Cuba vota sobre casamento homossexual em referendo
25 de setembro de 2022
Iniciativa do governo comunista em Havana conclama população a "votar pela democracia" e a favor da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da adoção por casais LGBT. Igrejas se opõem.
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A população de Cuba vota neste domingo (25/09) em referendo sobre uma nova versão de seu Código Familiar. Ela prevê a legalização do matrimônio e da adoção para casais do mesmo sexo, além de permitir a gestação solidária ("barriga de aluguel") e conceder mais direitos aos pais não biológicos.
Mais de 8 milhões de cidadãos maiores de 16 anos podem votar a proposta apresentada pelo governo comunista e criticada por líderes religiosos católicos e evangélicos.
Na semana final da campanha, o governo inundou a televisão, rádio e redes sociais com mensagens pró-igualdade, além de promover outdoors chamativos, comícios públicos e tuítes do presidente Miguel Díaz-Canel conclamando a população a votar "sim" "em favor da democracia".
Problemas econômicos ameaçam importância do voto
Nos últimos anos, a atitude oficial de Havana em relação à homossexualidade mudou significativamente, após décadas de perseguição. Em 2019, o governo se propôs a incluir o casamento homossexual ou igualitário na Constituição cubana, porém recuou diante das críticas da Igreja.
Também desta vez a Conferência Episcopal se opôs à proposta. Ainda assim, entre fevereiro e abril realizaram-se mais de 79 mil reuniões de cidadãos para promover o debate público em massa sobre os direitos familiares. Em consequência, mais da metade do texto original foi modificada, informou a mídia estatal.
Segundo o politólogo Rafael Hernández, o presente referendo é "a mais importante legislação de direitos humanos" de Cuba, desde a Revolução de 1959. No entanto, as vicissitudes econômicas ameaçam obscurecer o voto histórico deste domingo.
Cuba enfrenta sua pior crise econômica dos últimos 30 anos, devido ao colapso do turismo internacional e as sanções de longo prazo dos Estados Unidos. "A questão é que muitos vão votar [...] muito mais em protesto ou por lealdade com o governo do que no conteúdo", comentou o especialista em América Latina Bert Hoffmann à agência de notícias Reuters. "E isso seria uma pena."
av (Reuters,AFP)
A homossexualidade na realeza através dos tempos
Holanda anunciou em 2021 que um monarca poderia se casar com um parceiro do mesmo sexo sem ter que abrir mão do direito ao trono. Mas sempre existiram gays, lésbicas e bissexuais na realeza. Relembre alguns casos.
Foto: Instagram: ivar_mountbatten
Príncipe Manvendra Singh Gohil
O príncipe indiano Manvendra Singh Gohil se tornou o primeiro príncipe abertamente gay do mundo ao se declarar homossexual em 2006. A revelação, porém, levou sua família a deserdá-lo rapidamente. Em 2013, ele se casou com seu príncipe encantado nos EUA. Ativista fervoroso dos direitos LGBTQ, hoje ele também educa sobre a prevenção do HIV e até já abrigou LGBTQs em seu palácio.
Foto: Karin Törnblom/Imago Images
Imperador Adriano (76 - 138 DC)
O imperador Adriano pode não ser considerado um rei no sentido moderno, mas foi imperador romano de 117 a 138 d.C. Nesse período, nunca escondeu seu amor pelo jovem grego Antínoo, com quem participava publicamente de cerimônias reais. Quando Antínoo morreu, Adriano ficou tão abalado que pediu que o jovem fosse transformado em deus – uma honra geralmente reservada à família do imperador.
Filipe 1º, duque de Orléans (1640-1701)
Irmão mais novo do rei Luís 14, da França, Filipe 1º jamais escondeu seu jeito afeminado. O duque era famoso por ser "perfumado, adornado com joias e extravagantemente vestido de renda e seda". Filipe teve muitos amantes – homens e mulheres –, mas seu companheiro favorito era um nobre francês da casa ducal de Lorena, com quem permaneceu até o fim da vida.
Foto: Public Domain
Rainha Ana da Grã-Bretanha (1665 - 1714)
A rainha Ana reinou na Grã-Bretanha de 1702 a 1714. Embora casada, seu coração pertencia a Sarah Churchill, uma ancestral de Winston Churchill. O afeto entre ambas está bem documentado em cartas de amor. Quando a rainha decidiu terminar o relacionamento, Churchill tornou pública a sexualidade de Ana. A história foi adaptada no filme "A Favorita".
Foto: National Portrait Gallery, London
Lorde Alfred Douglas (1870 - 1945)
Lorde Alfred Douglas, caso de amor de Oscar Wilde no início do século 20, era filho do marquês de Queensberry. Seu pai repudiava seu relacionamento com o poeta irlandês, tendo acusado Oscar Wilde de sodomia – o que acabaria colocando Wilde atrás das grades. Após os eventos traumáticos, Douglas se casou com uma mulher e repudiou publicamente a homossexualidade de Wilde.
Foto: Imago Images/Leemage
Príncipe Egon von Fürstenberg (1946 - 2004)
O príncipe Egon von Fürstenberg, da Alemanha, foi um socialite, designer e queridinho dos tabloides. Sua bissexualidade sempre foi pública: duas vezes casado com mulheres, não escondia seus parceiros homens. Ao longo da vida, Von Fürstenberg era famoso frequentador da vida noturna gay.
Foto: Holt, Rinehart and Winston
Umberto 2º (1904 - 1983)
Umberto 2º foi o último rei da Itália. Como uma forma de desacreditá-lo, jornais fascistas italianos trouxeram sua homossexualidade a público de forma sensacionalista no final de 1943. Mas após a guerra, logo ele foi nomeado rei novamente até 1946.
Foto: Public Domain
Luisa Isabel Alvarez de Toledo (1936 - 2008)
Luisa Isabel Alvarez de Toledo nunca se preocupou com a reputação familiar – e isso apesar de a Casa de Medina Sidonia, à qual ela pertencia, ser uma das casas ducais mais importantes da Espanha. Ativista dedicada contra a Igreja, ela manteve um relacionamento amoroso com sua secretária por mais de 20 anos. O casamento oficial ocorreu em 2008, com a duquesa em seu leito de morte.
Foto: picture alliance/dpa
Lorde Ivar Mountbatten
Lorde Ivar Mountbatten foi o primeiro membro da realeza britânica a ter uma relação aberta com alguém do mesmo sexo e também o primeiro a se casar com seu parceiro, em 2018. A revelação foi aparentemente bem recebida pela família – a ex-mulher de Mountbatten inclusive o acompanhou até o altar.