Cuba condena 381 por participação em protestos contra regime
14 de junho de 2022
Entre os condenados, 36 receberam penas de até 25 anos de prisão por sedição. Centenas ainda aguardam julgamento por participação nos protestos de julho de 2021, os maiores contra o regime desde os anos 1990.
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O regime cubano condenou 381 pessoas que participaram da onda de protestos que ocorreram na ilha em julho de 2021, segundo um balanço publicado pela procuradoria do país na segunda-feira (13/06). Entre os condenados estão 16 jovens que têm entre 16 e 18 anos. No total, 36 pessoas foram sentenciadas a penas de até 25 anos, após serem consideradas culpadas por sedição.
Entre 11 e 12 de julho passado, Cuba foi palco de uma série de protestos que levaram milhares de pessoas às ruas de diversas cidades da ilha, na maior onda de manifestações contra o regime em décadas. Manifestações desse tipo são proibidas na república socialista unipartidária, que não permite oposição política organizada.
Foram os primeiros grandes protestos desde o "Maleconazo" de 1994, quando milhares de cubanos protestaram em meio à crise econômica do chamado "Período Especial", os anos seguintes ao fim dos subsídios fornecidos pela União Soviética.
Em 2021, muitos manifestantes protestaram contra as condições econômicas, problemas no fornecimento e escassez de alimentos e medicamentos. Outros exigiram mais liberdade. As tensões na ilha se acentuaram durante o auge da pandemia de covid-19, que castigou ainda mais a combalida economia cubana.
O regime respondeu organizando contramanifestações de "apoio" ao governo e o envio de forças de segurança para conter os protestos críticos ao regime. O presidente Miguel Díaz-Canel, por sua vez, acusou os EUA de financiarem os protestos e exortou seus partidários a confrontar fisicamente os críticos do regime.
A repressão deixou pelo menos um morto. Dezenas ficaram feridos, e mais de 1,3 mil acabaram sendo detidos. Centenas de pessoas ainda estão na prisão, segundo a organização civil Justicia 11J.
Das 381 pessoas que foram sentenciadas por participação nos protestos, 297 foram condenadas a penas de prisão. Segundo a procuradoria cubana, os crimes atribuídos incluem "sedição, sabotagem, roubo com força e violência, agressão, desacato e desordem pública".
A outras 84 pessoas, incluindo 15 jovens com menos de 18 anos, foi dada a opção de comutarem suas penas prestando serviços comunitários. Embora os cubanos só atinjam legalmente a idade adulta aos 18 anos, a maioridade penal é aplicada a partir dos 16 anos.
O Ministério Público alertou, no entanto, que esses 84 indivíduos podem vir a sofrer penas mais duras se violarem as condições da sentença ou se envolverem em "novos crimes".
"A Procuradoria-Geral da República continua a informar o público sobre a resposta legal aos eventos de 11 de julho de 2021, que atacaram a ordem constitucional e a estabilidade do nosso Estado socialista", diz o comunicado divulgado pela procuradoria cubana.
Em janeiro, o regime cubano informou que 790 pessoas - incluindo 55 menores de 18 anos - estavam sendo responsabilizadas legalmente por participação nos protestos. Muitos ainda aguardam julgamento ou estão recorrendo das sentenças.
Grupos de direitos humanos, o governo dos EUA e a União Europeia criticaram a perseguição aos manifestantes. No final de maio, a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, duas das principais organizações de direitos humanos do mundo, pediram a libertação de dois artistas que foram presos por participação nos protestos. Luis Manuel Otero Alcántara, artista visual, e Maykel Castillo Pérez, cantor de rap que também é conhecido por seu nome artístico "Osorbo", estão em prisão preventiva há quase um ano.
jps/lf (Reuters, AFP, ots)
O fim da era Castro em Cuba
Quase nada em Cuba lembra de como era a vida antes dos Castro. O dia 19 de abril de 2018 marca o fim das quase seis décadas de governo dos irmãos Fidel e Raúl.
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1959 - A revolução triunfa
O rebeldes liderados por Fidel Castro chegam ao poder depois de derrubar o ditador Fulgencio Batista em janeiro. Os EUA reconhecem o novo governo. Logo, "leis revolucionárias" (como a reforma agrária) afetam empresas americanas. Em dezembro, o presidente republicano Dwight D. Eisenhower aprova um plano da CIA para derrubar Castro em um ano e substitui-lo por "uma junta amiga dos EUA".
Foto: AP
1960 − Aproximação com a União Soviética
Eisenhower proíbe exportações para Cuba (exceto de alimentos e remédios) e suspende a importação de açúcar. Cuba responde nacionalizando bens e empresas americanas e estabelecendo relações diplomáticas e comerciais com a União Soviética. No funeral das vítimas da explosão do cargueiro francês La Coubre (foto), Cuba responsabiliza a CIA, e Castro lança seu lema "pátria ou morte!"
