Cruzamento com neandertais reforçou imunidade humana
8 de janeiro de 2016
Estudos mostram que genes de neandertais reforçaram o sistema imunológico do homem moderno, protegendo-o contra infecções. Revelação é feita por duas pesquisas realizadas, de forma independente, na Alemanha e na França.
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O cruzamento entre humanos modernos e neandertais, há milhares de anos, fez bem à saúde de seus descendentes. Essa é a conclusão de duas pesquisas diferentes publicadas esta semana na revista científica American Journal of Human Genetics.
Cientistas afirmam ter comprovado que os genes neandertais reforçaram o sistema imunológico dos homo sapiens, protegendo-os contra infecções. Ao mesmo tempo, no entanto, essa herança pode ter aumentado a sensibilidade humana a alergias.
Pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, sediado em Leipzig, na Alemanha, e dos institutos franceses CNRS e Pasteur, de Paris, demonstraram a importância de tais misturas genéticas para a evolução dos seres humanos. Estudos anteriores haviam mostrado que as pessoas que hoje vivem na Europa e na Ásia herdaram, em média, de 1% a 2% do genoma neandertal.
Os neandertais viveram até cerca de 40 mil anos na Europa, antes de serem extintos. Há 50 mil anos, os humanos modernos migraram da África, se misturando aos neandertais.
A mistura deve ter ajudado os humanos modernos, entre outras coisas, a melhor se adaptarem ao meio ambiente mais frio, equipando-os, por exemplo, com uma melhor resistência a doenças ou facilitando o processamento de novos recursos alimentares.
Adaptação ao novo meio ambiente
Quando o homem moderno povoou a Europa e a parte ocidental da Ásia, os neandertais já viviam nesses lugares há 200 mil anos e haviam se adaptado bem ao clima, aos recursos alimentares e aos agentes patogênicos da região. "Estes três ajustes vantajosos beneficiaram o homem moderno, através dessa mistura", afirmou Janet Kelso, do Instituto Max Plack de Leipzig.
Os pesquisadores descobriram que certos genes de defesa da família dos chamados receptores do tipo Toll (TLR, sigla de toll-like receptors) têm maior frequência de neandertal do que outras partes do genoma humano. Os receptores – TLR1, TLR6 e TLR10 – atuam no sistema de defesa imunológica. Este genes TLR podem combater componentes de bactérias, fungos e parasitas.
Os cientistas ressaltaram, entretanto, que não esclareceram ainda qual o exato papel da herança deixada pelos neandertais na saúde do homem moderno.
"Acreditamos que houve uma fase em que era vantagem possuir essas variantes neandertal", sublinhou o pesquisador Michael Dannemann, do Instituto Max Planck. Os humanos podem, assim, ter obtido melhores defesas contra doenças.
Por outro lado, também podem ter tido aumentada sua sensibilidade a alergias, pois uma atividade demasiado elevada destes genes pode, segundo Dannemann, também levar a respostas imunes alteradas sob influências ambientais antes inofensivas. "Isso é encontrado até hoje no ser humano. Mas se isso ainda continua sendo uma vantagem, desvantagem ou se é completamente indiferente, é algo que não sabemos", pondera o cientista.
MD/afp/dpa
Nok: Misteriosas esculturas pré-históricas da África
As estátuas Nok estão entre as descobertas arqueológicas mais importantes da África subsaariana. As peças de terracota com mais de 2 mil anos são os primeiros testemunhos da escultura no continente.
Foto: Barbara Voss und Monika Heckner
Nok: a origem das esculturas africanas
As esculturas Nok estão entre as descobertas arqueológicas mais importantes da África subsaariana. As peças de terracota com mais de dois mil anos são os primeiros testemunhos da escultura no continente. Até o dia 23 de fevereiro, alguns desses exemplares ficarão expostos no museu Liebieghaus em Frankfurt.
