Após aprovação do impedimento de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, presidente da Casa encontra Renan Calheiros para entrega oficial do processo. Documento, que será analisado no Senado, tem mais de 12 mil páginas.
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O processo que pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff, aprovado no domingo pela Câmara dos Deputados, foi encaminhado nesta segunda-feira (18/04) ao Senado. O documento contém 36 volumes e 11 anexos, totalizando mais de 12 mil páginas.
O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi pessoalmente ao gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para a entrega do parecer. Os dois tiveram um encontro a portas fechadas e depois conversaram com os jornalistas.
"É papel do Senado instaurar o processo, admitindo-o ou não, e julgar a denúncia. Pretendemos fazer isso com absoluta isenção e total neutralidade", garantiu Calheiros na tarde desta segunda-feira. "Não me compete fazer avaliação do resultado da Câmara."
Cunha, por sua vez, afirmou que a casa dificilmente votará projetos enquanto o Senado não tomar uma decisão sobre o processo de impedimento da presidente. Segundo o deputado, é como se o governo "deixasse de existir" para os parlamentares.
Após a reunião com o presidente da Câmara, Calheiros se encontrou com Dilma – momentos antes de seu primeiro pronunciamento desde a votação de domingo –, e depois com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, com quem tratou de dúvidas sobre o rito do impeachment.
No domingo, os deputados brasileiros aprovaram a continuidade do processo contra a presidente em uma votação que teve 367 votos a favor e 137 contrários – eram necessários ao menos 342 votos para a admissão. Agora, cabe ao Senado analisar a denúncia.
Calheiros afirmou que lerá o processo no plenário do Senado nesta terça-feira. Na mesma data, o senador deve se reunir com os líderes partidários para conversar sobre prazos e definir a proporcionalidade de cada bancada para compor a comissão especial do impeachment.
Essa comissão terá a função de emitir um novo parecer sobre a admissibilidade da denúncia, que será então votado pelo Senado. Para que um julgamento seja instaurado, é necessário o apoio de uma maioria simples dos 81 senadores.
EK/abr/lusa/rtr/ots
As imagens do domingo decisivo no Brasil
No dia da votação sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o clima de polarização se refletiu não só no plenário como também nas ruas das capitais.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Começo tumultuado
Após a leitura da ata da sessão anterior pelo deputado Beto Mansur (PRB-SP), secretário da Câmara, deputados pediram esclarecimentos a Eduardo Cunha sobre a votação. Iniciou-se então um tumulto no plenário. Houve bate-boca entre os deputados, e um empurra-empurra em frente à Mesa Diretora.
Foto: Reuters/N. Bastian/Brazil's Lower House of Congress
Guerra de cartazes no plenário
A Câmara dos Deputados iniciou às 14h (Brasília) a sessão final para a votação no plenário do pedido de abertura de processo de impeachment. Uma guerra de cartazes se seguiu: do lado do governo, por exemplo, uma Constituição rasgada com os dizeres "não vai ter golpe"; do lado opositor, inscrições como "impeachment já" e "tchau, querida".
Foto: Reuters/U. Almeida
Multidão na Esplanada
Manifestantes pró e contra o impeachment começaram a se reunir desde cedo neste domingo em diversas cidades do país para expressar suas posições. Um dos principais pontos de concentração é o gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, que foi dividido por um muro de mais de um quilômetro de extensão.
Foto: Getty Images/AFP/C. Simon
Contra o impeachment em Copacabana
Defensores da presidente Dilma também começaram cedo a se reunir no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, e na praia de Copacabana (foto), no Rio de Janeiro, que neste domingo foi dividida entre manifestantes de ambos os lados. Até mesmo kit antigolpes foram vendidos na manifestação na orla carioca.
Foto: Reuters/P. Olivares
Praia dividida
Por determinação da polícia, os manifestantes contra o impeachment se reuniram em um dos extremos da praia de Copacabana e tiveram de encerrar o protesto no início da tarde. O grupo contra a presidente começou a se reunir no outro extremo da orla após o fim da manifestação em defesa da presidente.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Izquierdo
Contra o governo na Paulista
Em São Paulo, o protesto a favor do impeachment aconteceu na parte da tarde na Avenida Paulista, um dos principais pontos de aglomeração de manifestantes contra o governo recentemente.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Protestos em várias cidades
Manifestantes contra o impeachment também fizeram protestos no Vale do Anhangabaú (foto), no centro de São Paulo, no Farol da Barra, em Salvador, em Belo Horizonte, Porto Alegre, Porto Velho, Maceió e outras cidades, além da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Foto: Getty Images/AFP/M. Schincariol
Governistas criticam Cunha
Ao longo da sessão, deputados ligados ao governo acusaram parlamentares da oposição que comandavam o impeachment de serem alvos de investigações de corrupção, com destaque para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/A. Cruz
Oposição em festa
Deputado Bruno Araújo festejou com outros parlamentares no plenário da Câmara, logo após dar o seu voto, que confirmou a abertura do processo de impeachment da presidente.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Festa pró-impeachment
Pessoas contrárias ao governo Dilma festejaram o resultado da votação na Câmara dos Deputados. Manifestações contra o governo aconteceram em várias cidades, como Porto Alegre (foto).
Foto: Reuters/L. Parracho
Tristeza entre os apoiadores
Do outro lado, o clima foi de tristeza e frustração. Em Brasília, esta apoiadora de Dilma não conteve as lágrimas com o resultado da votação na Câmara dos Deputados.