Foto: AP
1961 − Ruptura e invasão fracassada
Os EUA rompem relações diplomáticas com Cuba e fecham sua embaixada em Havana em 3 de janeiro. Após uma série de bombardeios em aeroportos e incêndios em estabelecimentos comerciais, cuja autoria Cuba atribui aos EUA, Fidel proclama o caráter socialista da revolução em 16 de abril. Entre 17 e 19 daquele mês, cubanos treinados pelos EUA tentam invadir a ilha pela Baía dos Porcos, mas fracassam.
Foto: AP
1962 - A crise dos mísseis
"Não sei se Fidel é comunista, mas eu sou fidelista", disse em 1960 o líder soviético Nikita Kruchov. Moscou reata relações diplomáticas com Havana e eleva seu apoio. A URSS instala bases de mísseis nucleares em Cuba, desencadeando a "crise dos mísseis". Moscou cede à pressão de Kennedy em troca de os EUA se comprometerem a não invadir Cuba e desativarem suas bases nucleares na Turquia.
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1971 – Fidel Castro no Chile
O episódio da Baía dos Porcos acelera a proclamação do caráter socialista, marxista-leninista, da revolução. Cuba acaba sendo expulsa da Organização dos Estados Americanos. Castro fica isolado no continente, mas não para sempre. Ele é recebido no Chile pelo presidente Salvador Allende (foto), que iria ser derrubado por Augusto Pinochet em 1973.
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1989 – A hora da Perestroika
A chegada ao poder de Mikhail Gorbatchov em Moscou marca o início da era da Glasnost e Perestroika. A Cortina de Ferro começa a ruir, e o império soviético se esfacela. Cuba perde sua principal base de sustentação no exterior, entrando em crise aguda. Milhares de cubanos tentam fugir para Miami em embarcações precárias. Muitos analistas preveem o fim do regime castrista.
Foto: picture-alliance/dpa
1998 – Primeira visita do papa
Um decreto de Pío 12 proibia aos católicos o apoio a regimes comunistas. Em virtude disso, o Vaticano excomungou Fidel Castro em janeiro de 1962. Mas, com o fim da Guerra Fria, chega o momento da reaproximação: em 1996, Castro visita o papa João Paulo 2°, e este retribui a visita dois anos depois, em viagem considerada histórica.
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2002 - Fidel Castro e Jimmy Carter jogam beisebol
Desde que os EUA impuseram seu embargo comercial, econômico e financeiro, em 1962, houve poucos momentos de distensão entre Washington e Havana. Um deles foi a viagem do ex-presidente americano Jimmy Carter a Cuba, em 2002, motivada pela intenção de encontrar pontos de aproximação.
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2006 - Fidel e Hugo
A partir dos anos 90, Cuba deixa de ser vista como uma perigosa exportadora de revoluções. Com a derrocada do bloco comunista no Leste Europeu, as ideologias de esquerda entram em crise. Mas, na Venezuela, chega ao poder um novo dirigente, disposto a propagar a "Revolução Bolivariana". Hugo Chávez, declarado admirador de Fidel, passa a dar a Havana um respaldo importante, também na área econômica.
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2006 - A entrega do poder
A doença forçou Fidel Castro a abandonar o poder. Em 2006, ele o deixa nas mãos de seu irmão Raúl, uma garantia de que não haveria reviravoltas num sistema que, apesar dos avanços em educação e saúde, cobrou um alto preço: o da falta de liberdade e repressão. Fidel foi se despedindo do poder aos poucos, defendendo até o fim sua visão, através das páginas do jornal "Granma".
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2014 - Degelo temporário
Em dezembro de 2014, os presidentes dos EUA, Barack Obama, e o de Cuba, Raúl Castro, anunciaram que retomariam as relações diplomáticas. Obama visitou Cuba em março de 2016. Haviam se passado 88 anos desde a última vez que um presidente americano viajara à ilha. EUA retirou Cuba da lista de terrorismo, dando início ao processo de retomada das relações diplomáticas.
Tantas vezes anunciada e desmentida, a morte do líder foi inicialmente recebida com desconfiança. Entretanto, em 25 de novembro de 2016, os bares fecharam mais cedo e as reuniões de amigos nas ruas se dispersaram com a notícia. Durante anos, Fidel Castro desmentiu rumores de sua morte com a publicação de fotografias ou artigos de opinião.
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2018 – A sucessão
Depois de dez anos, Raúl Castro se retira do poder. Em 19 de abril, o Parlamento cubano elegerá um sucessor que, pela primeira vez em quase 60 anos, não leva o sobrenome Castro: o vice de Raúl, Miguel Díaz Canel. Entretanto, analistas julgam improvável que o curso político em Cuba se modifique logo.