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SaúdeCuba

Cuba inicia fase avançada de testes de vacina

4 de março de 2021

Em meio à competição global por acesso a vacinas, ilha aposta em imunizante local. Se testes forem bem-sucedidos, Cuba poderá ter a primeira vacina desenvolvida e produzida inteiramente na América Latina.

Kuba Havanna Plaza de la Revolución
A capital cubana, Havana, é atualmente o território com a maior taxa de infecção da ilha Foto: Guillermo Nova/dpa/picture alliance

A candidata de Cuba a vacina contra o coronavírus Soberana 02 recebeu nesta quarta-feira (04/03) autorização para iniciar a terceira e última fase de ensaios clínicos, na qual sua eficácia será testada em larga escala.

Se a vacina tiver sucesso, Cuba diz que inoculará toda a sua população de 11 milhões de habitantes com o que seria a primeira vacina contra covid-19 desenvolvida e produzida na América Latina.

Nesta semana, o país começou a recrutar cerca de 44 mil voluntários de idades entre 19 e 80 anos em Havana para seu teste da vacina de duas doses aleatório e controlado com placebo, no qual alguns receberão uma terceira dose de reforço de outra candidata a vacina cubana.

A Soberana 02 é o mais avançado dos quatro candidatos pesquisados em Cuba e foi desenvolvida pelo Instituto Finlay de Vacinas (IFV), estatal. O diretor do organismo, Vicente Vérez, declarou nesta quinta-feira que a autorização para o estudo de eficácia é "um dos grandes marcos" na corrida global para encontrar uma cura para a Covid-19.

Das 76 vacinas candidatas atualmente em testes clínicos em todo o mundo, a fórmula cubana é a primeira das que estão sendo desenvolvidas na América Latina a avançar para a fase final de testes.

Soberana 02, para aplicação intramuscular, é uma vacina subunitária que combina o antígeno do vírus e o toxoide do tétano, e também usa hidróxido de alumínio para estimular a resposta do sistema imunológico.

Após receber permissão do Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos (Cecmed), o ensaio começará nos próximos dias em oito municípios de Havana. O governo cubano também disse que, se tudo sair como planejado, a ilha deverá exportar a vacina e a oferece-la a turistas - o país tem um histórico de exportação de vacinas e turismo médico.

Doença

A capital cubana é atualmente o território com a maior taxa de infecção da ilha e, nos últimos dois meses, foi responsável por uma média de metade dos novos casos registrados diariamente.

Além da Soberana 02, Cuba está desenvolvendo três outras vacinas candidatas contra a Covid-19, às quais acaba de ser acrescentada outra, especificamente destinada a prevenir o risco de reinfecção em pessoas em convalescença da doença.

A ilha não adquiriu vacinas no mercado internacional, nem é um dos países que aderiram ao mecanismo Covax, criado sob os auspícios da Organização Mundial da Saúde (OMS) para impulsionar o acesso equitativo à imunização para nações de baixa e média renda. Embora muitos países da América Latina e do Caribe estejam competindo com nações mais ricas para ter acesso limitado a suprimentos de vacinas produzidos no exterior, Cuba escolheu apostar em sua própria vacina, apesar de estar enfrentando seu pior surto desde o início da pandemia. Cuba tem 53.308 casos de coronavírus e 336 mortes desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais.

jps (EFE, Reuters)

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