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Dança de salão vira moda entre adolescentes alemães

Jennifer Abramsohn (mr)21 de maio de 2006

Para muitos jovens alemães, fazer festa não significa mais necessariamente ir a uma boate. Cada vez mais adolescentes se interessam por um passatempo que antes era associado à geração de seus avós: a dança de salão.

Adolescentes retomam o costume da dança a doisFoto: PA/dpa

Se o pulso da cultura popular se reflete na juventude, o coração alemão bate ao ritmo de rumba, chá-chá-chá, foxtrot e valsa.

Mia Hinrichs, uma estudante de 15 anos de Colônia, cujas paixões incluem futebol e o seriado de tevê Gilmore Girls, freqüenta as aulas de dança de salão há um ano, desde que um amigo lhe pediu que o acompanhasse. A adolescente confessa que pensou duas vezes antes de aceitar o convite. Mas, desde então, muitos amigos de Mia aderiram à atividade e ela pretende continuar aprendendo.

Ter aulas de dança de salão era um rito de passagem inevitável para jovens das classes média e alta na Alemanha, uma ferramenta necessária para eventos sociais, como casamentos. A demanda diminuiu nas décadas de 80 e 90.

Tendência hip

Cena de 'Vem dançar comigo', de 1992

Recentemente, o professor de dança de Hamburgo Jan Giesel afirmou à revista Stern que o "ponto mais baixo se deu em 1996... Nada era menos legal do que duas pessoas dançando". Muitas escolas de dança não sobreviveram a essas décadas; as que superaram essa fase o conseguiram com aulas de hip hop e aeróbica.

Agora a modalidade está de volta. A Associação Alemã de Escolas de Dança (ADTV) registrou um aumento de 10% na procura por escolas de dança em todo o país, entre 2004 e 2005, e a porta-voz da entidade diz esperar um crescimento similar para o ano de 2006.

"Eu achava dança de salão uma coisa brega, mas hoje penso que virou hip", diz Thomas Eck, estudante de 15 anos que freqüenta aulas de dança há um ano em Colônia.

"No início, nós éramos seis pessoas. Agora, existem no mínimo 30 pessoas da minha escola que fazem aula de dança, em diferentes níveis", diz Eck. "Virou uma coisa popular. Não são mais só os 'esquisitões' que participam."

A influência dos reality shows

Dança ajuda crianças em Nova York

A popularidade da dança anda de mãos dadas com o surgimento repentino do assunto na telinha e na telona. Filmes recentes, como Vem dançar comigo, Dança comigo? e Mad Hot Ballroom despertam o interesse do jovem. O último, um documentário, aborda um programa social para crianças desprivilegiadas de Nova York, que usa a dança de salão para ensinar habilidades sociais.

Desde abril passado, tem sido exibido na Alemanha o reality show para televisão chamado Let's dance. Baseado na popular versão britânica Strictly come dancing e na igualmente bem-sucedida americana Dancing with the stars, Let's Dance junta celebridades a profissionais de dança de salão.

Os pares se apresentam em uma competição, mostrando suas habilidades no foxtrot, paso dobles ou rumba para um júri profissional e telespectadores em casa, que também podem votar. O programa continua até que só um casal permaneça e ganhe a competição.

Let's dance alcança índices de audiências de até 20%, e os números são ainda maiores entre pessoas de 19 a 39 anos, segundo o grupo de marketing Quotameter.

Jennifer Lopez, em 'Dança comigo?', de 2004Foto: Buena Vista International

A ADTV aponta que outro motivo para o crescimento do interesse dos jovens é que as próprias escolas mudaram seu perfil. Já se foi o tempo das velhas instituições empoeiradas, que não davam conta de ensinar classes inteiras de pré-adolescentes ansiosos por sua primeira dança formal. Hoje, as escolas se preocupam em atualizar seu repertório musical e oferecem um leque de atividades diversas, desde dança de videoclip até turmas unissex para casais gays.

"As escolas perceberam que precisavam fazer mais para manter seus clientes. Agora elas parecem clubes: organizam festas, têm noites para jovens e oferecem workshops, levam os grupos para assistir a musicais", diz Kurz da ADTV.

Etiqueta e graça

Outros analistas associam a tendência ao interesse renovado por valores tradicionais, como polidez e cortesia. As crianças de hoje querem segurança, e a dança, com seus salões, encaixa-se nesta demanda.

Cortesia e polidez preparam para os desafios profissionaisFoto: PA/dpa

A ADTV iniciou um programa que incentiva seus membros a irem além do ensino da dança, a entrarem no mundo da etiqueta. Eles vêem as escolas de dança como o lugar perfeito para as crianças aprenderem a se apresentar ao mundo. "Regras de etiqueta são legais e te livram de ficar estressado", diz a página da associação na internet.

Hans Georg Steinig, coordenador da escola de dança Breuer, em Colônia, concorda: "Meus alunos estão sendo preparados para a vida. Eles estarão prontos para enfrentar uma entrevista de emprego, eles aprendem como se apresentar".

Para Steinig, ensinar dança é uma questão de competência social. "Os alunos têm que trocar de parceiros e todos são aceitos, tolerados, sem julgamentos. As aulas terminam com aplausos e os jovens precisam se olhar nos olhos."

"Eu ensino aos meus alunos que eles não estão aqui só para fazer bonito na pista de dança. Eles dançam para eles e para seus parceiros. Aprender os passos é a melhor forma de sentir a música", diz Steinig.

Thomas Eck concorda: "No início, é um pouco chato ficar aprendendo os passos. Mas quando você percebe que está melhorando, as coisas mudam de figura e você aprende a se movimentar no ritmo da música. É uma sensação muito boa".

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