em Neustadt.
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Franken
A garrafa abaulada, conhecida como "bocksbeutel" (saco de bode), é marca registrada do vinho da Francônia (Franken). Mas jovens vinicultores locais também tomam a direção contrária, deixando de lado todos os floreios românticos e apresentando seu produto em modernas vinotecas. Nessa região no centro-sul da Alemanha produz-se vinho há mais de 1.200 anos. Um dos preferidos é o branco rivaner.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Karmann
Mosel
Uma questão de ângulo: com 380 metros de altura e uma inclinação de até 68 graus, o Calmont é o vinhedo mais íngreme da Europa. A região vinícola de Mosel, às margens dos rios Mosela, Saar e Ruwer, é a mais antiga da Alemanha. Graças aos romanos, que levaram a vitinicultura para lá 2 mil anos atrás. O riesling feito na região é considerado um dos melhores da Alemanha.
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Baden
Banhada pelo sol, a terceira maior vinícola do país segue pelo Reno desde o Lago de Constança, no sul, até a cidade de Mannheim. Baden é a região mais quente do país. Por isso, suas uvas alcançam a pontuação mais alta na escala Oechsle, que mede a concentração alcoólica natural. A área é a principal fornecedora no país da casta spätburgunder (pinot noir).
Foto: picture-alliance/dpa/R. Haid
Württemberg
Nessa região vinícola com centros em Stuttgart e Heilbronn, o vinho é uma espécie de bebida nacional: Württemberg ostenta o dobro do consumo per capita frente ao restante da Alemanha. No festival anual de enologia Stuttgarter Weindorf, uma das especialidades é o tinto trollinger. Não por acaso, a cidade é maior produtora da bebida em todo o país.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Kraufmann
Ahr
Com apenas 560 hectares, a escarpada região vinícola do Vale do Ahr é uma das menores do país. Sua rota do vinho tinto se estende por 35 quilômetros ao longo do rio Ahr, de Bad Bodendorf a Altenahr. Para quem decide percorrê-la na época da vindima, não faltam incentivos ao longo do caminho, como as provas de vinhos e os "winzervesper" – jantares oferecidos após cada jornada da colheita.
A área vinícola mais setentrional da Alemanha acompanha os rios Saale e Unstrut, e vai até os 51 graus de latitude, o limite natural para a vinicultura. Graduações Oechsle como na ensolarada Baden são impensáveis: os vinhos regionais apresentam-se bem secos, as safras são modestas. Ainda assim, os vinicultores aprenderam a extrair o máximo da natureza, com resultados excelentes e grande demanda.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Schmidt
Sachsen
Como Saale-Unstrut, a região vinícola da Saxônia (Sachsen) fica no antigo território da Alemanha comunista, e ganhou novo impulso com a Reunificação, em 1990. Uma de suas especialidades são espumantes como o da adega Schloss Wackerbarth, a segunda mais antiga do gênero no país. Em meados de agosto, dezenas de produtores da região abrem suas adegas e vinhedos para provas e visitas.
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Nahe
A região do rio Nahe fica entre o Mosela e o Reno. De porte modesto, seus cerca de 4 mil hectares produzem castas como a riesling, silvaner e rivaner (também denominada Müller-Thurgau). Para conhecer a área, duas boas opções são a idílica Rota Vinícola do Nahe ou a ciclovia regional. Já os amigos das caminhadas longas têm como opção a belíssima Rota do Reno-Nahe, com 100 quilômetros de extensão.
Foto: picture-alliance/dpa/F.v. Erichsen
Hessische Bergstrasse
Ao norte de Heidelberg passa a Rota das Montanhas de Hesse (Hessische Bergstrasse). Uma particularidade dessa região vinícola é comportar, em seus meros 452 hectares, 233 tipos de solo diferentes. Consequentemente, os vinhos se distinguem de um local para outro. Nenhuma dessas raridades chega ao comércio, sendo todas vendidas – e consumidas – in loco.