1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Despalavra do ano

17 de janeiro de 2012

Termo usado para designar uma série de assassinatos de imigrantes foi considerado discriminatório pelo júri. Especialistas saudaram a escolha.

Como já é tradição nesta época do ano na Alemanha, um júri de especialistas anunciou nesta terça-feira (17/01) a "despalavra do ano", termo usado para designar uma palavra ou expressão amplamente utilizada e especialmente infeliz na sua construção ou significado.

A escolhida pelos seis jurados foi Döner-Morde, termo amplamente utilizado na imprensa alemã para se referir a uma série de assassinatos de estrangeiros – oito turcos e um grego – cometidos por um grupo de neonazistas. A maioria das vítimas era dona de um mercado, quiosque ou lanchonete.

Em português, a tradução literal seria "assassinatos dos kebabs". Döner kebab é o nome pelo qual é conhecido na Alemanha o kebab, um tradicional lanche rápido que no país é vendido em quiosques geralmente comandados por turcos ou descendentes. Morde é o plural de Mord, palavra em alemão para assassinato ou homicídio.

A palavra já vinha sendo utilizada há vários anos, mas apenas em 2011 foi indicada para concorrer ao "prêmio". A série de assassinatos ocorreu entre 2000 e 2006, mas apenas no ano passado as investigações levaram a três suspeitos neonazistas de terem cometidos os crimes e o caso ganhou nova repercussão na mídia.

Na avaliação do júri, o conceito representa de forma exemplar a ignorância das autoridades sobre a dimensão política dos assassinatos. As vítimas, reduzidas ao nome de um lanche, foram discriminadas em larga escala e toda uma parcela da população foi segregada devido às suas origens, afirmou o júri ao justificar a escolha.

Especialistas saudaram a decisão. "Não foram assassinados kebabs, mas pessoas", lembrou o diretor da Fundação Centro de Estudos da Turquia, Haci-Halil Uslucan. Para o diretor do Instituto da Língua Alemã, Ludwig M. Eichinger, o conceito expressa um certo desdém pelas vítimas. Já o presidente da Academia Alemã de Língua e Poesia, Heinrich Detering, disse ver um teor racista no termo.

AS/dpa/dapd
Revisão: Mariana Santos

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque