Em Berlim, premiê espanhol, Mariano Rajoy, defende ao lado de Angela Merkel uma política europeia comum de asilo. Chanceler federal alemã ressalta necessidade de distribuição justa dos refugiados pela União Europeia.
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A crise migratória foi o principal tema de uma coletiva de imprensa da qual participaram a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, nesta terça-feira (01/09), em Berlim.
"O que estamos testemunhando é o maior desafio da Europa nos próximos anos", disse Rajoy. Sem uma política conjunta de refugiados e asilo, o problema não será resolvido, disse Rajoy.
Segundo meios de comunicação, o chefe de governo austríaco, Werner Faymann, criticou o governo húngaro por permitir que refugiados sigam viagem sem registrá-los. Isso contradiz a chamada Convenção de Dublin, que determina que o primeiro Estado-membro da União Europeia (UE) adentrado pelo refugiado é responsável pelo processo de asilo.
Na coletiva de imprensa, um jornalista questionou se a Alemanha estaria fazendo o suficiente para garantir a aplicação desse regulamento da UE. Merkel respondeu que refugiados da guerra civil da Síria poderão, com alta probabilidade, permanecer na Alemanha. Na verdade, isso deveria acontecer em todos os países europeus, disse. "Através das experiências do dia a dia observamos que a lei claramente não é colocada em prática", salientou a chanceler federal.
No entanto, Merkel não criticou a Hungria. Segundo a chanceler federal, acusações mútuas não ajudam. Em vez disso, deve-se trabalhar numa política europeia comum de asilo. O objetivo é criar rapidamente centros de registro para requerentes de asilo na Grécia e na Itália e, em seguida, distribuí-los de forma justa pela União Europeia.
Além disso, deve-se definir quais países de origem são classificados como seguros e refugiados por motivos econômicos devem ser enviados de volta. Seguindo a linha de Merkel, o primeiro-ministro espanhol pleiteou um acordo de readmissão com os países de origem de migrantes que fugiram à UE por motivos econômicos.
Muitos países-membros da União Europeia não mostram solidariedade em relação à distribuição justa de refugiados. O que não é o caso da Espanha, destacou Rajoy, afirmando apoiar as propostas da Alemanha na UE. A Espanha estaria preparada para receber 2.739 refugiados, disse.
Para a distribuição dos migrantes, porém, deveriam ser levados em conta fatores como a taxa de desemprego, que é alta na Espanha, ou o investimento na proteção das fronteiras da UE, destacou o premiê.
Como a Alemanha abriga os refugiados
A Alemanha receberá, só neste ano, até 450 mil refugiados. Mas quem espera por um visto precisar viver em locais bem distintos. Veja na galeria de fotos.
Foto: Picture-Alliance/dpa/P. Kneffel
Alojamento preliminar
Quando os refugiados chegam à Alemanha, vão para um alojamento preliminar. Este, em Trier, no estado da Renânia-Palatinado, tem capacidade para receber 850 pessoas que estejam à espera de um visto. Os refugiados precisam ficar por três meses até serem transferidos para outra cidade ou distrito – dependendo do local, as moradias são bem distintas.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Tittel
Acampamento improvisado
Como muitos dos alojamentos preliminares estão lotados, outras instalações têm sido utilizadas para abrigar os refugiados. Em Hamm, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, 500 pessoas vivem no salão para eventos da prefeitura. Com 2,7 mil m², o local foi divido em "quartos", cada um com 14 leitos.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Fassbender
Pernoite na sala de aula
O enorme fluxo de refugiados leva muitas cidades ao limite de capacidade. Aachen, por exemplo, teve, em meados de julho, que abrigar 300 pessoas de uma hora pra outra. Logo, a única maneira de acomodá-los foi colocando camas numa escola da cidade.
Foto: Picture-Alliance/dpa/R. Roeger
Acampamentos provisórios
Nos últimos tempos, o número de campos para refugiados na Alemanha tem crescido vertiginosamente. Com a construção de um acampamento provisório, o alojamento central para refugiados em Halberstadt, na Alta Saxônia, aumentou consideravelmente a capacidade. Agora, no verão, essas tendas temporárias podem ser utilizadas. Até que o inverno comece, outros alojamentos devem ser colocados à disposição.
Foto: Picture-Alliance/dpa/J. Wolf
Vivendo com dificuldades
Atualmente, a cidade de Dresden tem um dos maiores acampamentos para refugiados. Contudo, viver por lá exige paciência dos moradores. Há filas gigantes para os banheiros e nos refeitórios. No total, o local abriga atualmente mil pessoas, de 15 nacionalidades. Nos próximos dias, outros refugiados deverão chegar – até que se chegue à capacidade total de 1.100 pessoas.
Foto: Picture-Alliance/dpa/A. Burgi
Morando em containers
Para que a capacidade de receber os refugiados seja maior, muitas cidades alemãs têm construído containers que servem de moradia. Em Trier, por exemplo, a solução vem sendo utilizada desde 2014. Atualmente, são mais de mil pessoas nessas instalações.
Foto: Picture-Alliance/dpa/H. Tittel
Atentados
A foto mostra o corpo de bombeiros apagando o incêndio causado por um atentado nas instalações de Remchingen, no estado de Baden-Württemberg. Muitas vezes, a oposição de muitos moradores à chegada dos refugiados acaba se transformando em violência. No momento, há ataques quase diários aos alojamentos – principalmente no leste e no sul da Alemanha.
Foto: Picture-Alliance/dpa/SDMG/Dettenmeyer
O envolvimento político
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, conversa com crianças de um campo de refugiados na cidade de Wolgast, no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde vivem cerca de 300 pessoas. O político exigiu que o governo alemão preste auxílios financeiros aos munícipios atingidos. Porém, Gabriel salientou que receber refugiados não é uma questão de dinheiro, mas, sim, "de decência".
Foto: picture-alliance/dpa/B. Wüstneck
Novas instalações
Para que os refugiados possam ser devidamente abrigados, vários municípios estão construindo novos alojamentos – como em Eckental, perto de Nurembergue, na Baviera. A foto mostra o novo complexo, que terá capacidade para 60 pessoas. Os primeiros moradores devem chegar em janeiro de 2016.
Foto: Picture-Alliance/dpa/D. Karmann
Novos acampamentos provisórios
Até que os novos alojamentos fiquem prontos, serão erguidos vários outras instalações de emergência. Como este, no parque industrial de Munique. Aqui, cerca de 170 membros de organizações humanitárias e do corpo de bombeiros constroem, de madrugada, um acampamento com duas dúzias de barracas e 300 leitos.