Dívida alemã bate recorde histórico
13 de outubro de 2003O ministro alemão das Finanças, Hans Eichel, enfrenta dificuldades cada vez maiores. A conjuntura demora a se recuperar, os cofres estão vazios, em conseqüência da queda na arrecadação dos impostos e do aumento de despesas, sobretudo com o financiamento do desemprego em massa. Nesse meio tempo, o outrora poderoso ministro perdeu influência e não consegue mais impor maior disciplina no orçamento.
Eichel perdeu agora mesmo uma prova de força para a sua colega da pasta da Saúde, Ulla Schmidt (ambos social-democratas). Um pacote de medidas de contenção de despesas foi amarrado com dois bilhões de euros a mais do que o planejado, porque a ministra não permitiu as que tentativas de equilibrar o orçamento atingissem diretamente os aposentados.
Falhou a meta
do ministro de manter a contribuição para a previdência em 19,5% e estabilizar os custos dos salários. Pelo plano de Eichel, o próximo reajuste das aposentadorias seria protelado por um ano e meio, o fundo de reservas da aposentadoria reduzido e o pagamento dos novos aposentados passaria a ser no fim do mês. Atualmente é no início.O fundo de aposentadoria já conta, em 2003, com um déficit de nove bilhões de euros. A coalizão de governo social-democrata (SPD) e Verde encontra-se dividida em relação ao plano de contenção de despesas. Uns ministros apóiam Hans Eichel e outros, Ulla Schmidt. A coalizão vai debater novamente a questão no próximo domingo (19). Quatro dias depois, deverá ser apresentado o orçamento suplementar para 2003, urgentemente necessário.
Confrontados com os mesmos problemas
e desafios, o chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, e o presidente da França, Jacques Chirac, encontraram-se domingo (12), em Paris, pela sexta vez em apenas cinco semanas. Os dois políticos mostraram determinação para combater o déficit orçamentário de seus países, que formam o carro-chefe da União Européia. Chirac admitiu que o endividamento francês é excessivo, mas advertiu, ao mesmo tempo, no sentido de as medidas de contenção não ameaçarem a recuperação conjuntural.Schröder, por sua vez, mostrou-se otimista com a possibilidade de a Alemanha e a França escaparem de sanções da Comissão Européia por violação do pacto de estabilidade. Por interesse próprio, segundo ele, tanto a Comissão Européia quanto os parceiros na UE devem ter interesse em que as economias alemã e francesa cresçam, porque o crescimento dos dois países é altamente decisivo para a conjuntura de toda a Europa.
O chefe de governo ressaltou que o pacto de estabilidade tem de ser interpretado com flexibilidade e que neste aspecto estaria seguindo o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi. De fato, Prodi defendeu, há tempos, uma flexibilização do pacto de estabilidade. Os detalhes para isto, segundo Schröder, serão discutidos com a Comissão Européia. Antes do encontro de Schröder e Chirac, o comissário de assuntos monetários, Jacques Solbes, também havia dito que a UE está disposta a conceder um ano mais do que o previsto no pacto para a combater o seu déficit orçamentário e só depois poderiam ser impostas sanções.
A Alemanha é a maior economia da UE e seu déficit, equivalente a 3,8% do Produto Interno bruto (PIB) é uma clara violação do pacto, que estabelece 3% como limite. A França é a segunda economia e violou igualmente o pacto.