A Turquia foi alvo de uma série de atentados violentos ao longo de 2016. Os principais responsáveis foram membros de grupos radicais curdos e militantes do grupo terrorista "Estado Islâmico".
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10 de dezembro: Quarenta pessoas morreram, 36 delas policiais, e outras 150 ficaram feridas em um duplo atentado em Istambul, ao lado do estádio de futebol do clube Besiktas, um dos mais populares da Turquia. O grupo radical curdo Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK) reivindicou a autoria do ataque.
24 de novembro: Pelo menos duas pessoas foram mortas e 33 ficaram feridas na explosão de um carro bomba perto da sede do governo regional de Adana, no sul da Turquia.
16 de outubro: Um homem-bomba supostamente vinculado ao "Estado Islâmico" se suicidou e matou outros três policiais em uma explosão durante uma batida da polícia na cidade de Gaziantep, no sul do país. Um segundo homem-bomba explodiu-se mais tarde durante buscas em uma residência no distrito de Burak.
21 de agosto: A Turquia foi alvo do mais mortal atentado do ano em seu território, quando um adolescente – de entre 12 e 14 anos, segundo o presidente Recep Tayyip Erdogan – se explodiu na saída de um casamento curdo, deixando ao menos 54 mortos, dos quais 29 crianças, e dezenas de feridos.
17 e 18 de agosto:Três bombas foram detonadas em cidades no leste da Turquia, nas províncias de Elazig, Van e Bitlis, deixando ao menos 12 mortos e mais de 200 feridos. O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, atribuiu os ataques ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
28 de junho: Três explosões atingiram o aeroporto Atatürk, o principal de Istambul. Segundo autoridades da Turquia, o ataque foi executado por três homens-bomba, deixando ao menos 45 mortos e quase 250 feridos. Horas após o atentado, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse que evidências apontam para a participação do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) no ataque. Dezenas de pessoas foram presas.
7 de junho: Um carro estacionado no centro de Istambul foi detonado por controle remoto durante a passagem de um ônibus que transportava policiais. A explosão ocorreu durante a hora do rush no distrito de Beyazit, o principal bairro turístico da metrópole turca. O governador de Istambul, Vasip Sahin, afirmou que a explosão deixou pelo menos 11 mortos e 36 feridos. Um grupo ligado ao banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) assumiu autoria do ataque.
19 de março: Pelo menos cinco pessoas morreram e 36 ficaram feridas num atentado a bomba em Istambul, em uma movimentada zona de pedestres no centro da metrópole turca, próximo à praça Taksim. Entre os mortos encontra-se o autor da detonação. De acordo com o governo turco, o autor do ataque era ligado ao "Estado Islâmico". O grupo, porém, não assumiu autoria pelo ataque.
13 de março: Uma forte explosão abalou o centro da capital turca, Ancara, deixando ao menos 37 mortos e mais de 120 feridos. Fontes oficiais afirmam que a detonação partiu de um automóvel carregado de explosivos. Um dia depois do ataque, o governo turco respondeu com ataques aéreos a bases do banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte do Iraque. A autoria desse atentado foi reivindicada pelo grupo guerrilheiro Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), uma dissidência mais radical do PKK.
17 de fevereiro: Ao menos 28 pessoas morreram e 61 ficaram feridas quando um carro-bomba foi jogado contra um comboio militar em Ancara. O ataque, tratado pelo governo turco como um ato de terrorismo, aconteceu na região central da capital, onde estão localizados o Parlamento e diversos prédios oficiais. O grupo TAK assumiu responsabilidade pelo atentado. O governo culpou o PKK.
12 de janeiro: Uma explosão causada por um homem-bomba no centro histórico de Istambul, matou 12 turistas alemães próximo à famosa Hagia Sophia. Na sequência do ataque, a polícia turca prendeu três cidadãos russos na cidade de Antália. Eles teriam ligações com o "Estado Islâmico".
FF/dw/dpa
"Estado Islâmico": de militância sunita a califado
Origens do grupo jihadista remontam à invasão do Iraque, em 2003. Nascido como oposição ao domínio xiita e inicialmente um braço da Al Qaeda, EI passou por mudanças e virou uma ameaça internacional.
