Cidade iraquiana de Bashiqa, a nordeste do último reduto jihadista no país, é libertada das mãos do "Estado Islâmico", afirmam combatentes curdos. Ofensiva do Exército do Iraque para retomar Mossul já dura uma semana.
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Os curdos iraquianos afirmaram neste domingo (23/10) ter retomado a cidade de Bashiqa, perto de Mossul, das mãos do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI). Já dura uma semana a ofensiva das Forças Armadas do Iraque, com apoio de curdos e americanos, contra o bastião jihadista no país.
De acordo com a agência de notícias Reuters, a notícia da libertação de Bashiqa foi dada pelo líder da Região Autônoma do Curdistão, Massoud Barzani, ao secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, que está no Iraque. Neste domingo, os dois se reuniram na cidade de Arbil para discutir a ofensiva.
À mesma agência de notícias, um comandante dos Estados Unidos disse não ter recebido um relatório "confirmando que cada casa foi liberada, cada combatente do EI foi morto e cada bomba, removida", mas afirmou que as informações que possui sugerem que a retomada foi um sucesso.
Combatentes curdos localizam túnel do EI perto de Mossul
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Segundo o comando-geral das forças curdas peshmerga, citado pela agência de notícias Efe, a ofensiva em Bashiqa resultou na morte do emir do EI na região, identificado como Abu Faruq.
Apoio da Turquia
A batalha contra os jihadistas na cidade iraquiana, localizada a nordeste de Mossul, contou com o apoio da artilharia turca, afirmou neste domingo o primeiro-ministro turco, Binaldi Yildirim. "Eles [os combatentes peshmerga] pediram o apoio dos nossos soldados na base militar de Bashiqa. Nós fornecemos apoio com artilharia, tanques e morteiros", disse o premiê a jornalistas.
No sábado, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, reafirmou que se opunha à participação turca na ofensiva para recuperar Mossul, declarando que "essa é uma batalha iraquiana". Ele se pronunciou após uma reunião com Ashton Carter, que esteve em Bagdá antes de seguir para Arbil.
A captura de Bashiqa, se confirmada, marcaria a remoção de mais um obstáculo no caminho para a libertação de Mossul, segunda maior cidade iraquiana e último reduto dos jihadistas no Iraque.
Iniciada na última segunda-feira, a operação para expulsar o "Estado Islâmico" da cidade de 1,5 milhão de habitantes pode durar semanas ou até meses. Participam da ofensiva cerca de 30 mil soldados iraquianos, além de forças especiais americanas e milícias curdas.
EK/afp/ap/efe/lusa/rtr
A guerra particular das mulheres contra o "Estado Islâmico"
Em meados de 2014, a organização jihadista EI invadiu os territórios dos yazidis no norte do Iraque. Centenas de mulheres foram sequestradas, violentadas, escravizadas. Agora elas lutam contra os terroristas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Localizando o inimigo
Perto da cidade de Mossul, no Iraque, a combatente curda Haseba Nauzad examina de binóculo a linha de front que separa o território curdo daquele controlado pela organização terrorista "Estado Islâmico" (EI). Em cooperação com o Exército iraquiano, os curdos ganham cada vez mais terreno contra os jihadistas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Vanguarda da resistência
Inimigo localizado, é hora de atirar. Juntamente com a camarada yazidi Asema Dahir (3ª da dir.) e outras combatentes, Haseba mira os terroristas do EI. Como as ofensivas aéreas não bastam para derrotar os jihadistas, as yazidis e curdas formam a linha de frente no combate de solo.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Visão desimpedida
Haseba Nauzad prende os cabelos num rabo de cavalo: para mirar com exatidão, nada pode atrapalhar a visão. Para os ocidentais pouco mais do que um capricho da moda, o "military look" reflete uma sofrida realidade tanto aqui no Iraque como na Síria.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Companheiro fiel e símbolo de outros tempos
Asema Dahir faz uma pausa no combate. O ursinho de pelúcia vermelho que leva no braço é um símbolo de uma passado pacífico, encerrado abruptamente em meados 2014 com o ataque do EI. Para muitas mulheres yazidis começou aí uma época de sofrimento e de ruptura com tudo o que lhes era mais caro.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Imagem eloquente
O "Estado Islâmico" não teve piedade nem com os mais fracos. Implacavelmente perseguidos pelos fundamentalistas, em meados de 2014 centenas de milhares tiveram que procurar abrigo. Na época, esta foto de um ancião e suas acompanhantes deu a volta ao mundo como símbolo do sofrimento dos yazidis.
Foto: Reuters
Trauma de uma adolescente
Esta jovem yazidi não quis mostrar o rosto. Logo após a chegada do EI, ela foi forçada a se casar, aos 15 anos, com um militante do grupo. Dois meses mais tarde conseguiu escapar e agora vive novamente com a família. E relata horrores quase indizíveis.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Bennett
Depois da batalha
Meses a fio, os jihadistas do EI também sitiaram a cidade de Kobane, no norte da Síria, bem na fronteira com a Turquia. Lá os curdos ofereceram resistência desesperada, até conseguir vencer os terroristas com a ajuda da Força Aérea americana. Para trás ficou um mar de ruínas.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Akgul
União que faz a força
O EI ataca a todos que não compartilhem sua ideologia. Ele aposta numa tática divisiva, tentando instigar as diferentes confissões religiosas e etnias umas contra as outras. Nem sempre funciona: há muito, curdas e yazidis tornaram-se aliadas – o que já representa uma vitória simbólica contra os jihadistas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Não à escravidão
Do ponto de vista militar, o "Estado Islâmico" ainda não está vencido, continuando a deter o controle sobre vastas regiões na Síria e no Iraque. As curdas e yazidis seguirão combatendo-o, e de quebra dão uma lição aos fundamentalistas: as mulheres não nasceram para ser escravas.