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Tendência

11 de abril de 2009

Insolvência, redução da jornada de trabalho e cortes de emprego: na Alemanha, o medo da recessão cresce. Alguns setores, porém, tiram proveito da crise.

Ferro-velho nos arredores de Hamburgo: setor é um dos que mais lucram com a crise na AlemanhaFoto: AP

Nas concessionárias alemãs, o movimento é dos melhores: a maioria dos carros do ano está vendida, modelos econômicos estão até mesmo raros no mercado. Quem se interessar por um, tem que esperar um bom tempo. No momento, os consumidores estão tendo que aguardar até meio ano para receber um veículo novo no país. E a alta demanda continua.

O governo alemão prorrogou os prazos para quem quer participar do programa de vantagens que chamou de "bônus do ferro-velho". Segundo o programa, aqueles que quiserem vender seus carros com mais de 9 anos de idade, para comprar um veículo novo ou do ano que polua menos o meio ambiente, receberá um bônus do governo. Para isso, é necessário entregar o carro antigo para ser desmantelado num ferro-velho.

Da mesma forma que as concessionárias, também os serviços de ferro-velho ganham com a crise. Em várias deles, já se acumulam montanhas de carros usados para serem reaproveitados como sucata. Algumas empresas já estão até mesmo superlotadas e há casos de serviços de ferro-velho que não conseguem mais aceitar carros devido ao excesso de demanda no momento.

Casa própria e chocolate

Sapo de chocolate numa vitrine em Berlim: adoçando a vida em tempos de criseFoto: Kiesel

Os setores de ofícios e pequenos serviços é outro que leva vantagens com a crise financeira, pois os alemães estão investindo muito mais na melhoria de suas residências do que em ações na bolsa de valores. Investir em reparos como pintura da fachada, num novo telhado ou numa sala de visitas nova é uma tendência observada por pesquisadores no país.

Em tempos de crise, as pessoas se retiram mais para a vida privada, afirmam os especialistas em consumo. Diante disso, acabam se consolando mais com chocolates, bombons e guloseimas. Assim, também os fabricantes de doces estão levando vantagens com a crise.

Televisão de tela plana na sala de visita

Mas o lugar predileto escolhido pelos alemães para compensar as frustrações trazidas pela crise parece ser mesmo em frente à TV. Mais precisamente, em frente a um televisor de tela plana, que consta como um dos preferidos do consumidor no país desde o campeonato de futebol Euro 2008.

Os fabricantes destes aparelhos registram no momento altos lucros. A empresa bávara Loewe, por exemplo, teve em 2008 o maior faturamento de sua história: os lucros aumentaram em torno de 30% em comparação ao ano anterior.

Sopas instantâneas

Sopa instantânea passa a ser opção para muitos: baixo custoFoto: DW-TV

Em relação aos hábitos de consumo dos alemães, as estatísticas dizem que o consumidor, em tempos de crise, opta com mais frequência por produtos como sopas instantâneas, por exemplo. Os fabricantes deste tipo de alimento também ganham com a crise. A produção vai de vento em popa, diz Nico Knapp, da empresa Sonnen Bassermann, sediada na região da Serra do Harz. As prediletas do consumidor são as sopas de lentilha e ervilhas.

Já para o fabricante Erasco, de Lübeck, o faturamento aumentou nos últimos meses devido à venda de conservas tamanho família. Em tempos de crise, os consumidores procuram mais atentamente por ofertas mais baratas, avalia uma porta-voz da Erasco.

E sopas enlatadas são uma alternativa relativamente saudável para uma refeição razoável a baixo preço, diz Bernhard Burdik, especialista em alimentação da Central do Consumidor do estado da Renânia do Norte-Vestfália. "Mais barato do que isso é difícil", diz Burdik.

De fato, a maioria dos alemães quer economizar nas compras cotidianas. Mais da metade dos consumidores passou a adquirir produtos mais baratos nos últimos meses. Quem ganha com isso são as grandes redes de supermercados de baixo preço, como Aldi e Lidl, por exemplo.

Fast food

'Fast food': cadeias vendem mais desde o início da criseFoto: picture-alliance / dpa

Seguindo a mesma tendência, os alemães passaram também a evitar visitas a restaurantes caros. Quando se opta, mesmo assim, por comer fora, a regra é escolher um lugar o mais barato possível, ou seja, um restaurante de fast food.

Entre os que lucram com essa tendência está acima de tudo a cadeia McDonald's, a maior do mundo no gênero e que somente na Alemanha registrou, no segundo semestre de 2008, um aumento de 10% nos lucros em comparação à primeira metade do ano. Em 2009, serão abertas na Alemanha mais filiais McDonald's e McCafés, o que deverá gerar em torno de 2 mil novos empregos no país.

Terapia para vencer o medo

Há ainda dois tipos de profissão que têm levado vantagens com a crise: os advogados que assumem casos de divórcios e os psicoterapeutas. Os primeiros prestam consultoria a casais cuja situação financeira foi abalada pela crise e que não conseguem se reorganizar. E os psicoterapeutas tratam daqueles que não sabem como lidar com a crise financeira: seus pacientes sofrem de medo e depressão.

Autora: Anja Fähnle

Revisão: Rodrigo Abdelmalack

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