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Alívio em Curitiba após decisão da Fifa

Clarissa Neher, de Curitiba18 de fevereiro de 2014

Capital paranaense evita danos mais graves à imagem de cidade modelo e é confirmada como uma das sedes da Copa. Valcke, porém, diz que Arena da Baixada seguirá monitorada e alfineta: "Obra só andou porque pressionamos."

Foto: Reuters

Após quase um mês do ultimato, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, confirmou nesta terça-feira (18/02) a permanência de Curitiba como uma das sedes da Copa de 2014. A decisão causou alívio nos governos municipal e estadual. A exclusão da cidade trataria prejuízos não só para a sua imagem, como também financeiros.

“Recebemos com alegria e não com euforia a decisão da Fifa, porque estamos nos empenhando para fazer um belo evento, com transparência nos investimentos e clareza”, afirmou o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet.

O prefeito garantiu que o estádio ficará pronto na data estipulada e lembrou que Curitiba é a primeira cidade, além das que receberam a Copa das Confederações, a iniciar a construção das estruturas temporárias. “Devemos deixar claro que estamos honrando os compromissos assumidos”, afirmou Fruet.

O governador do Paraná, Beto Richa, comentou a decisão nas redes sociais. “Não imaginava o contrário, apesar dos percalços enfrentados e que estão sendo vencidos”, escreveu, lembrando que a cidade é a terceira em número de pedidos de ingresso para a Copa.

“Isso mostra o interesse das pessoas em conhecer a nossa capital, que já é uma referência internacional, e o Paraná, que tem muitos atrativos para mostrar ao país e ao mundo”, assinalou Richa.

Obras a todo vapor

No anúncio em que confirmou a manutenção de Curitiba como sede, no entanto, Valcke aproveitou para dar um puxão de orelha na cidade. "Nós estávamos muito insatisfeitos com o andamento do estádio. A obra agora andou muito, mas só porque nós pressionamos e colocamos nossa equipe no local", disse o francês. "Toda a gestão da construção será monitorada por nós."

Agora a cidade precisa correr para finalizar a Arena da Baixada até 15 de maio. A obra está no estágio final, com 90% do estádio concluído. Ainda faltam a instalação total das cadeiras, a conclusão dos acabamentos nos vestiários, lanchonetes e lojas, além da parte elétrica, de transmissão, iluminação e de pontos de tecnologia de informação.

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke: "Construção será monitorada por nós"Foto: picture alliance / AP Photo

A última pendência para a conclusão das obras é a liberação, que deve acontecer em breve, do empréstimo de 65 milhões de reais pelo BNDES.

Além do estádio, Curitiba tem também que correr contra o tempo para finalizar até maio todas as sete obras de mobilidade urbana prometidas, que também estão todas atrasadas. Segundo Reginaldo Cordeiro, secretário municipal da Copa do Mundo, a obra mais crítica é a reforma no terminal de ônibus no bairro Santa Cândida.

“É uma obra importante para a cidade e para região metropolitana como legado, mas ela não está diretamente no eixo de necessidade para a Copa do Mundo, então essa obra está mais lenta que as outras”, justificou em entrevista à DW Brasil.

Cidade quase modelo

Curitiba construiu ao longo de sua história a imagem de cidade modelo no Brasil. Investimentos em urbanismo transformaram a capital do Paraná em uma das metrópoles mais planejadas e organizadas do país. Seu sistema de transporte diferenciado, com estações tubo, foi copiado em diversos países do mundo.

Essa imagem construída ao longo de muitos anos correu o risco de ser severamente arranhada em poucos minutos, caso a Fifa tivesse optado pela exclusão de Curitiba da Copa.

Valcke faz visita ao estádio Beira-RioFoto: picture alliance / AP Photo

“Uma eventual saída da cidade como sede da Copa teria efeito desastroso para o principal atrativo da cidade, ou seja, sua eficiência e criatividade na solução dos problemas urbanos”, opina Carlos Hardt, professor de Arquitetura e Urbanismo da PUC-PR.

O professor de engenharia civil da Universidade Federal do Paraná Mauro Lacerda também acredita que o principal impacto de uma decisão negativa da Fifa seria no turismo.

“Evidentemente há sempre um desgaste do ponto de vista do marketing turístico, para o país e para o estado. Mas o setor do comércio, entre eles restaurante e hotéis, iriam sofrer bastante”, reforça.

Além do abalo na imagem da cidade, com a exclusão a capital do Paraná teria que assumir os prejuízos das obras exigidas pela Fifa. Teria, também, que arcar com uma multa, estipulada no contrato assinado com a entidade máxima do futebol.

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