Euro
22 de dezembro de 2010Os déficits orçamentários provocados pela crise em países da zona do euro fez com que o franco suíço fosse às alturas. Nesta quarta-feira (22/12), o euro foi cotado a 1,25 franco, recorde mínimo desde a introdução da moeda comum europeia.
"O franco suíço continua em franca expansão", consta de um comentário do banco HSBC. Desde o início do ano, a moeda suíça valorizou 15% em relação ao euro. "O franco é o novo marco alemão", afimou Ralf Umlauf, especialista em divisas do Banco Estadual de Hessen e Turíngia, na Alemanha.
"Candidatos à falência"
O franco está valorizado acima de tudo devido à insegurança gerada pela crise econômica que assola a zona do euro. E isso embora os juros básicos ainda se mantenham baixos na Suíça, com perigo de deflação. De forma geral, a economia do país, que não pertence à União Europeia (UE), mantém-se estável e o banco central suíço SNB não apresenta tendências de intervir na política de divisas – uma posição diferente da que assumia em meados do ano.
No entanto, caso a conjuntura econômica venha a se estabilizar na zona do euro, prevê-se uma queda da cotação do franco suíço. Especialistas estimam, contudo, que a crise possa ainda perdurar por mais tempo. Portugal, Espanha e Itália são considerados "candidatos à falência", como ocorreu com a Grécia e Irlanda. Os mercados reagem no momento com nervosismo, com uma queda veemente da cotação do euro.
Falsos boatos?
Há quem acredite, contudo, que o euro não seja uma "moeda fraca", como disseminam os atuais boatos em torno da crise. Fato é que a moeda comum europeia esteve exposta a enormes oscilações durante o ano de 2010.
Até maio, o ápice da crise na Grécia, o euro havia passado por uma desvalorização de 20%, descendo à cotação de 1,19 dólar. Somente depois que o pacote de salvação da UE e do FMI foram acionados é que a moeda se recuperou.
As dificuldades orçamentárias da Irlanda no segundo semestre do ano geraram uma nova crise e empurraram o euro para o câmbio atual em torno de 1,30 dólar. Mas mesmo diante da tensão atual, quase nenhum analista aposta em um desmoronamento total da moeda comum.
O "velho marco alemão"
Entre a população alemã, a crise desencadeia uma certa nostalgia do "velho marco alemão", em meio a críticas a uma suposta irresponsabilidade do governo no combate à crise. A dimensão política da crise do euro pode ser observada no nível de endividamento dos países da zona do euro, que ainda é muito mais baixo que aquele dos EUA e do Japão.
"A diferença fundamental entre os EUA e a união monetária europeia está na política", diz Christian Appelt, também do Banco estadual de Hessen e Turíngia. Embora haja também nos EUA divergências em relação à política fiscal e financeira, "quando o caso é sério, a política norte-americana mostra-se decisiva", diz Appelt.
Reformas estruturais
Do ponto de vista econômico, a zona do euro apresenta deficiências estruturais e de crescimento entre os diversos países-membros, explica Christoph Weil, economista do Commerzbank.
"É sobretudo tarefa dos governos nacionais fazer alguma coisa na direção contrária", diz ele. Além de uma consolidação das finanças públicas, o especialista defende a execução de reformas estruturais nos mercados de trabalho, a fim de aumentar a competitividade. "No entanto, vai levar alguns anos até que isso aconteça", conclui Weil.
SV/dpa/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque