Por mais paradoxal que pareça, a obsessão por consumir os "alimentos certos" pode levar a transtornos e danos incalculáveis ao organismo. Entenda o que é a ortorexia.
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Culto à alimentação saudável pode virar doença
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A alimentação saudável é chave para viver mais e com boa saúde. É praticamente consenso entre nutricionistas que uma dieta rica em vegetais e com baixo teor de gordura e açúcares é a melhor para o organismo. Mas, como tudo na vida, é preciso haver equilíbrio.
Para conseguir manter uma dieta saudável, algumas pessoas iniciam uma busca obsessiva por regras alimentares e acabam desenvolvendo um distúrbio conhecido como ortorexia. O termo foi cunhado pelo médico americano Steven Bratman, autor do livro Health Food Junkies (viciados em comida saudável, em tradução livre).
Para os ortoréxicos, qualquer item considerado "impuro" (como corantes, conservantes, pesticidas, gorduras trans, excesso de sal ou açúcar etc.) é excluído da alimentação. Em alguns casos as regras valem inclusive para os utensílios utilizados no preparo da refeição.
O portador de ortorexia corre risco de apresentar deficiência de nutrientes importantes para o corpo, como foi o caso de Martin (veja a reportagem em vídeo), que chegou a pesar 38 kg e precisou buscar ajuda em uma clínica especializada.
"Eu perdi todos os meus contatos sociais, minhas amizades e até a minha companheira", conta. Martin não se permitia qualquer tipo de desvio na rotina e na quantidade do que comia. Comprava descontroladamente alimentos saudáveis e não pensava no valor nutricional do que ingeria.
Alimento e mito: o que realmente faz bem ou mal?
Saúde é também um pouco como moda. Vinho faz bem, colesterol mata, manteiga ou margarina? Saiba o que é bom ou não para sua saúde – hoje. Pois talvez amanhã o contrário seja verdade...
Foto: picture-alliance/dpa/T. Hase
Pense bem antes de comer biscoito de canela
Sim, a canela pode ser prejudicial. Um dos seus ingredientes – a cumarina – pode causar danos no fígado e nos rins. Mas isso não é motivo de grande preocupação, porque, por outro lado, há uma longa lista de alimentos que podem ajudar a evitar doenças. Pelo menos, é o que se pensa até hoje - porque a opinião de nutricionistas pode mudar rapidamente.
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Veneno ou antídoto?
"Causa câncer" ou "faz mal para os nervos" são algumas das frases que se costuma ouvir sobre o café. Porém, pesquisadores dizem que o café, na verdade, não é tão ruim assim quanto a reputação que carrega. E pode até diminuir o risco de câncer. Debate à parte, convém consumir com moderação.
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Uma taça de vinho por dia
Álcool faz mal para a saúde, mas o vinho tinto contém moléculas benéficas, como o resveratrol e antocianinas. E agora? Beber ou não? Estudos epidemiológicos realizados durante anos sugerem que uma taça por dia é benéfica para as mulheres, enquanto para os homens, duas. Depois, as estatísticas mostraram que, nos EUA, aqueles que não bebem morrem mais cedo do que quem bebe com moderação.
Foto: Beboy/Fotolia
Velha rixa: manteiga x margarina
Anos atrás, a recomendação era evitar manteiga e comer apenas margarina. Ela contém menos ácidos graxos saturados do que a manteiga derivada do leite. Mas agora se alerta que a margarina é um produto artificial, inventado pela indústria de alimentos, portanto cheio de aditivos químicos.
Foto: picture-alliance/dpa
Vilão injustiçado
Quando alguém morria de doenças cardíacas ou de AVC, o culpado era o colesterol. Como ele entope os vasos sanguíneos, os médicos aconselhavam evitá-lo a qualquer custo. Alimentos como ovos, queijo e carne eram considerados especialmente perigosos. A verdade, porém, é que o corpo precisa de um pouco de colesterol, e até o produz. Mesmo assim, é importante não exagerar.
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Vitaminas congeladas
Muitos evitam comer legumes e verduras congelados, acreditando que eles tenham menos vitaminas do que os frescos. No entanto, vegetais congelados contêm mais nutrientes por serem processados diretamente após a colheita, em vez de ficar dias nas prateleiras dos supermercados, esperando para ser comprados.
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Peixe todo-poderoso
Há alguns anos, dizia-se que os ácidos graxos ômega-3 poderiam prevenir doenças como câncer, problemas cardiovasculares – e até mesmo déficit de atenção, hiperatividade e depressão. Os especialistas aconselhavam a ingestão diária de suplementos de ômega-3. De fato: esses ácidos graxos são importantes para algumas funções do corpo. Mas não trazem benefícios na maioria das doenças listadas.
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Excesso do que é bom também faz mal
Vitaminas são essenciais para o metabolismo. Então o que seria mais saudável do que tomar suplementos vitamínicos diariamente? Em especial de vitamina C, tida como proteção contra todos os tipos de doenças, inclusive resfriados. Só que até hoje nenhum estudo comprovou tais afirmativas. Na verdade, os suplementos vitamínicos podem até ser prejudiciais – pelo menos é o que se diz hoje em dia...
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Beber sem ter sede?
A natureza é bem inteligente. Quando precisamos de água, temos sede. Mas alguém disse certa vez que se deve beber antes ter sede, pelo menos três litros por dia. A teoria talvez se baseie no fato de os idosos costumarem perder o senso de sede. Mas em condições normais, o corpo humano sabe muito bem avisar que está na hora de ingerir líquidos.
Foto: Fotolia/photo 5000
Bênção ou maldição do leite
O leite contém cálcio, que é bom para os ossos e o sistema imunológico. Isso é o que nos ensinaram. Mas um estudo sueco que vem sendo realizado há décadas sugere que quem bebe muito leite talvez morra mais cedo. Será que a responsável é a lactose? Ninguém sabe. Por enquanto, continue bebendo leite, mas com moderação.
Trigo: o novo vilão
Numerosos sites de nutrição alertam sobre os perigos do trigo, acusando-o de "inflamar o corpo, causar vazamento dos intestinos e desencadear doenças autoimunes". Certos médicos e autores dizem que trigo pode até causar calvície, alucinações e ideias suicidas. Apesar de não haver estudos que comprovem tais afirmativas, muitos têm abdicado do cereal que sustentava seus ancestrais.
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Nem tudo o que é orgânico é ouro
Se a comida normal contém química em excesso, como dizem, então a solução seriam os alimentos orgânicos, produzidos sem adubo químico ou substâncias "do mal". Porém estudos sugerem que os alimentos orgânicos não são mais ricos em nutrientes nem melhores do que os demais. São apenas mais caros.
Foto: picture-alliance/dpa
Equilíbrio é a chave
Independente do que digam todas as teorias e estudos, o estilo de vida realmente faz diferença. As estatísticas mostram claramente que fumar, beber demais e obesidade não são saudáveis, podendo até matar. Mas não se preocupe demais com os relatórios que louvam só um tipo de alimento ou outro. O que importa é o equilíbrio. Portanto, seja lá o que for, faça com moderação.
Foto: picture alliance/ZB
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Obsessão pela saúde?
Steven Bratman escreve em seu site www.orthorexia.com que todos concordam que não é saudável ficar acima do peso e que é razoável evitar a obesidade.
No entanto, algumas pessoas desenvolvem anorexia nervosa, por exemplo, ao buscarem metas de ingestão diária de alimentos específicos e devido à influência de fatores psicológicos. Bratman diz que um processo semelhante acontece com a obsessão pela alimentação saudável.
"Na intenção de manter um corpo saudável, a pessoa acaba indo por um caminho que não é sadio emocional nem psicologicamente. Assim, acabam desenvolvendo a ortorexia nervosa."
Como tratar e identificar o distúrbio
O professor Thomas Dunn, da University of Northern Colorado, é um dos poucos pesquisadores que publicaram estudos sobre ortorexia com a revisão de seus pares. Em entrevista concedida ao jornal britânico The Guardian, ele estabeleceu distinções simples para os dois distúrbios.
"Pessoas com anorexia restringem a sua ingestão de alimentos segundo um modismo para ficarem magras. Pessoas com ortorexia restringem a sua ingestão de alimentos seguindo uma dieta saudável para ficarem saudáveis", define.
Segundo o psicólogo Markus Fumi, as pessoas só recorrem à terapia quando começam a perceber as sérias consequências. "Geralmente a pessoa afetada não é consciente que tem o problema e segue pensando que a sua forma de alimentação está correta", disse, em entrevista à DW.
mp/dw
Dez superalimentos e seus superpoderes
Parece que no momento todo o mundo se alimenta de chia, açaí, quinoa, bagas de goji. Alguns deles são milenares e têm fama de promover juventude, saúde e até beleza. Dez superalimentos e suas propriedades nutritivas.
Foto: Fotolia/S.HarryPhotography
Açaí
A campanha vitoriosa do açaí começou modestamente na Região Norte do Brasil, mas em poucos anos as bagas violáceas tomaram conta do mundo. Sua fama é de tornar o consumidor forte e esbelto. E jovem, devido aos numerosos antioxidantes que contém. Para muitos esportistas, os poderosos frutos da palmeira prometem uma dose extra de energia.
Foto: Imago/Westend61
Abacate
O abacate é uma das frutas mais ricas em gordura. O que não significa que seja a mais engordante, pois contém ácidos graxos insaturados de alta qualidade, com efeito positivo sobre as taxas de colesterol e o sistema cardiovascular. Além disso, possui numerosas vitaminas que beneficiam desde a pele e os cabelos até os sistemas imunológico e nervoso.
Foto: Fotolia/fredredhat
Chia
As sementinhas de chia são vendidas como panaceia universal. Com alto conteúdo proteico, são ricas nos ácidos graxos essenciais ômega-3 e ômega-6. Os maias e astecas já conheciam as propriedades da chia 5 mil anos atrás. De gosto neutro, elas são consumidas por seus fãs como pudim, gel ou puras, salpicadas sobre a comida.
Foto: Colourbox
Goji
Ao se falar de superalimentos, é quase impossível evitar os superlativos. Isso se aplica em especial às bagas de goji, citadas entre as frutas mais saudáveis do mundo. Consta que fortalecem o sistema imunológico e cardíaco, baixam a pressão sanguínea, dão energia. E mantêm a pessoa jovem – por exemplo, pela ação benéfica sobre olhos e pele.
Foto: imago/Xinhua
Couve-crespa
Passo a passo, a modesta couve-crespa vai conquistando o mercado europeu, passando de exótica a verdura da moda. Conhecida como "kale", nos Estados Unidos há muito ela tem excelente fama, seja refogada ou em forma de salada ou "smoothie". Cem gramas dessa verdura bastam para cobrir a necessidade diária de vitamina C de um adulto. Além disso, é rica em vitamina A e minerais como ferro e cálcio.
Foto: picture alliance/dpa
Mirtilo
Na Alemanha a estação das bagas azul-escuro começa em julho. Mirtilos são apreciados como bombas vitamínicas, eficazes no combate às infecções. Sabe-se que já na Grécia e Roma antigas eles eram utilizados contra afecções intestinais. Ao contrário do açaí, contêm poucas calorias e quase nenhuma gordura, mas apresentam o mesmo efeito antienvelhecimento.
Foto: picture-alliance/dpa
Gengibre
Ao aquecer o corpo, o gengibre é uma arma eficaz no combate às afecções gastrointestinais. Ao aumentar a circulação nos intestinos, ele faz sarar infecções e a mucosa intestinal se recupera. Esse efeito aquecedor se potencializa quando ele é ingerido seco. Em estado fresco, por outro lado, é mais picante, o que é de extrema importância para o reforço do sistema imunológico, por exemplo.
Foto: Fotolia/kostrez
Curcuma
Há milênios o curcuma ou açafrão-da-índia é um dos condimentos principais da cozinha indiana, sendo encontrado no famoso pó de curry. A planta aparentada ao gengibre é tida como sagrada e incluída em praticamente todos os pratos, para promover a digestão. Além disso, o curcuma também tem fama de baixar o colesterol, além de ser antioxidante e anti-inflamatório.
Foto: picture-alliance/Arco Images GmbH
Amêndoa
Comer algumas amêndoas por dia é um valioso segredo da saúde. Esse fruto seco combate ataques de fome, beneficia o coração e reduz o risco de diabetes do tipo 2 e mal de Alzheimer. Além disso, a gordura das amêndoas é como a do abacate: abundante, porém saudável.
Foto: Fotolia
Quinoa
Originária da região dos Andes, a quinoa já é cultivada há cerca de 4 mil anos. Esse pseudocereal é uma das melhores fontes de proteína vegetal conhecidas em todo o mundo. Os pequenos grãos contêm todos os aminoácidos essenciais e antioxidantes importantes para o combate às doenças, além de serem livres de glúten e ricos em minerais.