Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico homenageia pesquisador e professor por seus estudos sobre os laços da família dos escritores Thomas e Heinrich Mann com o Brasil.
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O germanista Paulo Astor Soethe foi premiado com o Prêmio Jacob e Wilhelm Grimm, anunciou nesta quarta-feira (12/08) o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). Segundo a instituição, o brasileiro recebe a homenagem por ter se destacado como um grande pesquisador do trabalho dos escritores Thomas e Heinrich Mann.
"Receber o prêmio Jacob e Wilhelm Grimm do DAAD é uma satisfação muito grande porque, como primeiro latino-americano agraciado, posso partilhá-la de imediato com os inúmeros colegas, amigas e amigos de nosso continente: a germanística praticada em nossas diversas universidades, sob as várias formas que ela assume, é que recebe o reconhecimento científico e cultural por essa concessão generosa feita à minha pessoa", declarou Soethe à DW Brasil.
O prêmio tem uma dotação de 10 mil euros e inclui uma estada para pesquisas na Alemanha. Com dele, a instituição alemã homenageia anualmente pesquisadores estrangeiros que se dedicam especialmente à cooperação internacional nas áreas de literatura alemã e ensino da língua alemã para estrangeiros. O segundo prêmio, de 3 mil euros, ficou com o germanista queniano James L. Ikobwa Meja.
Paulo Soethe é desde 1992 professor de língua e literatura alemã na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Entre suas principais contribuições está a pesquisa da história familiar de Thomas e Heinrich Mann. A mãe dos escritores, Julia Mann, era brasileira.
Soethe é um dos autores do livro Terra Mátria, que aborda as ligações da família Mann com o Brasil, e escreveu sua tese de doutorado sobre A Montanha Mágica, de Thomas Mann.
Soethe também participa do projeto de pesquisa archiv.br, em cooperação com o Arquivo Alemão de Literatura, em Marbach, que visa estudar a influência dos migrantes alemães na sociedade civil brasileira.
A cerimômia de premiação será em 25 de agosto em Xangai, durante o Congresso da Associação Internacional de Germanística.
MD/epd/efe
Thomas Mann e as artes plásticas
Escritor alemão foi um apaixonado pelas artes plásticas. Exposição dupla em Lübeck mostra esse lado do autor, que mais tarde se tornou, ele mesmo, um objeto artístico.
Foto: Wien Museum
Escritor e amante da arte
Ele é um dos mais conhecidos escritores alemães do século passado: o Prêmio Nobel de Literatura Thomas Mann (1875-1955). Ele era também um amante da arte, que gostava de ir a exposições e era amigo de artistas e conhecedores de arte. As artes plásticas o inspiraram e influenciaram sua obra literária. Max Oppenheimer o retratou em 1926.
Foto: Wien Museum
Admirador da arte moderna
Thomas Mann era entusiasmado principalmente pela arte moderna. Ele acompanhava atentamente o que produziam artistas como Hans Thoma, Ludwig von Hofmann, Arnold Böcklin, Max Liebermann, Max Oppenheimer, Oskar Kokoschka e Emil Nolde. Este último pintou o quadro "Entrada em Jerusalém" (1915), aqui mostrado.
Foto: Keystone/Thomas-Mann-Archiv/Atelier Kesten
Promotor de artistas
O escritor não só admirava com prazer o trabalho dos pintores, ele também buscou contato com artistas contemporâneos. Ele os promovia, dedicando a eles seus ensaios. Mann escreveu um prefácio para publicações do gravador Frans Masereel, cuja xilogravura "Autorretrato" (1926) pode ser vista aqui. As obras do fotógrafo Albert Renger-Patzsch também eram homenageadas nas críticas do autor.
Foto: Museum Behnhaus Drägerhaus,VG Bild-Kunst,Bonn 2014
Ensaios sobre arte e sociedade
O grande romancista escreveu muitos tratados sobre arte, artistas (como Ernst Barlach, que criou em 1907 a "Mendiga russa I") e o papel da arte na sociedade. Ele também era fascinado pela arte de outras eras. Mann se ocupou, por exemplo, com os artistas do Renascimento Michelangelo e Albrecht Dürer.
Foto: Museum Behnhaus Drägerhaus
Uma aura especial
Obras de arte, especialmente originais, exerciam atração especial sobre o escritor. Isso valia para a pintura a óleo "Die Quelle" (A fonte, de 1913) de Ludwig von Hofmann, que Mann comprou em 1914 e pendurou em seu escritório. Outros trabalhos de Hofmann influenciaram o autor de forma decisiva, sobretudo durante a produção de seu romance "A Montanha Mágica".
A pintura "Kinderkarneval" (Carnaval de crianças, de 1888/89), do pintor Friedrich August Kaulbach, foi muito famosa em sua época. Foi reproduzida em diversas revistas e podia ser encontrada em guardanapos e louças. Thomas Mann também conhecia e amava o quadro. Somente mais tarde, soube que ele retrata sua futura mulher, Katia Pringsheim, e os irmãos dela.
Foto: Privatbesitz
Obras de arte como inspiração
Frequentemente Mann usava a arte para representar literariamente figuras, situações ou ambientes. Em "Buddenbrooks", ele descreve o mirante Brodtener Seetempel, onde Tony Buddenbrooks se encontra com Morten. O lugar realmente existiu, mas foi destruído em 1872 por uma tempestade. Mann se orientou por uma litografia de um artista desconhecido, produzida por volta do ano 1870.
Foto: unbek. Künstler um 1870
"Não pode ser tão ruim assim"
Em 1900, Mann viu durante a exposição da Secessão de Munique a pintura "Das Herz" (o coração), de Martin Brandenburg. Então, escreveu a seu amigo historiador de arte Paul Ehrenberg: "O quadro me impressionou muito, o que significa que ele provavelmente não custa cinco tostões sequer. Mas ele não pode ser tão ruim assim." Hoje, o quadro está desaparecido.
Foto: Abgebildet in:„Die weite Welt“Nr.14/1901
Obra de arte Thomas Mann
Mann se tornou, ele mesmo, um objeto de arte. Inúmeros retratos e caricaturas do escritor provam isso. Além disso, ainda há as ilustrações para seus textos realizadas por artistas gráficos de renome, como Alfred Kubin e Emil Preetorius. O escultor Hans Schwegerle, também nascido em Lübeck, fez em 1919 esta escultura em bronze do escritor.
Foto: Museum Behnhaus Drägerhaus
Pelos olhos do escritor
A dupla exposição "Augen auf! Thomas Mann und die bildende Kunst" (Abra os olhos! Thomas Mann e as artes visuais) pode ser visitada até 6 de janeiro de 2015 no Museu Behnhaus Drägerhaus e na Buddenbrookhaus, em Lübeck. A mostra apresenta obras de arte que Thomas Mann conhecia e apreciava, além de ilustrações feitas para seus textos.