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Cuidar da população cada vez mais idosa é um desafio

lk1 de outubro de 2002

Solucionar os problemas derivados do crescimento da população idosa é um verdadeiro desafio. Um dos setores onde as conseqüências já se manifestam com grande impacto é o da assistência à terceira idade.

Velhice requer assistênciaFoto: Bilderbox

Em menos de 50 anos, o mundo terá, pela primeira vez, mais habitantes com idade superior a 60 anos do que jovens com menos de 15. O aumento da expectativa de vida, aliado à diminuição do número de nascimentos, vem conduzindo já há décadas, nos países desenvolvidos, a uma inversão da pirâmide etária.

Na Alemanha, os homens vivem hoje, em média, 74,4 anos, as mulheres, 80,6 anos. Cerca de 22% dos 82,4 milhões de habitantes do país têm mais de 60 anos; até 2050, essa cota vai subir para 36%. Para cada 100 pessoas economicamente ativas, existem 40 aposentados. Em 50 anos, a proporção será de 80 para 100.

Um dos setores em que já hoje mais se nota o impacto dos problemas derivados do crescimento da terceira idade é o da assistência especializada. Cerca de um milhão de idosos sofrem atualmente do mal de Alzheimer ou outras formas de demência, um número que, segundo o Ministério da Família, deve subir para 1,4 milhão até o ano 2020. Embora a grande maioria viva sob os cuidados da família, muitos dos afetados são assistidos em asilos especializados, onde sua cota é superior, muitas vezes, a 50%.

Falta crônica de pessoal capacitado

Mantidos em sua maioria pelas igrejas e organizações de assistência social, os asilos de idosos sofrem, há anos, de uma falta crônica de pessoal capacitado. Cálculos falam de um déficit da ordem de 40%. A conseqüente sobrecarga de trabalho leva muitas vezes os profissionais do setor a desistirem da atividade após apenas alguns anos, por não resistirem ao stress.

O cotidiano nos lares de idosos é assustador, como comprova estudo realizado recentemente em Munique e divulgado pelo diário Süddeutsche Zeitung. Dos 6.000 idosos que habitam os asilos da cidade, cerca de dois terços são dementes em médio ou alto grau, um quinto tem dificuldades de locomoção. Mais da metade deles são mantidos constantemente sob a ação de psicotrópicos, cerca de 41% têm sua liberdade de movimentos limitada por meio de grades ou cintos que os prendem à cama. Essas medidas são adotadas quase sempre sem a necessária autorização judicial, sob a alegação de que querem prevenir quedas e ferimentos.

A situação em Munique reflete o estado calamitoso geral em que se encontra o setor de assistência aos idosos na Alemanha. Sem a mão-de-obra estrangeira, proveniente principalmente do Leste Europeu, ele provavelmente entraria em colapso. Muitas entidades mantenedoras já qualificam pessoal na Polônia, República Tcheca e Eslováquia. Multiplicam-se as reivindicações de um fomento à imigração dirigida, visando a facilitar para profissionais do setor a entrada no país e a obtenção de visto de permanência e trabalho.

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