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Cunha nega ter negociado silêncio com Planalto

14 de junho de 2017

Ex-deputado presta depoimento à PF em inquérito que investiga Michel Temer com base nas delações da JBS. Segundo advogado, peemedebista negou ter recebido propina do governo federal para evitar delação.

Eduardo Cunha
Dono da JBS disse ter repassado 5 milhões de reais a Cunha para comprar seu silêncio na prisãoFoto: Reuters/U. Marcelino

O deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (14/06), no âmbito do inquérito que investiga o presidente Michel Temer. Preso desde outubro, ele negou ter negociado seu silêncio com o governo federal.

O depoimento, segunda a imprensa brasileira, durou cerca de uma hora e meia. Ao término da sessão, o advogado de defesa, Rodrigo Rios, relatou que foram feitas 47 perguntas ao ex-deputado, e que ele respondeu cerca de 25, se contendo ao conteúdo da delação dos executivos da JBS.

Segundo Rios, metade das questões dizia respeito à ação penal em que Cunha é acusado de ter recebido propina de empresas interessadas em sua influência para facilitar empréstimos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). "Em relação a isso, é mais fácil responder dentro do processo", afirmou o advogado, citado pelo jornal O Globo.

"Quanto aos fatos da JBS, o deputado ressaltou mais uma vez que o silêncio dele nunca esteve à venda, ou seja, ele nunca foi procurado nem pelo presidente Temer nem por interlocutores próximos ao presidente com intuito de comprar seu silêncio", ressaltou Rios a repórteres.

Áudio da conversa entre Temer e Joesley Batista

02:26

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Em delação premiada, o empresário Joesley Batista, da JBS, entregou às autoridades a gravação de uma conversa que teve com Temer no Palácio do Jaburu em março. Nesse diálogo, o presidente teria dado aval para o pagamento de uma mesada a Cunha, em troca de seu silêncio na prisão.

Em depoimento mais tarde, Joesley disse à Procuradoria-Geral da República que pagou um total de 5 milhões de reais ao ex-presidente da Câmara após sua prisão.

Rios afirmou ainda que Cunha negou conhecer a irmã do operador Lúcio Funaro, Roberta Funaro, presa na Operação Patmos em 18 de maio. A PF apreendeu 1,7 milhão de reais em espécie na residência dela, que teriam sido repassados pela JBS para comprar o silêncio de seu irmão. Roberta ainda foi filmada recebendo uma mala com 400 mil reais de um lobista da JBS, Ricardo Saud.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Cunha disse em depoimento nesta quarta-feira que, se a PF encontrou dinheiro com Roberta, "isso demonstra que os recursos da J&F Investimentos [holding da JBS] ficaram com ela".

O deputado cassado foi condenado a 15 anos de prisão no âmbito da Operação Lava Jato. Ele está detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

A defesa de Cunha tentou adiar o depoimento desta quarta-feira, argumentando que não teve acesso à íntegra do inquérito que investiga o presidente Temer. Sem resposta do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-parlamentar resolveu dar "uma declaração geral" sobre as acusações, segundo o advogado Rios.

O inquérito envolvendo Temer foi autorizado em maio pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, após a homologação das delações premiadas da JBS. A investigação apura se o peemedebista cometeu os crimes de corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa.

EK/abr/ots

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