Foto: Goethe-Universität Frankfurt/Institut für Archäologische Wissenschaften/Archäologie und Archäobotanik Afrikas
Saques são constantes
O nome dessas peças vem da região onde elas foram encontradas, a vila Nok, no Planalto de Jos, região central da Nigéria. Em 1928, trabalhadores na mineração de estanho acharam os primeiros exemplares. Desde 2005, uma equipe de arqueólogos alemães e nigerianos trabalha em 200 escavações na região. Saques e destruição são constantes nesses sítios arqueológicos.
Foto: Goethe-Universität Frankfurt
Pré-história da Nigéria
Depois de retiradas da terra, as figuras são restauradas por arqueólogos. Além das esculturas, os pesquisadores se interessam por objetos do cotidiano, como vasos de argila, utensílios de pedras e joias. Eles esperam que esses vestígios arqueológicos revelem um panorama da cultura pré-histórica dessa região da Nigéria.
Foto: Goethe-Universität Frankfurt
Fabricação de ferro
Nas escavações foram encontrados fornos de fundição com indícios de fabricação de ferro, provavelmente uma das mais antigas da história da humanidade. Escombreiras enormes e restos de fornos de fundição indicam que o metal já era produzido 500 anos antes de Cristo na região.
Foto: Goethe-Universität Frankfurt
Mistério de terracota
Não se sabe exatamente qual a função das esculturas. Pesquisadores acreditam que elas eram usadas em diferentes rituais. Uma de suas finalidades era serem destruídas. Nas escavações, foram encontrados centenas de fragmentos que não podem ser reconstruídos. Aparentemente, as peças foram deliberadamente quebradas de forma que não pudessem mais ser recuperadas.
Foto: Goethe-Universität Frankfurt
Pessoas, animais e quimeras
Rostos pontiagudos e desproporcionais e olhos com formato triangular, cujas pupilas são indicadas por um aprofundamento, são típicos dessas esculturas vermelhas. Características individuais como barba, joias e cabelos extravagantes são outros acabamentos artísticos. Elas representam, principalmente, pessoas, animais e quimeras, uma mistura de dois ou mais animais.
Foto: Norbert Miguletz
Inspiração para Picasso
Quando as primeiras esculturas Nok chegaram à Europa, no início do século 20, elas representaram uma libertação para a arte. O que por muitos europeus era considerado arte primitiva, serviu de inspiração para grandes mestres, como Paul Gauguin, Pablo Picasso e Ernst Ludwig Kirchner. Eles viam nessas obras a legitimação para a ruptura com a arte figurativa realista.
Foto: picture-alliance/dpa
Tesouro mundial
As esculturas vermelhas logo arrebataram colecionadores de todo o mundo. Durante muito tempo, elas eram conhecidas somente nos círculos do mercado de arte internacional. Mas começaram a aparecer cada vez mais exemplares em Paris, Londres e Nova York. Hoje as esculturas podem ser admiradas nos principais museus do mundo.
Foto: Stefan Rühl
Roubo de peças e falsificações
Nos mercados de arte internacional, as esculturas são comercializadas por milhões de euros. Mas muitas delas são falsificações ou peças roubadas. A exposição na Liebieghaus apresenta falsificações e esculturas originais lado a lado.
Foto: Barbara Voss/Monika Heckner (Ausschnitt)
Intercâmbio cultural
As esculturas Nok são exibidas em salas dedicadas à arte da Grécia antiga, Roma e Egito. Como as peças são da mesma época, nos museus elas ficam próximas umas às outras. Mas há mais dois mil anos elas estavam isoladas pelo deserto do Saara. Um intercâmbio cultural entre essas regiões era impossível.
Foto: Norbert Miguletz
Primeira exposição
A exposição no museu de Liebieghaus é a primeira da Alemanha sobre arte africana dessa época. Mais de 100 esculturas e fragmentos encontrados nos últimos anos por arqueólogos alemães e africanos estão expostos. Os visitantes também podem conhecer os primeiros resultados da pesquisa que revela alguns mistérios da cultura Nok.