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Cuba denuncia ação militar dos EUA mirando a Venezuela

14 de fevereiro de 2019

Aliado de Maduro, governo cubano afirma que tropas americanas vêm se movimentando no Caribe como parte de preparativos para uma "aventura militar" na Venezuela "disfarçada de intervenção humanitária".

Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, em cerimônia de posse de Maduro, em janeiro deste ano
Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, em cerimônia de posse de Maduro, em janeiro deste anoFoto: Reuters/C. Garcia Rawlins

Cuba afirmou nesta quarta-feira (13/02) que tropas dos Estados Unidos estão se movimentando no território caribenho como parte de um plano para intervir na Venezuela, classificado de "uma aventura militar imperialista disfarçada de intervenção humanitária".

Segundo o ministro do Exterior cubano, Bruno Rodríguez, houve "movimentos de forças de operações especiais dos Estados Unidos com direção a aeroportos de Porto Rico, da República Dominicana e de outras ilhas do caribe, sem conhecimento de seus governos".

"Continua a preparação de uma agressão militar contra a Venezuela com pretexto humanitário", escreveu no Twitter o chanceler de Cuba, país aliado do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

"Cuba convoca a comunidade internacional a atuar unida, superando as diferenças políticas ou ideológicas para conter uma nova intervenção militar imperialista na nossa América", acrescentou.

Em comunicado, o Ministério do Exterior cubano detalhou que a movimentação de tropas ocorreu entre 6 e 10 de fevereiro, em "voos de aviões de transporte militar em direção ao aeroporto Rafael Miranda, de Porto Rico, à Base Aérea de San Isidro, na República Dominicana, e a outras ilhas do Caribe com localização estratégica".

Segundo o ministério, os voos partiram de bases militares dos EUA onde operam forças de operações especiais e da infantaria da Marinha. Tais forças seriam utilizadas para ações secretas, "inclusive contra líderes de outros países", diz a pasta cubana.

O presidente americano, Donald Trump, vem tentando pressionar Maduro a renunciar e entregar o poder ao oposicionista Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional venezuelana, que se autoproclamou presidente interino há três semanas. Em 29 de janeiro, os EUA impuseram sanções contra a petrolífera estatal da Venezuela, a PVDSA.

Enquanto os Estados Unidos e mais de 40 países reconheceram Guaidó como legítimo chefe de Estado, Cuba continua respaldando o regime venezuelano, como vem fazendo desde o início da chamada Revolução Bolivariana em 1998, sob o governo de Hugo Chávez. Maduro também conta com o apoio da Rússia e da China, além das Forças Armadas venezuelanas.

Havana afirmou nesta quarta que meios políticos e de imprensa, inclusive dos EUA, revelaram que "figuras extremistas" dos Estados Unidos organizaram uma "tentativa de golpe de Estado na Venezuela por meio da autoproclamação ilegal de um presidente".

Em meio à grave crise econômica que provoca escassez de produtos básicos na Venezuela e à disputa de poder entre Guaidó e Maduro, este nega a existência de uma crise humanitária, afirmando que ela foi inventada pelos EUA para justificaram uma intervenção no país, enquanto o oposicionista defende ajuda externa para evitar uma catástrofe.

Guaidó afirmou na terça-feira que ajuda humanitária começará a entrar no país a partir do próximo dia 23 de fevereiro, apesar das objeções de Maduro. Um carregamento enviado pelos EUA aguarda há uma semana num centro de coleta na cidade colombiana de Cúcuta, enquanto militares venezuelanos bloqueiam a fronteira.

Sem descartar uma intervenção militar no país, o assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, afirmou no fim de janeiro que Trump se mantém aberto a "todas as opções".

No comunicado divulgado nesta quarta, Cuba afirmou estar claro que os EUA pretendem estabelecer um corredor humanitário sob o pretexto de proteger civis, enquanto a real intenção de Washington seria privar o povo venezuelano das reservas de petróleo do país e de outros recursos naturais estratégicos.

LPF/rtr/afp

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