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Daimler e VW lançam modelos de luxo no Salão de Genebra

Augusto Valente5 de março de 2002

O luxo tem dois nomes: Maybach (preço mínimo: 300 mil euros) e Phaeton (56 mil euros). Embora os tempos sejam de vacas magras para extravagâncias automobilísticas.

Maybach: tradição e modernidadeFoto: Mercedes-Benz

Ao som de uma orquestra de violoncelos, a DaimlerChrysler ressuscitou, no Salão do Automóvel de Genebra, uma marca histórica: o Maybach, combinação perfeita da mais moderna técnica automobilística com a melhor tradição germânica. Como num filme de suspense, a criatura apresentou-se ainda envolvida em névoa, por trás de espesso vidro fumé: sua estréia oficial ainda terá que esperar alguns meses.

Mesmo assim, o que se ouve e se vê já impressiona: na versão básica, o veículo de 5,5 metros custará a bagatela de 300 mil euros, mais do que um Rolls Royce. Daí em diante, o céu é o limite: tudo o que o cliente mandar será instalado. As ambições da DaimlerChrysler são consideráveis: ela pretende produzir, por ano, mil exemplares do Maybach. Um número elevadíssimo, considerando estatísticas, segundo as quais o mercado mundial para automóveis desta categoria, que inclui também o Bentley, não ultrapassa os 2500 compradores, tendência decrescente. Segundo o presidente da montadora, Jürgen Schrempp, seus principais mercados-alvo são o Oriente Médio, Ásia e parte da América do Norte.

Um nome com pedigree

O nome da nova limusine de luxo relembra o engenheiro Wilhelm Maybach (1846-1929), que projetou o primeiro Mercedes, em 1901. Mais tarde, construiu, juntamente com seu filho Karl, os motores para o lendário dirigível Zeppelin. De 1921 a 1941, os Maybach produziram 1800 automóveis de luxo, considerados o ápice da arte automobilística alemã. Entre seus clientes encontravam-se não só astros como Enrico Caruso e Marlene Dietrich, numerosos reis e marajás, mas também os empresários Robert Bosch e Werner von Siemens.

O primo pobre

Em escala muito mais modesta, a Volkswagen também anunciou para o Salão do de Genebra sua limusine, denominada Phaeton. Lançá-la é uma decisão ousada, pois o número de clientes para esta faixa de preço também tende a reduzir-se em todo o mundo. Isto se faz sentir entre os concorrentes – Mercedes Benz Classe S, BMW Série 7, Jaguar ou Audi A8 – e a VW não dispõe da tradição destas marcas na categoria luxo. De todos, o mercado alemão é o mais temeroso, tendo se retraído em quase 16%.

Apesar disso, o atual presidente, Ferdinand Piëch, irradia otimismo: o novo Phaeton deverá entrar no mercado ainda este ano e garantir à montadora um lugar ao sol no mundo do luxo automobilístico. Ele espera que a limusine irradie uma aura de distinção para toda a empresa, polindo sua imagem até à altura de uma Mercedes ou BMW.

O sucessor de Piëch, Bernd Pichetsrieder, concorda plenamente: o sucesso do Phaeton não se fará medir pelo volume de vendas, mas sim pelo número de clientes satisfeitos e por seu efeito "didático" sobre toda a organização. "Um produto de estilo melhora sensivelmente o esquema de produção e distribuição", explicou em Genebra. A produção inicial deverá ser de 20 mil unidades por ano, com preços a partir de 56 mil euros.

Cartas ruins –

Willi Diez, professor do Instituto de Economia Automobilística adverte a Volkswagen contra o falso otimismo: "As limusines da classe superior vêm perdendo aquela função modelar que ocupavam há décadas no mercado." Antes, elas eram os veículos favoritos dos homens de negócios. Porém, as empresas modificaram seu "código de vestuário automobilístico", adverte o estudioso. A nova palavra de ordem é cortar gastos, e um alto empresário já se dá por satisfeito com uma BMW 3 ou com um Mercedes Classe C.

Enfim, sobra muito pouco espaço no mercado para o Phaeton. E, para completar, a limusine terá que lutar contra um preconceito lingüístico: a Associação dos Comerciantes de Automóveis dos Estados Unidos já condenou o nome grego sumariamente como "inaceitável". Segundo sua experiência, "Phaeton" deixará os consumidores norte-americanos totalmente indiferentes.

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