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Crise política se agrava na Espanha

10 de novembro de 2019

Novas eleições não conseguem desfazer impasse e deixam Parlamento ainda mais dividido. Socialistas se mantêm na dianteira, mas longe da maioria absoluta. Partido de extrema direita passa a ser terceira maior força.

Premiê espanhol Pedro Sánchez em meio a multidão de repórteres
Socialistas de premiê Pedro Sánchez mantêm liderança frágilFoto: picture-alliance/AA/B. Akbulut

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) venceu as eleições legislativas deste domingo (10/11), embora sem alcançar maioria absoluta. Assim, mantém-se o impasse político que forçou o pleito antecipado. Por sua vez, o Vox, de extrema direita, aumentou significativamente sua participação no Parlamento nacional, estabelecendo-se como terceira força política da Espanha.

Os socialistas obtiveram 28% dos votos, ou 120 dos 350 assentos do Parlamento, ficando com três assentos a menos que os obtidos no pleito anterior, realizado em abril. O segundo mais votado continua a ser o Partido Popular (PP), de centro-direita, com quase 20,8%, subindo de seus atuais 66 deputados para 88.

Fundado em 2013 e com um forte discurso anti-imigrantes, o partido de extrema direita Vox, que tinha 24 deputados, conseguiu eleger 52 (15%), passando a ser a terceira maior força no Parlamento espanhol. 

O Vox lucrou com a crise da Catalunha, atraindo muitos eleitores contrários à separação da região do restante da Espanha. O partido também atraiu votos de protesto de espanhóis que se identificam com parte das posições conservadoras e com a luta contra o politicamente correto defendida pelo Vox. 

Além disso, o Vox atrai eleitores, sobretudo homens, contrários a direitos conquistados pelas mulheres. O Vox é contra o feminismo, contra a liberalização do aborto e a favor dos chamados valores familiares.

Ainda segundo a boca de urna, a coligação Unidas Podemos, de extrema esquerda, passa dos atuais 42 para 35 deputados, enquanto o Cidadãos (C's), liberal de direita, foi o grande perdedor, caindo de 57 para apenas dez vagas parlamentares.

O Cidadãos também foi superados pela aliança de partidos separatistas pró-Catalunha ERC-Sobiranistes, que ficou com 13 assentos.

Os resultados indicam que o Parlamento espanhol ficará ainda mais dividido: após as eleições de abril, 13 partidos tinham conquistados assentos; agora, foram 19.

Extrema esquerda apela a Sánchez

A última eleição geral da Espanha, em 28 de abril, também concedeu ao PSOE a maior parte dos votos, porém não a maioria absoluta. Falharam as tentativas do presidente do governo (primeiro-ministro) interino, Pedro Sánchez, para obter o apoio das demais legendas na formação do governo, forçando-o a convocar novas eleições. Antes do pleito, pesquisas de intenção de voto já indicavam que o resultado não seria suficiente para romper o impasse político da Espanha.

Após a divulgação dos resultados, Sánchez afirmou ser prioridade "formar um governo estável e fazer política em benefício da maioria dos espanhóis". "Quero fazer um apelo a todos os partidos, porque eles precisam agir com generosidade e responsabilidade para desbloquear a situação política na Espanha", disse o chefe de governo.

O candidato do Unidas Podemos à presidência do governo, Pablo Iglesias, pediu ao adversário socialista Sánchez que forme uma coalizão governamental progressista, que faça frente "à extrema direita".

"Eu lhe transmiti que o que em abril era uma oportunidade histórica, agora é uma necessidade", declarou Iglesias numa coletiva de imprensa após a divulgação das primeiras contagens. Ele lamentou que o pleito deste domingo tenha servido para fortalecer a direita e "para que tenhamos uma extrema direita das piores da Europa", referindo-se à legenda Vox.

Ainda assim, com um total de 158 parlamentares, o bloco da esquerda espanhola, formado pelo PSOE, Unidas Podemos e Mais País, superou por oito assentos o bloco da direita, que reúne o PP, Vox e Cidadãos, somando 150 assentos. No entanto, nenhum dos dois blocos será capaz de constituir uma coalizão de governo majoritária no Parlamento de 350 assentos.

Segundo o Ministério do Interior, dos 37 milhões de espanhóis com direito a voto, 69,9% foram às urnas, menos que os 71,76% que votaram em abril. Analistas atribuem o menor comparecimento às urnas ao cansaço dos cidadãos diante do impasse político vivido pelo país nos últimos meses.

Antes das eleições, grande parcela da atenção da mídia esteve na Catalunha, uma comunidade autônoma com forte presença de movimentos independentistas. Os protestos na região, por vezes de violentos, aumentaram desde 14 de outubro, quando foi divulgada a condenação de nove líderes envolvidos na tentativa de secessão de 2017, a penas entre nove e 13 anos de prisão.

AV/efe/lusa/ap/rtr/dw

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