Foto: picture-alliance/AP Photo
A origem do "Estado Islâmico"
A trajetória do "Estado Islâmico" (EI) começou em 2003, com a derrubada do ditador iraquiano Saddam Hussein pelos EUA. O grupo sunita surgiu a partir da união de diversas organizações extremistas, leais ao antigo regime, que lutavam contra a ocupação americana e contra a ascensão dos xiitas ao governo iraquiano.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Braço da Al Qaeda
A insurreição se tornou cada vez mais radical, à medida que fundamentalistas islâmicos liderados pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, fundador da Al Qaeda no Iraque (AQI), infiltraram suas alas. Os militantes liderados por Zarqawi eram tão cruéis que tribos sunitas no Iraque ocidental se voltaram contra eles e se aliaram às forças americanas, no que ficou conhecido como "Despertar Sunita".
Foto: AP
Aparente contenção
Em junho de 2006, as Forças Armadas dos EUA mataram Zarqawi numa ofensiva aérea e ele foi sucedido por Abu Ayyub al-Masri e Abu Omar al-Bagdadi. A AQI mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque (EII). No ano seguinte, Washington intensificou sua presença militar no país. Masri e Bagdadi foram mortos em 2010.
Foto: AP
Volta dos jihadistas
Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque, efetuada entre junho de 2009 e dezembro de 2011, os jihadistas começaram a se reagrupar, tendo como novo líder Abu Bakr al-Bagdadi, que teria convivido e atuado com Zarqawi no Afeganistão. Ele rebatizou o grupo militante sunita como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Foto: picture alliance/dpa
Ruptura com Al Qaeda
Em 2011, quando a Síria mergulhou na guerra civil, o EIIL atravessou a fronteira para participar da luta contra o presidente Bashar al-Assad. Os jihadistas tentaram se fundir com a Frente Al Nusrah, outro grupo da Síria associado à Al Qaeda. Isso provocou uma ruptura entre o EIIL e a central da Al Qaeda no Paquistão, pois o líder desta, Ayman al-Zawahiri, rejeitou a manobra.
Foto: dapd
Ascensão do "Estado Islâmico"
Apesar do racha com a Al Qaeda, o EIIL fez conquistas significativas na Síria, combatendo tanto as forças de Assad quanto rebeldes moderados. Após estabelecer uma base militar no nordeste do país, lançou uma ofensiva contra o Iraque, tomando sua segunda maior cidade, Mossul, em 10 de junho de 2014. Nesse momento o grupo já havia sido novamente rebatizado, desta vez como "Estado Islâmico".
Foto: picture alliance / AP Photo
Importância de Mossul
A tomada da metrópole iraquiana Mossul foi significativa, tanto do ponto de vista econômico quanto estratégico. Ela é uma importante rota de exportação de petróleo e ponto de convergência dos caminhos para a Síria. Mas a conquista da cidade é vista como apenas uma etapa para os extremistas, que pretenderiam avançar a partir dela.
Foto: Getty Images
Atual abrangência do EI
Além das áreas atingidas pela guerra civil na Síria, o EI avançou continuamente pelo norte e oeste iraquianos, enquanto as forças federais de segurança entravam em colapso. No fim de junho, a organização declarou um "Estado Islâmico" que atravessa a fronteira sírio-iraquiana e tem Abu Bakr al-Bagdadi como "califa".
Foto: Reuters
As leis do "califado"
Abu Bakr al-Bagdadi impôs uma forma implacável da charia, a lei tradicional islâmica, com penas que incluem mutilações e execuções públicas. Membros de minorias religiosas, como cristãos e yazidis, deixaram a região do "califado" após serem colocados diante da opção: converter-se ao islã sunita, pagar um imposto ou serem executados. Os xiitas também eram alvo de perseguição.
Foto: Reuters
Guerra contra o patrimônio histórico
O EI destruiu tesouros arqueológicos milenares em cidades como Palmira (foto), na Síria, ou Mossul, Hatra e Nínive, no Iraque. Eles diziam que esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do Islã. Especialistas afirmam, porém, que o grupo faturou alto no mercado internacional com a venda ilegal de estátuas menores, enquanto as maiores eram destruídas.
Foto: Fotolia/bbbar
Ameaça terrorista
Durante suas ofensivas armadas, o "Estado Islâmico" saqueou centenas de milhões de dólares em dinheiro e ocupou diversos campos petrolíferos no Iraque e na Síria. Seus militantes também se apossaram do armamento militar de fabricação americana das forças governamentais iraquianas, obtendo, assim, poder de fogo adicional.