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Dalai Lama

10 de março de 2011

China interpreta decisão de líder tibetano como manobra política para iludir a comunidade internacional. Líder quer manter apenas sua função religiosa. Entidade alemã classifica decisão como "sábia".

Líder tibetano quer continuar apenas com atividades religiosasFoto: DW

O líder Dalai Lama, de 75 anos, quer renunciar a suas responsabilidades políticas à frente do governo tibetano no exílio. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (09/03), dia da celebração dos 52 anos da revolução contra o domínio chinês no Tibete. Ele expressou, porém, o desejo de continuar suas atividades como líder religioso e prosseguir defendendo a causa do Tibete.

O Dalai Lama, que atua como uma espécie de "Chefe de Estado", quer transferir esta atribuição a um representante eleito de forma democrática. "Desde os anos 1960, eu reitero que o Tibete precisa de um líder eleito pelo povo de forma livre, ao qual eu possa transferir o poder", escreve Dalai Lama em sua página na internet.

Em sua reunião a partir da próxima segunda-feira (14/03), o Parlamento no exílio, instalado em Dharamsala, no norte da Índia, deve votar as mudanças constitucionais necessárias. A competência política do Dalai Lama poderá ser transferida ao Parlamento ou a um líder eleito democraticamente.

Entre os poderes especiais do Dalai Lama está a convocação de sessões extraordinárias do Parlamento ou a nomeação direta de um dos 12 membros do comitê que se reúne entre as sessões parlamentares. Estima-se em seis milhões o número de tibetanos em todo o mundo.

Forte repressão policial a protestos no Tibete em 2008Foto: AP

"O que ele diz, não conta"

A Iniciativa Alemã para o Tibete, a mais antiga organização política tibetana na Alemanha, avalia que a renúncia do líder foi sábia porque pode provocar uma mudança de postura do governo chinês, que considera o Dalai Lama apenas um líder religioso separatista. "Poderemos ver se o governo chinês quer negociar com um governo de exílio eleito democraticamente", considera o presidente da organização, Wolfgang Grader.

O governo chinês vê a renúncia de Dalai Lama aos seus poderes políticos com ceticismo e a qualifica de manobra para iludir a comunidade internacional. "O Dalai Lama busca, com subterfúgios religiosos, a independência do Tibete", disse a porta-voz do ministro do Exterior, Jiang Yu, classificando o governo exilado de organização ilegal que ninguém reconhece.

Porta-voz do Ministério do Exterior da China, Jiang Yu, diz que renúncia é truqueFoto: picture-alliance/dpa

"O que ele diz, não conta", disse o chefe do governo chinês no Tibete, Padma Cholig, que mantém, há uma semana, a proibição de visitas de estrangeiros à região. Nesta quinta-feira não é lembrado somente o levante da década de 50, mas também as manifestações reprimidas com extrema violência em 2008.

Prováveis sucessores

Existem três nomes fortes para suceder às funções políticas do Dalai Lama, caso sua renúncia seja aceita pelos 46 membros do Parlamento tibetano no exílio. São personagens de perfil secular, e não religioso. Lobsang Sangay, pesquisador da Escola de Direito de Harvard, tem uma pequena vantagem, por já ter vencido as eleições prévias realizadas em outubro.

Outro nome de notoriedade é Tenzin Tethong, ex-representante de Dalai Lama em Nova York e Washington. O terceiro, Tashi Wangdi, ocupou diversas funções no governo tibetano no exílio. A primeira eleição democrática para o cargo de primeiro-ministro foi realizada em 2001, com a escolha do monge Samdhong Rinpoche, reeleito para um segundo mandato.

Em Katmandu, no Nepal, a polícia conteve nesta quinta-feira manifestações de centenas de tibetanos exilados no país, que lembravam os 52 anos da revolta dos tibetanos contra os chineses, que invadiram o país em 1950. Manifestantes, incluindo monges e estudantes, foram contidos à força pela polícia local em templos budistas e em área próxima à embaixada da China.

MP/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer

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